Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Duarte, Joana
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Correia, Lurdes, Simão, Adélia, Figueiredo, António, Carvalho, Armando
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/108947
https://doi.org/10.20344/amp.5766
Resumo: Introdução: A anemia hemolítica pode estar associada a múltiplas etiologias, nomeadamente a tóxicos, como os metais, sendo esta uma causa rara. Caso Clínico: Homem de 55 anos de idade, sujeito a artroplastia total da anca direita (prótese não cimentada com articulação cerâmica-cerâmica, cujo componente acetabular era constituído por uma cúpula metálica composta por uma liga de titânio, vanádio e alumínio na qual encaixava um insert cerâmico). Cerca de quatro anos após esta intervenção cirúrgica referia ruídos na prótese com os movimentos. Foi sujeito a revisão cirúrgica tendo-se constatado a presença de líquido espesso intracapsular de cor escura, fractura do insert acetabular cerâmico e sinais de desgaste da cúpula metálica acetabular. Procedeu-se a lavagem abundante e substituição do insert cerâmico fracturado por um insert de polietileno. Dois meses depois recorreu ao Serviço de Urgência por degradação do estado geral, flutuação na anca direita e icterícia muco-cutânea. Analiticamente evidenciava valores compatíveis com anemia hemolítica autoimune. Foi feita punção articular com saída de abundante líquido metalótico. A tomografia computorizada revelou extensa colecção heterogénea quística intrapélvica com múltiplos fragmentos de prótese no seu interior, sugestivos de metalose. A anemia hemolítica foi interpretada como consequência da toxicidade das partículas e iões metálicos oriundos do desgaste da prótese. Iniciou corticoterapia em altas doses e posteriormente quando houve condições procedeu-se à substituição de todos os componentes da prótese e drenagem do material acumulado intra-pélvico. Discussão: Após a fractura do insert cerâmico a cabeça cerâmica passou a articular directamente com o componente acetabular metálico, originando os ruídos e desgaste com libertação de partículas e iões. Este material formou uma coleção quística intrapélvica, que passou despercebida na primeira revisão cirúrgica. O desbridamento cirúrgico pôs em comunicação esta coleção com os tecidos adjacentes e com a circulação sistémica, desencadeando efeitos sistémicos graves, como anemia hemolítica auto-imune. Desconhece-se o potencial de toxicidade de cada um dos elementos metálicos desta prótese, não estando ainda disponíveis testes laboratoriais de detecção. Conclusão: A metalose é uma causa rara de anemia hemolítica auto-imune.
id RCAP_05b3d30d129a642bff580a81da8367f2
oai_identifier_str oai:estudogeral.uc.pt:10316/108947
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica AutoimuneMetallosis: A Rare Cause of Autoimmune Hemolytic AnemiaAnemia Hemolítica Auto-ImuneArtroplastiaIcteríciaMetais/efeitos adversosAnemia, Hemolytic, AutoimmuneArthroplastyJaundiceMetals/adverse effectsIntrodução: A anemia hemolítica pode estar associada a múltiplas etiologias, nomeadamente a tóxicos, como os metais, sendo esta uma causa rara. Caso Clínico: Homem de 55 anos de idade, sujeito a artroplastia total da anca direita (prótese não cimentada com articulação cerâmica-cerâmica, cujo componente acetabular era constituído por uma cúpula metálica composta por uma liga de titânio, vanádio e alumínio na qual encaixava um insert cerâmico). Cerca de quatro anos após esta intervenção cirúrgica referia ruídos na prótese com os movimentos. Foi sujeito a revisão cirúrgica tendo-se constatado a presença de líquido espesso intracapsular de cor escura, fractura do insert acetabular cerâmico e sinais de desgaste da cúpula metálica acetabular. Procedeu-se a lavagem abundante e substituição do insert cerâmico fracturado por um insert de polietileno. Dois meses depois recorreu ao Serviço de Urgência por degradação do estado geral, flutuação na anca direita e icterícia muco-cutânea. Analiticamente evidenciava valores compatíveis com anemia hemolítica autoimune. Foi feita punção articular com