Dinâmica populacional do cavalo-marinho hippocampus reidi no manguezal de Maracaípe, Ipojuca, Pernambuco, Brasil
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Data de Publicação: | 2005 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_RS |
Texto Completo: | http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/290 |
Resumo: | O cavalo-marinho Hippocampus reidi é um peixe ósseo, pertencente à família Syngnathidae, que habita águas litorâneas e estuarinas, de norte a sul do Brasil. Os estudos de campo foram desenvolvidos no estuário do rio Maracaípe, 8º32 14,9 S e 35º00 17,8 W, município de Ipojuca, estado de Pernambuco, região nordeste do Brasil. Os dados foram coletados através de mergulhos e observações semanais, de junho de 2001 a julho de 2003. Ao serem visualizados, os animais foram capturados com a mão e acondicionados em recipientes plásticos, com água do local, para transporte ao laboratório, onde foram realizados procedimentos de pesagem, medição da altura (medida do topo da cabeça à ponta da cauda esticada) e colocação de marcas de identificação individual que consistiram em etiquetas plásticas numeradas. Após a marcação, os espécimes foram devolvidos ao manguezal, nos mesmos pontos onde foram coletados. Os estudos de laboratório foram desenvolvidos no LABAQUAC (Laboratório de Aqüicultura Marinha), em auxílio aos estudos de dinâmica populacional realizados no manguezal. A manutenção dos cavalos-marinhos foi feita em fotoperíodo de 09L:15E e, a alimentação constou de espécimes adultos de Artemia salina, alevinos de Poecilia vivipara (guaru) e pós-larva do camarão-marinho, Penaeus vanamei, na freqüência de duas vezes ao dia. O período reprodutivo e o pico de reprodução foi estabelecido através da freqüência relativa de machos grávidos no decorrer dos meses de coleta. O tamanho da primeira maturação de H. reidi foi determinado através das freqüências absolutas e relativas de machos grávidos por intervalo de classe de comprimento. A fecundidade foi estimada através da contagem dos ovócitos desovados sem a presença do macho, enquanto que a fertilidade foi estimada pela contagem de todos os recém-nascidos da bolsa incubadora do macho. A curva de crescimento em altura para H. reidi foi feita com base nos dados de marcação e recaptura, utilizando uma Planilha de Ajuste da Função de Crescimento de von Bertalanffy. A estimativa do tamanho populacional foi elaborada através do senso visual, os animais foram contados através dos pontos, levando em consideração a largura, comprimento e profundidade de cada ponto. Hippocampus reidi, residente no estuário do rio Maracaípe, é uma espécie eurialina, distribuindo-se ao longo de uma faixa de salinidade entre 5-40 ppm, concentrando-se em pontos com salinidade média de 26 ppm. Possui atividade reprodutiva durante todo o ano, com pico reprodutivo estabelecido ente junho e outubro (inverno e parte da primavera). Ao nascer, possui 0,6 cm de altura e, desenvolve as características sexuais secundária por volta de 4,3 mese (2,4 e 5,25 meses), quando atinge alturas entre 6,7 e 11,1 cm. Alcança maturidade sexual (L50) aos 7,0 meses, com médias de 12,3 cm de altura. O menor macho receptivo apresentou 9,7 cm de altura, enquanto que o maior pregnante, 17,7 cm. As gônadas masculinas e femininas situam-se paralelas aos rins e ventral à vesícula gasosa, a fêmea possui o ovopositor, estrutura contígua com o ovário, para transferência dos ovócitos para a bolsa incubadora do macho. A fecundidade média por lote foi de 839,66 ovócitos pós-vitelogênicos, com fecundidade média para o pico reprodutivo de 8.396,60 ovócitos, caracterizando uma desova parcelada. A fertilidade média por pregnância foi de 691,4 indivíduos, estimando-se 6.914 recém-nascidos por pico reprodutivo. A corte em H. reidi foi sempre iniciativa do macho, desenvolvendo elaborado comportamento nupcial com movimentos e coloração especiais. O período de pregnância variou com a temperatura da água, o menor e usual período registrado foi de 12 dias, com reacasalamento do par formado no segundo dia