Table of Contents | Editorial
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Galáxia (São Paulo) |
Texto Completo: | https://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/view/1311 |
Resumo: | Uma proposta investigativa com vistas à constituição de epistemologias de uma esfera do conhecimento, para garantir um mínimo de coerência, não pode dispensar, como pressuposto elementar, o amadurecimento. Nenhuma epistemologia se constitui sem processamento da maturidade. Afinal de contas, não é apenas a abrangência teórico-conceitual que está em jogo. Metodologias para a formulação de encaminhamentos capazes de explicitar a lógica das descobertas científicas (como queria Karl Popper); constituição de corpos temáticos definidores de configurações do saber (como insistiu Michel Foucault); construções de uma consciência crítica sobre os próprios métodos que aferem a adequação do saber ao objeto - eis as linhas de força através das quais se manifestam, direta ou indiretamente, as questões epistemológicas. Ao começar a abrigar discussões dessa natureza, nesse seu quinto número, Galáxia mostra como tem transitado também para uma fase de maturidade de sua proposta editorial. Entrando no seu terceiro ano de existência, Galáxia busca introduzir algumas formulações para se pensar a episteme da comunicação e da semiótica através dos dois ensaios publicados no seu fórum. Sem perder o fôlego em nenhum momento, José Luiz Fiorin apresenta e discute o projeto hjelmsleviano sobre a linguagem, o que cai como uma luva para se pensar a epistemologia semiótica no campo da comunicação lingüística. Guiandose pela idéia de que é impossível tratar de "um projeto científico fora do espaço discursivo em que se constitui", Fiorin deixa claro que nenhum conhecimento se constitui a partir do desmonte de teorias anteriores, mas sim a partir do diálogo. Com isso, abriu-nos a possibilidade de pensar sobre a contribuição que a retomada de conceitos oriundos da abordagem lingüística pode dar à compreensão diversos objetos do campo comunicacional: não a lingüística voltada para aquilo que é exterior à linguagem, mas a lingüística cujo "foco principal é da ordem do processo". Se, no ensaio de Fiorin, essa é a porta de entrada para esmiuçar a teoria da linguagem de Hjelmslev, no fórum de Galáxia, tal noção é a contribuição para se pensar a epistemologia da semiose da comunicação extraposta ao lingüístico. Para isso temos o aval do mestre e da maturidade da própria investigação lingüística que já passa de um século: "O objeto da teoria da linguagem é não somente a língua natural, mas toda e qualquer semiótica, ou seja, todo e qualquer objeto signi- ficante. A língua natural é apenas um caso particular desse objeto mais geral". É com Luiz Cláudio Martino que enfrentamos a discussão de natureza epistemológica no campo próprio da comunicação: em seu ensaio, ele discorre sobre a dificuldade de as teorias da comunicação fixarem minimamente os fundamentos dessa investigação. Não que o campo careça de publicações. Pelo contrário: "Ao problema da quantidade de publicações se sobrepõe o da qualidade da reflexão". Sua análise destaca, então, o próprio cepticismo que ronda os estudos na área. Porque entende que nenhuma epistemologia possa prescindir de encaminhamentos crítico-metodológicos, as demais seções da revista reúnem trabalhos de análise dentro do rigor crítico consolidado no interior de cada abordagem. Elisa de Sousa Martinez investiga duas exposições diferentes da obra do artista Cildo Meireles e mostra como "o significado da obra de arte é construído na relação que esta estabelece com o contexto em que é exposta e com as obras com as quais constitui um percurso perceptivo, sensível e cognitivo". Mayra Rodrigues Gomes escolheu programas de televisão para operar com conceitos "palavra de ordem e dispositivo disciplinar formulados, respectivamente, por Deleuze e Foucault". Norma Discini busca compreender o "modo de presença da enunciação" em jornais de grande circulação. Wilton Garcia discute a escritura fílmica de O livro de cabeceira, de Peter Greenway, a partir da intertextualidade. Oscar Steimberg investe no exercício intersemiótico do desenho animado impresso e televisual. Fechando a seção, Floyd Merrell envereda pelo exercício crítico-teórico analisando o conceito de semiosfera, formulado pelo semioticista russo Iúri Lótman em 1984, no contexto da obra de Charles S. Peirce. Para fazer valer a idéia de que o processo é, de fato, a episteme privilegiada da comunicação, a seção Diálogo reproduz o debate realizado por um grupo de artistas das novas mídias que experimentam o processo de transmutação da linguagem videográfica face aos recursos da tecnologia digital. Complementando essa discussão, a entrevista