saída de abundante líquido metalótico. A tomografia computorizada revelou extensa colecção heterogénea quística intrapélvica com múltiplos fragmentos de prótese no seu interior, sugestivos de metalose. A anemia hemolítica foi interpretada como consequência da toxicidade das partículas e iões metálicos oriundos do desgaste da prótese. Iniciou corticoterapia em altas doses e posteriormente quando houve condições procedeu-se à substituição de todos os componentes da prótese e drenagem do material acumulado intra-pélvico. Discussão: Após a fractura do insert cerâmico a cabeça cerâmica passou a articular directamente com o componente acetabular metálico, originando os ruídos e desgaste com libertação de partículas e iões. Este material formou uma coleção quística intrapélvica, que passou despercebida na primeira revisão cirúrgica. O desbridamento cirúrgico pôs em comunicação esta coleção com os tecidos adjacentes e com a circulação sistémica, desencadeando efeitos sistémicos graves, como anemia hemolítica auto-imune. Desconhece-se o potencial de toxicidade de cada um dos elementos metálicos desta prótese, não estando ainda disponíveis testes laboratoriais de detecção. Conclusão: A metalose é uma causa rara de anemia hemolítica auto-imune.Introduction: Hemolytic anemia may be associated with multiple etiologies, including toxic substances, such as metals, which is a rare cause. Case Study: 55-year-old male, who underwent a total arthroplasty of the right hip (uncemented prostheses with ceramic-ceramic articulation with an acetabular component consisting of a dome composed of an alloy of titanium, aluminum and vanadium into which fitted a ceramic ‘insert’). Approximately 4 years after surgery the patient complained of noise originating from the prosthesis which occurred on movement. A surgical revision was performed and showed the presence of dark thick intracapsular fluid, fracture of the ceramic acetabular ‘insert’ and signs of wear of the acetabular metal dome. Extensive washing was carried out and the fractured ceramic ‘insert’ was replaced for a polyethylene ‘insert’. Two months later he was referred to the Emergency Room due to worsening of his general health, floating in the right hip and mucocutaneous jaundice. Laboratory tests suggested autoimmune hemolytic anemia. Arthrocentesis was performed and a large volume of metal fluid was drained off. The CT scan showed a large heterogeneous pelvic cystic collection seeded with prosthesis fragments, suggestive of metallosis. Hemolytic anemia was explained as toxicity of the particles and metal ions caused by the wear of the prosthesis. The patient was started on a high-dose steroid treatment. Afterwards, when he was stable, prosthesis components replacement and drainage of pelvic debris fluid were carried out. Discussion: After the fracture of the ceramic ‘insert’ the ceramic head began to articulate directly with the metallic acetabular component, causing noise and wear with release of particles and ions. This caused a cystic pelvic abscess, which went unnoticed on the first surgical revision. Surgical debridement lead to the cystic collection extending into the adjacent tissues and the systemic circulation, triggering serious systemic effects, such as autoimmune hemolytic anemia. The potential toxicity of each of the metal elements of this prosthesis is unknown, and there are still no available laboratory tests for its detection. Conclusion: Metallosis is a rare cause of autoimmune hemolytic anemia.Ordem dos Medicos2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttp://hdl.handle.net/10316/108947http://hdl.handle.net/10316/108947https://doi.org/10.20344/amp.5766por1646-07580870-399XDuarte, JoanaCorreia, LurdesSimão, AdéliaFigueiredo, AntónioCarvalho, Armandoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-09-26T09:12:17Zoai:estudogeral.uc.pt:10316/108947Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:25:10.862076Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
Metallosis: A Rare Cause of Autoimmune Hemolytic Anemia
title Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
