Migração de melanophryniscus cambaraensis (Anura, Bufonidae) no município de São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Raquel Rocha
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_RS
Texto Completo: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/180
Resumo: Foram estudados alguns padrões gerais da migração do sapinho-de-barriga-vermelha Melanophryniscus cambaraensis, uma espécie que forma agregações de reprodução explosiva em intervalos irregulares ao longo de todo o ano. Os indivíduos em atividade de migração foram capturados através de dois métodos: conjuntos de armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) instalados na floresta, e cercas-guia fechando completamente o sítio reprodutivo com armadilhas em forma de funil (aberturas voltadas para o interior e exterior). A orientação direcional das migrações pré- e pós-reprodutivas foi não aleatória, independente do sexo ou do tratamento das pseudoréplicas, indicando que o padrão observado foi a nível populacional. A orientação direcional das migrações pré-reprodutivas foi significativamente diferente das pós-reprodutivas quando as pseudoréplicas foram incluídas nas análises. Entretanto, não foi encontrada diferença quando as peseudoréplicas foram excluídas, indicando a importância de considerar sua potencial influência no desenho de estudos sobre a orientação da migração. Ao contrário de nossa hipótese, a atividade migratória de M. cambaraensis foi fortemente diurna, e não ocorreu devido a mudanças nas variáveis ambientais. Nós sugerimos que a migração diurna é melhor explicada pela filogenia e não por pressões contemporâneas. A atividade diurna é primitiva em M. cambaraensis e evoluiu no ancestral comum Agastorophrynia, antes da evolução das defesas químicas encontradas nos sapos (Bufonidae) e nas rãs venenosas (Dendrobatidae). Isso sugere que as defesas químicas nesses grupos podem ter evoluído como resultado da atividade diurna, que os colocou em contato com predadores diurnos orientados pela visão, e não o contrário. Sobre os padrões temporais, nós identificamos cinco picos principais de atividade migratória e três menores. Machos e fêmeas não apresentaram diferenças temporais nos picos de migração. O periodograma identificou dois ciclos migratórios principais: um com duração de 23 dias e outro com duração de 13.8 dias. Nós sugerimos que o ciclo que melhor se aplica ao M. cambaraensis é o com duração de 13.8 dias. Os maiores valores de correlação dos preditores da atividade migratória foram umidade relativa do ar e chuva acumulada nas 72 h anteriores, ambas no lag zero. A chuva acumulada em 72 h foi o único preditor do número de capturas, representando 73% de sua variação.
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