realizada também com artistas da mídia mostra como a arte tornou- se lugar de atravessamentos críticos de códigos e linguagens. Na seção de Projeto, apresentamos a experiência transformadora do uso da fonte gráfica Delta como "um sistema que se atualiza, se modifica, se regenera a cada uso. Delta é uma experiência tipográfica sobre a transformação da linguagem". Também a capa dessa edição de Galáxia reproduz uma intervenção em fontes gráficas. Trata-se do trabalho que Giselle Beigelman vem desenvolvendo na série de poemas visuais reunidos sob o nome de Poétrica "com fontes não-fonéticas (dings e fontes de sistema) que resultam em significados imagéticos independentes de sua textualidade, invertendo os pressupostos concretistas, desfazendo os laços verbais e visuais, pela combinação de fontes e números, linguagens e códigos, que investigam e exploram a interconexão de redes e suportes". A seção de resenhas deste número não se limita a livros: CD de música também foi alvo de interesse. O cinema do russo Aleksándr Sokúrov, a revista em quadrinhos Chiclete com Banana, telenovelas, a música de Caetano Veloso e Jorge Mautner, metáforas, arte & ciência e a consciência são os assuntos dos livros e CDs resenhados. Jornalismo científico, semiótica computacional, semiótica peirceana são os temas dos eventos noticiados em nossa última seção. Espera-se que, com o leque dos temas, alinhavados dentro da coerência do projeto editorial a partir do qual Galáxia foi concebida, possa ser apreciado pelos leitores da área de modo que a publicação possa experimentar, a cada edição, o longo caminho da maturidade. Com isso, espera-se, igualmente, que a revista continue merecedora dos títulos e incentivos conquistados em 2002: o conceito A Nacional, atribuído pelo Quali-CAPES, sistema de avaliação de periódicos da CAPES, e o apoio financeiro do CNPq. Evidentemente, Galáxia deve o mérito dessas conquistas a todos os seus colaboradores, ao conselho científico, à equipe editorial e de produção gráfica e, particularmente, aos coordenadores do PEPG em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, que disponibilizaram a verba para a publicação dos quatro primeiros números. A todos, muito obrigada! Irene Machado Editora Científica |
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Ao começar a abrigar discussões dessa natureza, nesse seu quinto número, Galáxia mostra como tem transitado também para uma fase de maturidade de sua proposta editorial. Entrando no seu terceiro ano de existência, Galáxia busca introduzir algumas formulações para se pensar a episteme da comunicação e da semiótica através dos dois ensaios publicados no seu fórum. Sem perder o fôlego em nenhum momento, José Luiz Fiorin apresenta e discute o projeto hjelmsleviano sobre a linguagem, o que cai como uma luva para se pensar a epistemologia semiótica no campo da comunicação lingüística. Guiandose pela idéia de que é impossível tratar de "um projeto científico fora do espaço discursivo em que se constitui", Fiorin deixa claro que nenhum conhecimento se constitui a partir do desmonte de teorias anteriores, mas sim a partir do diálogo. Com isso, abriu-nos a possibilidade de pensar sobre a contribuição que a retomada de conceitos oriundos da abordagem lingüística pode dar à compreensão diversos objetos do campo comunicacional: não a lingüística voltada para aquilo que é exterior à linguagem, mas a lingüística cujo "foco principal é da ordem do processo". Se, no ensaio de Fiorin, essa é a porta de entrada para esmiuçar a teoria da linguagem de Hjelmslev, no fórum de Galáxia, tal noção é a contribuição para se pensar a epistemologia da semiose da comunicação extraposta ao lingüístico. Para isso temos o aval do mestre e da maturidade da própria investigação lingüística que já passa de um século: "O objeto da teoria da linguagem é não somente a língua natural, mas toda e qualquer semiótica, ou seja, todo e qualquer objeto signi- ficante. A língua natural é apenas um caso particular desse objeto mais geral". É com Luiz Cláudio Martino que enfrentamos a discussão de natureza epistemológica no campo próprio da comunicação: em seu ensaio, ele discorre sobre a dificuldade de as teorias da comunicação fixarem minimamente os fundamentos dessa investigação. Não que o campo careça de publicações. Pelo contrário: "Ao problema da quantidade de publicações se sobrepõe o da qualidade da reflexão". Sua análise destaca, então, o próprio cepticismo que ronda os estudos na área. Porque entende que nenhuma epistemologia possa prescindir de encaminhamentos crítico-metodológicos, as demais seções da revista reúnem trabalhos de análise dentro do rigor crítico consolidado no interior de cada abordagem. Elisa de Sousa Martinez investiga duas exposições diferentes