Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.5/2031 |
Resumo: | Neste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais tendem a ceder o lugar a conflitos de pequena escala e de raiz identitária e onde a dinâmica de conversão das formas interpessoais de confiança em confianças institucionais implica mecanismos sociais de apaziguamento social. A proliferação de conflitos de elevada extensão e baixa intensidade estabiliza essas sociedades, da mesma forma que as novas indústrias que nelas emergem contribuem para a manutenção do statu quo. Os novos mercados das sociedades avançadas não se orientam prioritariamente para a produção, mas sim para a mediação, para a regulação e para a corretagem social. A litigação, o aconselhamento e a terapêutica constituem as três principais indústrias das sociedades avançadas, sendo responsáveis pela criação de empregos e pela ultrapassagem das crises económicas e sociais. Estas indústrias proliferam no interior de sociedades que se definem como estando em crise ou ameaçadas pelo espectro da insegurança. Nas sociedades avançadas qualquer problema, dificuldade, crise ou ameaça é imediatamente redefinido como oportunidade para a criação de uma nova área de negócio ou para a extensão de uma área a outro domínio adjacente ou ainda para o alargamento da actividade industrial a um novo segmento. Nestas sociedades avançadas todo o protesto e toda a contestação possuem bases minimalistas e identitárias, o que impede a formação de agendas de protesto global. A difusão de responsabilidades e competências, a crise de autoria e a presença de instâncias duplas de regulação e legitimação fazem destas sociedades, sociedades poliárquicas. A cooptação, integração e absorção dos protestos reforça a estabilidade e a robustez do sistema que assim se mostra capaz de sobreviver, mesmo contra todas as previsões. . |
id |
RCAP_05e3b187c4a3e11c7b56de6b41751379 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.repository.utl.pt:10400.5/2031 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades AvançadasMovimentos sociaisSociedades industriaisMercado de trabalhoSociologia políticaMovimentos sociaisNeste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais tendem a ceder o lugar a conflitos de pequena escala e de raiz identitária e onde a dinâmica de conversão das formas interpessoais de confiança em confianças institucionais implica mecanismos sociais de apaziguamento social. A proliferação de conflitos de elevada extensão e baixa intensidade estabiliza essas sociedades, da mesma forma que as novas indústrias que nelas emergem contribuem para a manutenção do statu quo. Os novos mercados das sociedades avançadas não se orientam prioritariamente para a produção, mas sim para a mediação, para a regulação e para a corretagem social. A litigação, o aconselhamento e a terapêutica constituem as três principais indústrias das sociedades avançadas, sendo responsáveis pela criação de empregos e pela ultrapassagem das crises económicas e sociais. Estas indústrias proliferam no interior de sociedades que se definem como estando em crise ou ameaçadas pelo espectro da insegurança. Nas sociedades avançadas qualquer problema, dificuldade, crise ou ameaça é imediatamente redefinido como oportunidade para a criação de uma nova área de negócio ou para a extensão de uma área a outro domínio adjacente ou ainda para o alargamento da actividade industrial a um novo segmento. Nestas sociedades avançadas todo o protesto e toda a contestação possuem bases minimalistas e identitárias, o que impede a formação de agendas de protesto global. A difusão de responsabilidades e competências, a crise de autoria e a presença de instâncias duplas de regulação e legitimação fazem destas sociedades, sociedades poliárquicas. A cooptação, integração e absorção dos protestos reforça a estabilidade e a robustez do sistema que assim se mostra capaz de sobreviver, mesmo contra todas as previsões. .ISEG - SOCIUSRepositório da Universidade de LisboaMarques, Rafael2010-05-20T14:36:28Z20042004-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.5/2031porMarques, Rafael. 2004. "Mecanismos sociais de criação de indústrias em sociedades avançadas". Instituto Superior de Economia e Gestão – SOCIUS Working papers nº 07/2004info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-06T14:33:16Zoai:www.repository.utl.pt:10400.5/2031Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:50:07.203503Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
title |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
spellingShingle |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas Marques, Rafael Movimentos sociais Sociedades industriais Mercado de trabalho Sociologia política Movimentos sociais |
title_short |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
title_full |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
title_fullStr |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
title_full_unstemmed |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
title_sort |
Mecanismos Sociais de Criação de Indústrias em Sociedades Avançadas |
author |
Marques, Rafael |
author_facet |
Marques, Rafael |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Marques, Rafael |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Movimentos sociais Sociedades industriais Mercado de trabalho Sociologia política Movimentos sociais |
topic |
Movimentos sociais Sociedades industriais Mercado de trabalho Sociologia política Movimentos sociais |
description |
Neste paper argumentaremos que as sociedades avançadas são sociedades onde os conflitos radicais tendem a ceder o lugar a conflitos de pequena escala e de raiz identitária e onde a dinâmica de conversão das formas interpessoais de confiança em confianças institucionais implica mecanismos sociais de apaziguamento social. A proliferação de conflitos de elevada extensão e baixa intensidade estabiliza essas sociedades, da mesma forma que as novas indústrias que nelas emergem contribuem para a manutenção do statu quo. Os novos mercados das sociedades avançadas não se orientam prioritariamente para a produção, mas sim para a mediação, para a regulação e para a corretagem social. A litigação, o aconselhamento e a terapêutica constituem as três principais indústrias das sociedades avançadas, sendo responsáveis pela criação de empregos e pela ultrapassagem das crises económicas e sociais. Estas indústrias proliferam no interior de sociedades que se definem como estando em crise ou ameaçadas pelo espectro da insegurança. Nas sociedades avançadas qualquer problema, dificuldade, crise ou ameaça é imediatamente redefinido como oportunidade para a criação de uma nova área de negócio ou para a extensão de uma área a outro domínio adjacente ou ainda para o alargamento da actividade industrial a um novo segmento. Nestas sociedades avançadas todo o protesto e toda a contestação possuem bases minimalistas e identitárias, o que impede a formação de agendas de protesto global. A difusão de responsabilidades e competências, a crise de autoria e a presença de instâncias duplas de regulação e legitimação fazem destas sociedades, sociedades poliárquicas. A cooptação, integração e absorção dos protestos reforça a estabilidade e a robustez do sistema que assim se mostra capaz de sobreviver, mesmo contra todas as previsões. . |
publishDate |
2004 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2004 2004-01-01T00:00:00Z 2010-05-20T14:36:28Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10400.5/2031 |
url |
http://hdl.handle.net/10400.5/2031 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
Marques, Rafael. 2004. "Mecanismos sociais de criação de indústrias em sociedades avançadas". Instituto Superior de Economia e Gestão – SOCIUS Working papers nº 07/2004 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
ISEG - SOCIUS |
publisher.none.fl_str_mv |
ISEG - SOCIUS |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799130976146685952 |