Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti)
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/27385 |
Resumo: | Tese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2016 |
id |
RCAP_03ff8de43ab40a024ee03c0424e9e5b0 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ul.pt:10451/27385 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti)Aquila adalbertiJuvenisMovimentosUso de pousosDispositivos GPS/GSMTeses de mestrado - 2016Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências BiológicasTese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2016A águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) é uma ave de rapina de grande porte que atualmente nidifica em Portugal e Espanha. Ocorre maioritariamente em habitats de topografia suave com montados de sobro e azinho e área arbustiva. A sua presença está muito dependente da presença de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), a principal presa da espécie. Como em outras aves de rapina, os juvenis, depois de começarem a voar permanecem no território dos progenitores durante um longo período, que pode ir até aos cinco meses de idade. No entanto, o estudo desta “fase de dependência” é dificultado pela grande mobilidade da espécie. O estudo dos comportamentos dos juvenis nesta fase pode ajudar a definir medidas de conservação e também a perceber padrões após a saída do território dos progenitores. Contudo, o uso de novos dispositivos de seguimento por satélite tem permitido colmatar a lacuna existente no conhecimento sobre esse período de vida permitindo, seguir os indivíduos a longas distâncias, quase continuamente e com baixo erro de localização. Assim, este estudo foca-se nos juvenis de águia-imperial-ibérica durante a “fase de dependência” e pretende detetar os padrões temporais de afastamento e abandono do ninho, caracterizar os movimentos de exploração e identificar as características de seleção de pousos secundários. Para este estudo, foram acoplados dispositivos de seguimento nos anos de 2014 e 2015 em sete juvenis de águia-imperial-ibérica, com idades compreendidas entre os 49 e os 56 dias de idade. Os juvenis eram de três ninhadas distintas, provenientes de dois ninhos no sul de Portugal (nos concelhos de Mértola e Moura). Para cada objetivo deste estudo foram realizadas preparações dos dados de modo distinto. Para os padrões temporais, recorreu-se ao cálculo da mediana móvel das distâncias das localizações dos juvenis ao ninho. A mediana móvel foi calculada com um intervalo de três dias de modo a conseguir definir a idade e data de saída de cada juvenil do ninho e, mais tarde, do território dos progenitores. Posteriormente foi calculada a curva tendência para o afastamento de cada ninhada ao respetivo ninho. Para a caracterização das movimentações, definiu-se a área de maior utilização por parte dos juvenis de cada ninho e identificaram-se todas as movimentações que eram realizadas para fora dessa área. Posteriormente, foi identificada a direção da movimentação, a distância máxima percorrida e a duração de cada uma dessas movimentações. Os resultados obtidos foram depois comparados entre indivíduos da mesma ninhada, do mesmo ninho e de sexos diferentes. Para a seleção dos pousos, foram identificados os pousos de maior utilização para cada área de estudo (Mértola e Moura). Foram, depois, calculadas as variáveis ambientais e topográficas, de maior interesse, tanto para os pousos secundários identificados, como para pousos definidos aleatoriamente, que representaram os pousos de ausência para os modelos efetuados. Para os padrões temporais durante a “fase de dependência” constatou-se que os juvenis iniciam os primeiros voos entre os 70 e os 100 dias de idade, ou seja, entre julho e agosto. Já a idade de fim da “fase de dependência” ocorre entre os 133 e os 153 dias de idade, ou seja, entre a última quinzena de setembro e os primeiros dias de outubro, sendo que os irmãos dispersam em datas semelhantes. As curvas de tendência revelaram um afastamento ao ninho, de modo não linear, com o aumento da idade dos juvenis. Foi também detetada uma grande fidelidade ao ninho, durante a “fase de dependência”, principalmente no período da noite. Para a caracterização dos movimentos exploratórios dos juvenis na “fase de dependência” constatou-se que os juvenis fazem uma utilização do espaço, nas suas movimentações, de modo não uniforme, não havendo semelhança entre a direção média das movimentações e a direção seguida aquando da saída do território dos progenitores. Já a distância máxima percorrida e a duração das movimentações não aparentam ter um padrão de aumento com o tempo. Quando comparadas as direções, distâncias máximas percorridas e durações das movimentações entre irmãos da mesma ninhada, estas não se revelaram estatisticamente diferentes. Também a comparação entre indivíduos de sexos diferentes não se revelou estatisticamente significativa. No entanto, parece haver uma ligeira tendência para que as fêmeas realizem movimentações de maior distância e durante mais tempo. Por fim, quando comparadas ninhadas, do mesmo ninho, mas de anos diferentes, estas apresentaram diferenças tanto na direção das movimentações como na distância máxima percorrida e na duração das movimentações. Finalmente, para o estudo da seleção de pousos, foram identificados 63 pousos secundários na totalidade das duas áreas de estudo, 38 para a área de Mértola e 25 para a área de Moura. As variáveis que mais influenciam a seleção dos pousos secundários foram, de modo negativo, a distância à linha de água, e de modo positivo, a presença das categorias de habitat “floresta” e “vegetação”, o declive e o índice de posição topográfica (tpi). Quando realizado o modelo para cada área separadamente, as variáveis que se revelaram influentes foram idênticas, devendo-se aparentemente as diferenças a características das próprias áreas de estudo. Os resultados e conclusões obtidas neste estudo podem ser uma mais-valia na adaptação das áreas críticas e sensíveis nas áreas de reprodução da espécie. Estender o período crítico até outubro e incluir as áreas de maior utilização de pousos, poderão beneficiar o desenvolvimento bem como a sobrevivência dos juvenis durante a “fase de dependência”. Estes resultados fornecem, ainda, uma base de conhecimento para estudos de uso de espaço e seleção de áreas de assentamento por parte dos indivíduos imaturos, tendo como referência a seleção de pousos em áreas com presença de árvores, em declives acentuados ou destacadas em relação à envolvente.The Iberian-imperial-eagle (Aquila adalberti) is a large bird of prey that currently breeds in Portugal and Spain. It occurs mainly in areas with a smooth topography and dominated by cork oak and holm oak “montados” and with shrub areas. Its occurrence is highly related with the availability of European-rabbit (Oryctolagus cuniculus), the main prey of this species. Like other birds of prey, Iberian-imperial-eagle juveniles stay for a long period, up to five months, in their parent’s