da obra do artista Cildo Meireles e mostra como "o significado da obra de arte é construído na relação que esta estabelece com o contexto em que é exposta e com as obras com as quais constitui um percurso perceptivo, sensível e cognitivo". Mayra Rodrigues Gomes escolheu programas de televisão para operar com conceitos "palavra de ordem e dispositivo disciplinar formulados, respectivamente, por Deleuze e Foucault". Norma Discini busca compreender o "modo de presença da enunciação" em jornais de grande circulação. Wilton Garcia discute a escritura fílmica de O livro de cabeceira, de Peter Greenway, a partir da intertextualidade. Oscar Steimberg investe no exercício intersemiótico do desenho animado impresso e televisual. Fechando a seção, Floyd Merrell envereda pelo exercício crítico-teórico analisando o conceito de semiosfera, formulado pelo semioticista russo Iúri Lótman em 1984, no contexto da obra de Charles S. Peirce. Para fazer valer a idéia de que o processo é, de fato, a episteme privilegiada da comunicação, a seção Diálogo reproduz o debate realizado por um grupo de artistas das novas mídias que experimentam o processo de transmutação da linguagem videográfica face aos recursos da tecnologia digital. Complementando essa discussão, a entrevista realizada também com artistas da mídia mostra como a arte tornou- se lugar de atravessamentos críticos de códigos e linguagens. Na seção de Projeto, apresentamos a experiência transformadora do uso da fonte gráfica Delta como "um sistema que se atualiza, se modifica, se regenera a cada uso. Delta é uma experiência tipográfica sobre a transformação da linguagem". Também a capa dessa edição de Galáxia reproduz uma intervenção em fontes gráficas. Trata-se do trabalho que Giselle Beigelman vem desenvolvendo na série de poemas visuais reunidos sob o nome de Poétrica "com fontes não-fonéticas (dings e fontes de sistema) que resultam em significados imagéticos independentes de sua textualidade, invertendo os pressupostos concretistas, desfazendo os laços verbais e visuais, pela combinação de fontes e números, linguagens e códigos, que investigam e exploram a interconexão de redes e suportes". A seção de resenhas deste número não se limita a livros: CD de música também foi alvo de interesse. O cinema do russo Aleksándr Sokúrov, a revista em quadrinhos Chiclete com Banana, telenovelas, a música de Caetano Veloso e Jorge Mautner, metáforas, arte & ciência e a consciência são os assuntos dos livros e CDs resenhados. Jornalismo científico, semiótica computacional, semiótica peirceana são os temas dos eventos noticiados em nossa última seção. Espera-se que, com o leque dos temas, alinhavados dentro da coerência do projeto editorial a partir do qual Galáxia foi concebida, possa ser apreciado pelos leitores da área de modo que a publicação possa experimentar, a cada edição, o longo caminho da maturidade. Com isso, espera-se, igualmente, que a revista continue merecedora dos títulos e incentivos conquistados em 2002: o conceito A Nacional, atribuído pelo Quali-CAPES, sistema de avaliação de periódicos da CAPES, e o apoio financeiro do CNPq. Evidentemente, Galáxia deve o mérito dessas conquistas a todos os seus colaboradores, ao conselho científico, à equipe editorial e de produção gráfica e, particularmente, aos coordenadores do PEPG em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, que disponibilizaram a verba para a publicação dos quatro primeiros números. A todos, muito obrigada! Irene Machado Editora CientíficaPEPG COS-PUC-SP2007-02-22info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/view/1311Galaxia; No. 5 (2003)GALÁxIA. 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Entrando no seu terceiro ano de existência, Galáxia busca introduzir algumas formulações para se pensar a episteme da comunicação e da semiótica através dos dois ensaios publicados no seu fórum. Sem perder o fôlego em nenhum momento, José Luiz Fiorin apresenta e discute o projeto hjelmsleviano sobre a linguagem, o que cai como uma luva para se pensar a epistemologia semiótica no campo da comunicação lingüística. Guiandose pela idéia de que é impossível tratar de "um projeto científico fora do espaço discursivo em que se constitui", Fiorin deixa claro que nenhum conhecimento se constitui a partir do desmonte de teorias anteriores, mas sim a partir do diálogo. Com isso, abriu-nos a possibilidade de pensar sobre a contribuição que a retomada de conceitos oriundos da abordagem lingüística pode dar à compreensão diversos objetos do campo comunicacional: não a lingüística voltada para aquilo que é exterior à linguagem, mas a lingüística cujo "foco principal é da ordem do processo". Se, no ensaio de Fiorin, essa é a porta de entrada para esmiuçar a teoria da