Genética e Dieta Mediterrânica: Qual o Risco para a Degenerescência Macular da Idade?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barreto, Patrícia
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Farinha, Cláudia, Coimbra, Rita, Cachulo, Maria Luz, Barbosa Melo , Joana, Lechanteur , Yara, B. Hoyng , Carel, Cunha-Vaz, José, Silva, Rufino
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.48560/rspo.28246
Resumo: INTRODUÇÃO: A degenerescência macular da idade (DMI) é uma doença degenerativa da mácula, responsável por perda de visão grave. Factores genéticos e ambientais podem contribuir para a doença. Alguns estudos já sugeriram que a dieta mediterrância pode ser protectora da do- ença, mas o estudo da interacção entre a dieta e a genética é limitado. O nosso objetivo foi avaliar o efeito da adesão à dieta mediterrânica na DMI, estratificado por risco genético para a doença, numa população portuguesa bem caracterizada. MÉTODOS: Os participantes fizeram exames oftalmológicos e responderam a questionários de frequência alimentar e de estilo de vida. A adesão à dieta mediterrânica foi medida com o me- diSCORE, que varia entre 0 (baixa adesão) e 9 (alta adesão). O valor total do mediSCORE foi calcu- lado individualmente, como a soma dos valores dos 9 grupos alimentares nos quais os alimentos do questionário foram organizados. Um valor de cut-off ≥6 foi utilizado para determinar adesão alta. A classificação das imagens foi feita com a Classificação de Roterdão. A análise genética foi realizada em colaboração com The European Eye Epidemiology Consortium. O risco genético foi calculado com um score, individualmente, considerando o número de alelos de cada variante e o seu tamanho de efeito. Foram calculados os odds ratio (OR) para a desão à dieta mediterrância estratificados por risco genético, ajustados à idade, sexo, exercício físico e hábitos tabágicos. RESULTADOS: Os participantes com alto risco genético para a DMI beneficiaram da alta adesão à dieta mediterrânica, com uma redução de cerca de 60% no risco (OR=0,386, 95%CI 0,182- 0,821, p=0,013). Os participantes com baixo risco genético apresentaram uma redução no risco, mas não estatisticamente significativa (OR=0,435, 95% CI 0,177-1,072, p=0,070). Nos participantes com alto risco genético, a idade aumentou o risco de DMI em 2 a 3 vezes, nos intervalos 70-75 anos (p=0,034) e >75 anos (p<0,001), respectivamente. Hábitos tabágicos aumentaram o risco (OR=2,165), não significamente (p=0,068). O exercício físico foi protector para a doença (OR=0,564, p=0,035). CONCLUSÃO: A genética e a dieta mediterrânica interagem para o aparecimento da DMI, sugerindo que diferentes factores de risco, ambientais e genéticos, podem associar-se no desen- volvimento do risco para a doença.
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O valor total do mediSCORE foi calcu- lado individualmente, como a soma dos valores dos 9 grupos alimentares nos quais os alimentos do questionário foram organizados. Um valor de cut-off ≥6 foi utilizado para determinar adesão alta. A classificação das imagens foi feita com a Classificação de Roterdão. A análise genética foi realizada em colaboração com The European Eye Epidemiology Consortium. O risco genético foi calculado com um score, individualmente, considerando o número de alelos de cada variante e o seu tamanho de efeito. Foram calculados os odds ratio (OR) para a desão à dieta mediterrância estratificados por risco genético, ajustados à idade, sexo, exercício físico e hábitos tabágicos. RESULTADOS: Os participantes com alto risco genético para a DMI beneficiaram da alta adesão à dieta mediterrânica, com uma redução de cerca de 60% no risco (OR=0,386, 95%CI 0,182- 0,821, p=0,013). Os participantes com baixo risco genético apresentaram uma redução no risco, mas não estatisticamente significativa (OR=0,435, 95% CI 0,177-1,072, p=0,070). Nos participantes com alto risco genético, a idade aumentou o risco de DMI em 2 a 3 vezes, nos intervalos 70-75 anos (p=0,034) e >75 anos (p<0,001), respectivamente. Hábitos tabágicos aumentaram o risco (OR=2,165), não significamente (p=0,068). O exercício físico foi protector para a doença (OR=0,564, p=0,035). CONCLUSÃO: A genética e a dieta mediterrânica interagem para o aparecimento da DMI, sugerindo que diferentes factores de risco, ambientais e genéticos, podem associar-se no desen- volvimento do risco para a doença.INTRODUCTION: Age-related macular degeneration is a degenerative disease of the macula responsible for severe vision loss. It is a multifactorial and complex disease, with genet- ics, lifestyle and environmental factors contributing for its establishment and progression. The adherence to the Mediterranean diet has been suggestive of being protective for disease, but the evidence on the interaction between diet and genetics is scarce. With this work, we intend to assess the effect of the adherence to the Mediterranean diet on age-related macular degeneration stratified by the genetic risk score, in a well-characterized Por- tuguese population. METHODS: Participants performed ophthalmological exams and answered a validated food and a lifestyle questionnaire. The adherence to the Mediterranean diet was assessed with mediSCORE, a score ranging from 0 (low adherence) to 9 (high adherence). The score was de- termined individually for each participant, as the sum of the score of 9 food groups in which the food items from questionnaire were organized. A cut-off value of ≥ 6 was used as high adherence. Grading was performed using Rotterdam Classification. Participants’ genotyping was performed in collaboration with The European Eye Epidemiology Consortium. The Genetic Risk Score was calculated for each participant considering the number of alleles at each variant and their effect size. Odds ratio (OR) for the adherence to the Mediterranean diet within strata of high and low genetic risk score were calculated, adjusted for age, sex, physical exercise, and smoking. RESULTS: People at high genetic risk for age-related macular degeneration benefited from adhering to the Mediterranean diet with a 60%-risk reduction (OR=0.386, 95%CI 0.182-0.821, p=0.013). For subjects with low genetic risk (OR=0.435, 95% CI 0.177-1.072, p=0.070), a risk reduc- tion was also seen, but not significantly. In subjects with a high genetic risk, age increased the risk of having AMD in a 2- and 3 time-fold, for ages 70-75 (p=0.034) and over 75 (p<0.001), respectively. The same was seen for smoking (OR=2.165), though not significantly (p=0.068). Performing physi- cal exercise presented as a protective factor (OR=0.564, p=0.035). CONCLUSION: Genetics and Mediterranean diet interact to cause age-related macular de- generation, suggesting there is an interplay between genetics and lifestyle factors.  Ajnet2023-03-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.48560/rspo.28246por1646-69501646-6950Barreto, PatríciaFarinha, CláudiaCoimbra, RitaCachulo, Maria LuzBarbosa Melo , JoanaLechanteur , YaraB. Hoyng , CarelCunha-Vaz, JoséSilva, Rufinoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-30T20:30:13Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/28246Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:48:08.955129Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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