territory. However, studying the “dependence period” may be difficult due to this species’ high mobility. Studying the juvenile behavior during these periods can help understand patterns for the selection of breeding sites and in the definition of new conservation measures. The use of modern tracking devices is enabling researchers to fill the existing gaps of knowledge about this life period, because they allow almost continuous long distance tracking of the individuals with small location error. The present study focuses the “dependence period” of juveniles and intends to identify the temporal patterns of departure from the nest and the exit from parents’ territory, characterize their exploratory movements and identify the features that influence the selection of perches. During 2014 and 2015 satellite tracking devices were attached to seven juveniles, between 49 and 56 days old. The juveniles were from two different nests in south Portugal (near Mértola and Moura) and in total three different broods were tagged. For each objective, the results were treated differently. For temporal patterns, the moving median was calculated with a three days interval, to best identify the age and date in which each juvenile left the nest and, later, their parents’ territory. The data was also used to generate a curve showing how each brood departed from the nest. All the exploratory movements beyond the most regular used area around the nest were identified and the first direction of the movement, the maximum distance and the duration of each movement were measured. The results were then compared between individuals from the same brood, from the same nest and across different years and different genders. To study perch selection, all the most frequently used perches in both nesting areas were identified. Eight topographic and environmental variables were then estimated for the frequently used perches and for random locations. The potential role of these variables in the selection of perches were then tested using GLMM and GLM. Iberian-imperial-eagle juveniles did their first flights approximately between 70 and 100 days old, between July and August. The end of the “dependence period” occurred when they were 133 to 153 days old, between the end of September and the first days of October. Individuals from the same brood dispersed on similar dates. The tendency curves reveled a non-linear increase of the distance to the nest with age increasing. Nevertheless, a strong fidelity to the nest during the “dependence period” was detected, particularly during the night. The analysis of the exploratory movements reveled that juveniles did a non-uniform use of space during these movements, with no relation between the mean movement direction and the direction of the flight when they leave parents territory, at the end of the “dependence period”. The maximum distance and the duration of each movement did not seem to increase with time. The direction of movements, the maximum distances travelled and the duration of the exploratory movements did not vary statistically between individuals from the same brood. The same happened when male and female individuals were compared. However, there was evidence of a small tendency for females to make exploratory movements of greater length and duration than males. Finally, when broods from different years but from the same nest were compared, they showed differences in the direction of the exploratory movements, the maximum distance traveled and the duration of the movements. For the perch selection during the “dependence period”, 63 different perches were identified, 38 in Mértola area and 25 in Moura area. The selection of perches was negatively influenced by the distance to a water line, and positively influenced by the presence of “forests”, “vegetation”, the slope and the topographic position index (tpi). When the areas were analyzed separately, the results were similar and apparently, the differences between them may be due to differences between the two study sites. These results and conclusions may be helpful in the definition of critical periods and sensitive areas for conservation in breeding territories, to optimize the survival of juveniles. The critical period, during which juveniles remain associated to the parent’s territory, should end in October and the sensitive areas during this period should include the most used perches. This study provides a baseline for future studies regarding the use of space and selection of juvenile settlement areas, and revealed that during the “dependence period” juveniles select perches in areas with trees, steeper slopes, and usually higher than the surroundings.Palmeirim, Jorge M.,1957-Marques, PauloRepositório da Universidade de LisboaRamos, Rita Alexandra Fineza2018-11-11T01:30:19Z201620162016-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/27385TID:201689227porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-11-20T17:34:25Zoai:repositorio.ul.pt:10451/27385Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-11-20T17:34:25Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
title |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
spellingShingle |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) Ramos, Rita Alexandra Fineza Aquila adalberti Juvenis Movimentos Uso de pousos Dispositivos GPS/GSM Teses de mestrado - 2016 Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências Biológicas |
title_short |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
title_full |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
title_fullStr |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
title_full_unstemmed |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
title_sort |
Ecologia espacial de juvenis de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) |
author |
Ramos, Rita Alexandra Fineza |
author_facet |
Ramos, Rita Alexandra Fineza |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Palmeirim, Jorge M.,1957- Marques, Paulo Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Ramos, Rita Alexandra Fineza |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Aquila adalberti Juvenis Movimentos Uso de pousos Dispositivos GPS/GSM Teses de mestrado - 2016 Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências Biológicas |
topic |
Aquila adalberti Juvenis Movimentos Uso de pousos Dispositivos GPS/GSM Teses de mestrado - 2016 Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Ciências Biológicas |
description |
Tese de mestrado em Biologia da Conservação, apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Ciências, 2016 |
publishDate |
2016 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2016 2016 2016-01-01T00:00:00Z 2018-11-11T01:30:19Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10451/27385 TID:201689227 |
url |
http://hdl.handle.net/10451/27385 |
identifier_str_mv |
TID:201689227 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
mluisa.alvim@gmail.com |
_version_ |
1817548941230604288 |