linguagem de Hjelmslev, no fórum de Galáxia, tal noção é a contribuição para se pensar a epistemologia da semiose da comunicação extraposta ao lingüístico. Para isso temos o aval do mestre e da maturidade da própria investigação lingüística que já passa de um século: "O objeto da teoria da linguagem é não somente a língua natural, mas toda e qualquer semiótica, ou seja, todo e qualquer objeto signi- ficante. A língua natural é apenas um caso particular desse objeto mais geral". É com Luiz Cláudio Martino que enfrentamos a discussão de natureza epistemológica no campo próprio da comunicação: em seu ensaio, ele discorre sobre a dificuldade de as teorias da comunicação fixarem minimamente os fundamentos dessa investigação. Não que o campo careça de publicações. Pelo contrário: "Ao problema da quantidade de publicações se sobrepõe o da qualidade da reflexão". Sua análise destaca, então, o próprio cepticismo que ronda os estudos na área. Porque entende que nenhuma epistemologia possa prescindir de encaminhamentos crítico-metodológicos, as demais seções da revista reúnem trabalhos de análise dentro do rigor crítico consolidado no interior de cada abordagem. Elisa de Sousa Martinez investiga duas exposições diferentes da obra do artista Cildo Meireles e mostra como "o significado da obra de arte é construído na relação que esta estabelece com o contexto em que é exposta e com as obras com as quais constitui um percurso perceptivo, sensível e cognitivo". Mayra Rodrigues Gomes escolheu programas de televisão para operar com conceitos "palavra de ordem e dispositivo disciplinar formulados, respectivamente, por Deleuze e Foucault". Norma Discini busca compreender o "modo de presença da enunciação" em jornais de grande circulação. Wilton Garcia discute a escritura fílmica de O livro de cabeceira, de Peter Greenway, a partir da intertextualidade. Oscar Steimberg investe no exercício intersemiótico do desenho animado impresso e televisual. Fechando a seção, Floyd Merrell envereda pelo exercício crítico-teórico analisando o conceito de semiosfera, formulado pelo semioticista russo Iúri Lótman em 1984, no contexto da obra de Charles S. Peirce. Para fazer valer a idéia de que o processo é, de fato, a episteme privilegiada da comunicação, a seção Diálogo reproduz o debate realizado por um grupo de artistas das novas mídias que experimentam o processo de transmutação da linguagem videográfica face aos recursos da tecnologia digital. Complementando essa discussão, a entrevista realizada também com artistas da mídia mostra como a arte tornou- se lugar de atravessamentos críticos de códigos e linguagens. Na seção de Projeto, apresentamos a experiência transformadora do uso da fonte gráfica Delta como "um sistema que se atualiza, se modifica, se regenera a cada uso. Delta é uma experiência tipográfica sobre a transformação da linguagem". Também a capa dessa edição de Galáxia reproduz uma intervenção em fontes gráficas. Trata-se do trabalho que Giselle Beigelman vem desenvolvendo na série de poemas visuais reunidos sob o nome de Poétrica "com fontes não-fonéticas (dings e fontes de sistema) que resultam em significados imagéticos independentes de sua textualidade, invertendo os pressupostos concretistas, desfazendo os laços verbais e visuais, pela combinação de fontes e números, linguagens e códigos, que investigam e exploram a interconexão de redes e suportes". A seção de resenhas deste número não se limita a livros: CD de música também foi alvo de interesse. O cinema do russo Aleksándr Sokúrov, a revista em quadrinhos Chiclete com Banana, telenovelas, a música de Caetano Veloso e Jorge Mautner, metáforas, arte & ciência e a consciência são os assuntos dos livros e CDs resenhados. Jornalismo científico, semiótica computacional, semiótica peirceana são os temas dos eventos noticiados em nossa última seção. Espera-se que, com o leque dos temas, alinhavados dentro da coerência do projeto editorial a partir do qual Galáxia foi concebida, possa ser apreciado pelos leitores da área de modo que a publicação possa experimentar, a cada edição, o longo caminho da maturidade. Com isso, espera-se, igualmente, que a revista continue merecedora dos títulos e incentivos conquistados em 2002: o conceito A Nacional, atribuído pelo Quali-CAPES, sistema de avaliação de periódicos da CAPES, e o apoio financeiro do CNPq. Evidentemente, Galáxia deve o mérito dessas conquistas a todos os seus colaboradores, ao conselho científico, à equipe editorial e de produção gráfica e, particularmente, aos coordenadores do PEPG em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, que disponibilizaram a verba para a publicação dos quatro primeiros números. A todos, muito obrigada! 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