após liberação da prole. Em laboratório, H. reidi apresentou-se monogâmico, mas não estritamente, pois de 61 observações de corte e acasalamento, três foram poligâmicas, chegando um macho a copular com duas fêmeas num intervalo de 24 horas. Foram registradas interações intra-sexuais, tanto em machos, quanto em fêmeas; observou-se proliferação epitelial semelhante a formação de bolsa incubadora em fêmeas, cujo significado sugere um passado hermafrodita para os cavalos-marinhos. Identificou-se três faixas etárias: peixes até um ano de vida: menores de 15,0 cm de altura; peixes até dois anos de vida, entre 15,1 e 17,0 cm e, peixes com mais de dois anos de vida, a partir de 17, 1 cm de altura. Igualmente identificou-se dentro dessas faixas, médias para três categorias etárias: juvenil, até 10, 0 cm de altura (sem definição dos caracteres sexuais secundários); espécimes em idade pré-maturacional, de 10,1 a 12,0 cm de altura; espécimes em idade reprodutiva, a parir de 12,3 cm. O crescimento em peso revelou maior desenvolvimento para machos: em uma mesma idade, os machos apresentaram se mais pesados pelo desenvolvimento da bolsa incubadora. A longevidade não foi determinada em ambiente natural, porém, os dados de laboratório apontam para um ciclo de vida superior a quatro anos. O maior e menor deslocamento registrado dentro do estuário do rio Maracaípe foi 552 m e 8 m respectivamente, realizado por fêmeas, enquanto que os machos apresentaram deslocamento médio de 202,5 m, sendo que o deslocamento médio para a espécie foi de 228,8 m. Os machos pregnantes permaneceram sempre no mesmo ponto, apresentando deslocamento mínimo igual ou menor que 1 m2. A densidade populacional apresentou-se baixa (0,060 ind/m2), alcançando os maiores valores nos meses de inverno (0,137 ind/m2). Dos substratos utilizados pela espécie, as raízes de Rhizophora mangle, constituíram-se no principal uso. A velocidade da corrente, tomada sempre na vazante, variou de 0,6m/s à 0,06m/s. Foi registrada acentuada interferência humana nos pontos onde foram coletados os cavalos-marinhos, através da pesca de siri ou peixes, com rede, com vara ou com bomba, sendo freqüente também a presença do turismo ecológico. |
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A manutenção dos cavalos-marinhos foi feita em fotoperíodo de 09L:15E e, a alimentação constou de espécimes adultos de Artemia salina, alevinos de Poecilia vivipara (guaru) e pós-larva do camarão-marinho, Penaeus vanamei, na freqüência de duas vezes ao dia. O período reprodutivo e o pico de reprodução foi estabelecido através da freqüência relativa de machos grávidos no decorrer dos meses de coleta. O tamanho da primeira maturação de H. reidi foi determinado através das freqüências absolutas e relativas de machos grávidos por intervalo de classe de comprimento. A fecundidade foi estimada através da contagem dos ovócitos desovados sem a presença do macho, enquanto que a fertilidade foi estimada pela contagem de todos os recém-nascidos da bolsa incubadora do macho. A curva de crescimento em altura para H. reidi foi feita com base nos dados de marcação e recaptura, utilizando uma Planilha de Ajuste da Função de Crescimento de von Bertalanffy. A estimativa do tamanho populacional foi elaborada através do senso visual, os animais foram contados através dos pontos, levando em consideração a largura, comprimento e profundidade de cada ponto. Hippocampus reidi, residente no estuário do rio Maracaípe, é uma espécie eurialina, distribuindo-se ao longo de uma faixa de salinidade entre 5-40 ppm, concentrando-se em pontos com salinidade média de 26 ppm. Possui atividade reprodutiva durante todo o ano, com pico reprodutivo estabelecido ente junho e outubro (inverno e parte da primavera). Ao nascer, possui 0,6 cm de altura e, desenvolve as características sexuais secundária por volta de 4,3 mese (2,4 e 5,25 meses), quando atinge alturas entre 6,7 e 11,1 cm. Alcança maturidade sexual (L50) aos 7,0 meses, com médias de 12,3 cm de altura. O menor macho receptivo apresentou 9,7 cm de altura, enquanto que o maior pregnante, 17,7 cm. 