spellingShingle Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
Duarte, Joana
Anemia Hemolítica Auto-Imune
Artroplastia
Icterícia
Metais/efeitos adversos
Anemia, Hemolytic, Autoimmune
Arthroplasty
Jaundice
Metals/adverse effects
title_short Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
title_full Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
title_fullStr Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
title_full_unstemmed Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
title_sort Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune
author Duarte, Joana
author_facet Duarte, Joana
Correia, Lurdes
Simão, Adélia
Figueiredo, António
Carvalho, Armando
author_role author
author2 Correia, Lurdes
Simão, Adélia
Figueiredo, António
Carvalho, Armando
author2_role author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Duarte, Joana
Correia, Lurdes
Simão, Adélia
Figueiredo, António
Carvalho, Armando
dc.subject.por.fl_str_mv Anemia Hemolítica Auto-Imune
Artroplastia
Icterícia
Metais/efeitos adversos
Anemia, Hemolytic, Autoimmune
Arthroplasty
Jaundice
Metals/adverse effects
topic Anemia Hemolítica Auto-Imune
Artroplastia
Icterícia
Metais/efeitos adversos
Anemia, Hemolytic, Autoimmune
Arthroplasty
Jaundice
Metals/adverse effects
description Introdução: A anemia hemolítica pode estar associada a múltiplas etiologias, nomeadamente a tóxicos, como os metais, sendo esta uma causa rara. Caso Clínico: Homem de 55 anos de idade, sujeito a artroplastia total da anca direita (prótese não cimentada com articulação cerâmica-cerâmica, cujo componente acetabular era constituído por uma cúpula metálica composta por uma liga de titânio, vanádio e alumínio na qual encaixava um insert cerâmico). Cerca de quatro anos após esta intervenção cirúrgica referia ruídos na prótese com os movimentos. Foi sujeito a revisão cirúrgica tendo-se constatado a presença de líquido espesso intracapsular de cor escura, fractura do insert acetabular cerâmico e sinais de desgaste da cúpula metálica acetabular. Procedeu-se a lavagem abundante e substituição do insert cerâmico fracturado por um insert de polietileno. Dois meses depois recorreu ao Serviço de Urgência por degradação do estado geral, flutuação na anca direita e icterícia muco-cutânea. Analiticamente evidenciava valores compatíveis com anemia hemolítica autoimune. Foi feita punção articular com saída de abundante líquido metalótico. A tomografia computorizada revelou extensa colecção heterogénea quística intrapélvica com múltiplos fragmentos de prótese no seu interior, sugestivos de metalose. A anemia hemolítica foi interpretada como consequência da toxicidade das partículas e iões metálicos oriundos do desgaste da prótese. Iniciou corticoterapia em altas doses e posteriormente quando houve condições procedeu-se à substituição de todos os componentes da prótese e drenagem do material acumulado intra-pélvico. Discussão: Após a fractura do insert cerâmico a cabeça cerâmica passou a articular directamente com o componente acetabular metálico, originando os ruídos e desgaste com libertação de partículas e iões. Este material formou uma coleção quística intrapélvica, que passou despercebida na primeira revisão cirúrgica. O desbridamento cirúrgico pôs em comunicação esta coleção com os tecidos adjacentes e com a circulação sistémica, desencadeando efeitos sistémicos graves, como anemia hemolítica auto-imune. Desconhece-se o potencial de toxicidade de cada um dos elementos metálicos desta prótese, não estando ainda disponíveis testes laboratoriais de detecção. Conclusão: A metalose é uma causa rara de anemia hemolítica auto-imune.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10316/108947
http://hdl.handle.net/10316/108947
https://doi.org/10.20344/amp.5766
url http://hdl.handle.net/10316/108947
https://doi.org/10.20344/amp.5766
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 1646-0758
0870-399X
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Ordem dos Medicos
publisher.none.fl_str_mv Ordem dos Medicos
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799134135067869184