Crianças na rua Infância, trajectos de vida e práticas sociais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25755/int.369 |
Resumo: | Trata-se de uma comunicação simples, fala de gente simples que não percorre um caminho simples e para quem “o que há-de vir” não se perspectiva assim tão simples. Têm entre os seis e os dezasseis anos, e os seus percursos não são, de todo, trechos retirados dos contos de fadas que qualquer um de nós escreve para os seus filhos. Fruto de muitos estudos e investigações, reina, nos nossos dias, a teoria de que o indivíduo se desenvolve de acordo com um poder quase inverosímil de moldagem de identidade, predefinida por padrões impostos pela sociedade. Torna-se normal e apto quem obedece a um percurso linear de ascensão, e ganha direito a um rótulo de "aberração" social, todo aquele que se desvia desta norma que de uma forma normal se impõe. Noutras cidades de Portugal e do mundo chamam-lhes "meninos de rua", mas em Braga, cidade escolhida para a investigação, todos têm família, todos têm casa, mas em casa, "não se sentem em casa"... e então vêm para a rua. Reclamam para si um espaço nu, um espaço vazio, enchem-no; partilham tudo aquilo que não têm com outros que também não têm; aprendem códigos de (sobre)vivência pessoal e familiar num espaço que é no fundo o espaço de todos nós, mas que nenhum de nós reclama; dão-lhe cor, movimento, timbram-no, enchem-no. Numa dissertação em que se dá voz à(s) criança(s) em situação de risco, choca-se constantemente com o adulto, com o poder público, capaz de discursos, ora de defesa e protecção à “vítima”, ora de impotência e passividade cúmplice perante o fenómeno, deixando revelar uma adaptação à fatalidade das suas causas e consequências. Num exercício académico que se foi tecendo a partir de uma partilha no terreno, crianças e eu, actores envolvidos nessa mesma partilha, ambos nos assumimos como sujeitos e objectos de um estudo, em que se à partida eu ocupava o lugar do protagonista, e eles, o dos actores convidados, à medida que o tempo ia passando, foi havendo como que uma redefinição, ou melhor, uma re-atribuição desses mesmos papéis. Sob o olhar crítico da Sociologia da Infância e partindo do contributo de uma dissertação de Mestrado pronta a apresentar em Setembro, observa-se e discursa-se o fenómeno crianças na rua, encontram-se algumas causas da sua emergência na sociedade dos nossos dias, descobre-se como se organizam estes actores nestes cenários que são os deles, percebem-se os rituais e as interacções que os mesmos protagonizam, e tentam achar-se algumas medidas de solução para um fenómeno em franca e preocupante expansão no mundo. |
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Crianças na rua Infância, trajectos de vida e práticas sociaisNúmero 10 - “Estudos da criança" como campo interdisciplinar de investigação e conhecimento.Trata-se de uma comunicação simples, fala de gente simples que não percorre um caminho simples e para quem “o que há-de vir” não se perspectiva assim tão simples. Têm entre os seis e os dezasseis anos, e os seus percursos não são, de todo, trechos retirados dos contos de fadas que qualquer um de nós escreve para os seus filhos. Fruto de muitos estudos e investigações, reina, nos nossos dias, a teoria de que o indivíduo se desenvolve de acordo com um poder quase inverosímil de moldagem de identidade, predefinida por padrões impostos pela sociedade. Torna-se normal e apto quem obedece a um percurso linear de ascensão, e ganha direito a um rótulo de "aberração" social, todo aquele que se desvia desta norma que de uma forma normal se impõe. Noutras cidades de Portugal e do mundo chamam-lhes "meninos de rua", mas em Braga, cidade escolhida para a investigação, todos têm família, todos têm casa, mas em casa, "não se sentem em casa"... e então vêm para a rua. Reclamam para si um espaço nu, um espaço vazio, enchem-no; partilham tudo aquilo que não têm com outros que também não têm; aprendem códigos de (sobre)vivência pessoal e familiar num espaço que é no fundo o espaço de todos nós, mas que nenhum de nós reclama; dão-lhe cor, movimento, timbram-no, enchem-no. Numa dissertação em que se dá voz à(s) criança(s) em situação de risco, choca-se constantemente com o adulto, com o poder público, capaz de discursos, ora de defesa e protecção à “vítima”, ora de impotência e passividade cúmplice perante o fenómeno, deixando revelar uma adaptação à fatalidade das suas causas e consequências. Num exercício académico que se foi tecendo a partir de uma partilha no terreno, crianças e eu, actores envolvidos nessa mesma partilha, ambos nos assumimos como sujeitos e objectos de um estudo, em que se à partida eu ocupava o lugar do protagonista, e eles, o dos actores convidados, à medida que o tempo ia passando, foi havendo como que uma redefinição, ou melhor, uma re-atribuição desses mesmos papéis. Sob o olhar crítico da Sociologia da Infância e partindo do contributo de uma dissertação de Mestrado pronta a apresentar em Setembro, observa-se e discursa-se o fenómeno crianças na rua, encontram-se algumas causas da sua emergência na sociedade dos nossos dias, descobre-se como se organizam estes actores nestes cenários que são os deles, percebem-se os rituais e as interacções que os mesmos protagonizam, e tentam achar-se algumas medidas de solução para um fenómeno em franca e preocupante expansão no mundo.Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém2008-11-06info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25755/int.369por1646-2335Fernandes, Sara Cristina Grund de Oliveira Gamitoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-02T18:08:41Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/369Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:47:35.883968Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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