As contribuições da psicologia analítica para a compreensão da drogadição

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Letícia Moreira
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP
Texto Completo: https://repositorio.pucsp.br/jspui/handle/handle/28821
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir o fenômeno da drogadição na perspectiva da Psicologia Analítica. Trata-se de um exercício de reflexão teórica, desenvolvido a partir de pesquisas e leituras de artigos e livros teóricos de autores junguianos que discutem a drogadição e o uso de drogas. Entre as conclusões resultantes das reflexões realizadas, vemos que o uso de drogas pode ser feito com dois objetivos: obter prazer e aliviar um sofrimento causado por uma situação insuportável. Portanto, nas drogadições, a droga tem a função de proteger o indivíduo de cair num vazio insuportável. Assim, de um modo geral, parece que podemos pensar que os indivíduos que se tornam drogaditos são aqueles que não conseguem aceitar e lidar com a vida, e com todas as frustrações e contrastes que fazem parte dela, e não são capazes de enfrentar o mundo, suportar adversidades e lidar com conflitos. De fato, nas formas mais atuais de compreender as toxicomanias, a substância deixa de ser a única responsável pelo fenômeno, e a dinâmica do indivíduo passa a ser considerada como necessária para que a dependência se estabeleça. A dependência não aparece subitamente na vida do indivíduo: ela tem precedentes na infância. Nos drogaditos, é possível perceber uma falha relacionada às primeiras relações destes com o mundo, às suas relações com pai e mãe, relações responsáveis por sua capacidade de se adaptar à sociedade. Quando as primeiras relações do indivíduo com o mundo dificultaram uma estruturação egóica adequada, pode-se pensar que a drogadição está relacionada à uma busca desesperada pela sensação de totalidade, negada pela frustração daquelas primeiras experiências. Assim, o modelo inconsciente que está por trás do consumo de drogas se expressa através de impulsos regressivos. O tema mítico de Paraíso Perdido parece o mais adequado para se referir a este processo. A busca pelo Paraíso Perdido tem a ver com o desejo de transcender a situação atual em favor de algo sagrado, mas não através da renúncia, e sim através da restauração e da sacralização de um bem-estar fantasiado ou vivenciado durante a primeira infância, semelhante ao movimento da síndrome consumista ou obsessiva. Desta forma, a instauração da dependência também estaria relacionada não apenas ao hábito de determinada substância, mas principalmente à busca pela transcendência, o que, no caso das drogadições, se dá através de um padrão maníaco
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