Saúde mental perinatal, sintomatologia de distress e trauma relacionado com o parto

• Autor(a) principal: Santos, Ana Rita Poças
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/49933
• topic: Transtornos de Stress Pós-Traumáticos; Trabalho de Parto; Trauma Psicológico; Enfermagem; Saúde mental; Enfermagem

O parto corresponde a um evento de vida importante e desafiador que, por envolver alterações fisiológicas e emocionais, é considerado tanto feliz como altamente stressante. Existem fatores já estudados que interferem com esta vivência: características pessoais, experiências anteriores, gravidez, particularidades do momento do parto. Porém, quando algo entendido como traumático acontece, a qualidade de vida e a saúde mental da mulher podem ser afetadas por uma resposta de stress exacerbada e, possivelmente, pelo desenvolvimento de um transtorno de stress pós-traumático (TSPT). No entanto, mesmo uma situação de distress ou a presença deste diagnóstico podem originar crescimento pós-traumático (CPT) e promover uma mudança positiva na vida da pessoa envolvida. Esta investigação, realizada no âmbito de um projeto major europeu em curso no Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS)/Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), pretende estudar em que medida a ocorrência de um evento traumático associado ao parto pode desencadear uma resposta de stress e um diagnóstico de TSPT. Trata-se de um estudo quantitativo, correlacional e transversal, cuja amostra é constituída por 217 mulheres que viveram um parto traumático, selecionadas através da técnica de amostragem não probabilística por redes. Para a recolha de dados utilizou-se o protocolo do projeto: questionário sociodemográfico, City Birth Trauma Scale (CBTS) - Ayers et al., 2018 - e o Event Related Rumination Inventory (ERRI) - Cann et al., 2011. Após tratamento e análise dos dados foi percetível que o nível de stress experienciado pelas participantes foi elevado, perdurou após o parto e interferiu com o quotidiano. Existiu uma prevalência elevada de sintomatologia de stress pós-traumático e de TSPT entre as mulheres que viveram um evento traumático associado ao parto; encontraram-se correlações positivas significativas entre os diferentes sintomas de stress pós-traumático e ambos os tipos de ruminação; percebeu-se que diferentes ocorrências traumáticas no momento do parto interferem de forma diferente na sintomatologia de stress pós-traumático; por outro lado, a paridade e o tipo de parto não apresentaram uma associação estatisticamente significativa com o diagnóstico de TSPT. Assim, tendo em conta as conclusões encontradas, realça-se a importância da adequação da intervenção dos enfermeiros junto de mulheres que experienciam um parto traumático.