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Em laboratório, H. reidi apresentou-se monogâmico, mas não estritamente, pois de 61 observações de corte e acasalamento, três foram poligâmicas, chegando um macho a copular com duas fêmeas num intervalo de 24 horas. Foram registradas interações intra-sexuais, tanto em machos, quanto em fêmeas; observou-se proliferação epitelial semelhante a formação de bolsa incubadora em fêmeas, cujo significado sugere um passado hermafrodita para os cavalos-marinhos. Identificou-se três faixas etárias: peixes até um ano de vida: menores de 15,0 cm de altura; peixes até dois anos de vida, entre 15,1 e 17,0 cm e, peixes com mais de dois anos de vida, a partir de 17, 1 cm de altura. Igualmente identificou-se dentro dessas faixas, médias para três categorias etárias: juvenil, até 10, 0 cm de altura (sem definição dos caracteres sexuais secundários); espécimes em idade pré-maturacional, de 10,1 a 12,0 cm de altura; espécimes em idade reprodutiva, a parir de 12,3 cm. O crescimento em peso revelou maior desenvolvimento para machos: em uma mesma idade, os machos apresentaram se mais pesados pelo desenvolvimento da bolsa incubadora. A longevidade não foi determinada em ambiente natural, porém, os dados de laboratório apontam para um ciclo de vida superior a quatro anos. O maior e menor deslocamento registrado dentro do estuário do rio Maracaípe foi 552 m e 8 m respectivamente, realizado por fêmeas, enquanto que os machos apresentaram deslocamento médio de 202,5 m, sendo que o deslocamento médio para a espécie foi de 228,8 m. Os machos pregnantes permaneceram sempre no mesmo ponto, apresentando deslocamento mínimo igual ou menor que 1 m2. A densidade populacional apresentou-se baixa (0,060 ind/m2), alcançando os maiores valores nos meses de inverno (0,137 ind/m2). Dos substratos utilizados pela espécie, as raízes de Rhizophora mangle, constituíram-se no principal uso. A velocidade da corrente, tomada sempre na vazante, variou de 0,6m/s à 0,06m/s. 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Os estudos de laboratório foram desenvolvidos no LABAQUAC (Laboratório de Aqüicultura Marinha), em auxílio aos estudos de dinâmica populacional realizados no manguezal. A manutenção dos cavalos-marinhos foi feita em fotoperíodo de 09L:15E e, a alimentação constou de espécimes adultos de Artemia salina, alevinos de Poecilia vivipara (guaru) e pós-larva do camarão-marinho, Penaeus vanamei, na freqüência de duas vezes ao dia. O período reprodutivo e o pico de reprodução foi estabelecido através da freqüência relativa de machos grávidos no decorrer dos meses de coleta. O tamanho da primeira maturação de H. reidi foi determinado através das freqüências absolutas e relativas de machos grávidos por intervalo de classe de comprimento. A fecundidade foi estimada através da contagem dos ovócitos desovados sem a presença do macho, enquanto que a fertilidade foi estimada pela contagem de todos os recém-nascidos da bolsa incubadora do macho. A curva de crescimento em altura para H. reidi foi feita com base nos dados de marcação e recaptura, utilizando uma Planilha de Ajuste da Função de Crescimento de von Bertalanffy. A estimativa do tamanho populacional foi elaborada através do senso visual, os animais foram contados através dos pontos, levando em consideração a largura, comprimento e profundidade de cada ponto. Hippocampus reidi, residente no estuário do rio Maracaípe, é uma espécie eurialina, distribuindo-se ao longo de uma faixa de salinidade entre 5-40 ppm, concentrando-se em pontos com salinidade média de 26 ppm. Possui atividade reprodutiva durante todo o ano, com pico reprodutivo estabelecido ente junho e outubro (inverno e parte da primavera). Ao nascer, possui 0,6 cm de altura e, desenvolve as características sexuais secundária por volta de 4,3 mese (2,4 e 5,25 meses), quando atinge alturas entre 6,7 e 11,1 cm. Alcança maturidade sexual (L50) aos 7,0 meses, com médias de 12,3 cm de altura. 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