O familiar como cuidador da pessoa com depressão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marques, Maria de Fátima
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Lopes, M. J.
Tipo de documento: Artigo de conferência
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/5948
Resumo: O familiar como cuidador da pessoa com depressão Classificada como transtorno do estado de humor (ICD 10), a depressão é considerada um grande problema de saúde pública, pela forma como pode deteriorar a qualidade de vida dos doentes e implicações sociais que acarreta. Segundo European Alliance Against Depression (EAAD, 2012), estima-se que 18,4 milhões de europeus sofrem de depressão, enquanto um estudo de saúde mental realizado em Portugal (2010), revelou que 7,9% da população tinha perturbações depressivas, resultado superior à média dos países europeus. Sendo o internamento considerado recurso de última linha, é no contexto familiar e social que a pessoa vive a sua depressão, devendo os familiares ser encarados parceiros importantes na prestação de cuidados. É esperado que estes se assumam como cuidadores informais de uma situação clinica que muitas vezes desconhecem e para a qual não estão preparados, por não saber o que fazer. Como cuida o familiar da pessoa com depressão? Objetivos: caraterizar a depressão na perspetiva do familiar e do doente; descrever as estratégias utilizadas pelo familiar para cuidar do doente com depressão. Método: investigação de natureza qualitativa e indutiva, com recurso à Grounded Theory, em 2 polos das consultas externas do departamento de psiquiatria e saúde mental do Hospital de Évora, em duas cidades diferentes, durante fevereiro e julho 2009. Seleção dos participantes por amostra não probabilística intencional com os seguintes critérios: adulto e/ou idoso com diagnóstico clinico de reação depressiva breve ou prolongada (ICD-9); viver com familiares; capacidade cognitiva que permita recolha de dados; participação voluntária do doente e família. Realizaram-se entrevistas narrativas semiestruturadas a 8 famílias, correspondendo a 20 participantes. Resultados: a codificação axial permitiu identificar duas categorias: 1ª - Narrativa da doença (inicio, causas, manifestações e caraterização da depressão). O início é identificado pelo familiar e pelo doente, as causas são só identificadas pelo doente. Para o familiar a depressão manifesta-se por comportamentos agressivos, isolamento, desinvestimento e passividade; é uma coisa má e manipuladora. Para o doente a depressão manifesta-se por sinais somáticos, perda de vontade, tristeza, medo e isolamento; é uma doença da cabeça, não se vê, é inconstante e muda a pessoa. 2ª- Estratégias de cuidados (fuga, indiferença, conflito, chantagem). Como forma de cuidar, o familiar está menos tempo em casa, consome álcool, ignora os comportamentos do doente, provoca situações de conflito para estimular, exige que ele faça atividades e mantém a relação social se o doente o acompanhar. Não participa nas consultas médicas e raramente faz tarefas domésticas. Conclusão: O cuidado adquire características particulares, de conteúdo desadequado à situação de saúde É intenção do familiar ajudar o doente a melhorar e vencer a depressão, mas as estratégias levam a um maior isolamento. Algumas vezes o familiar tem sentimento de culpa não por ter feito algo de mal, mas por ter tido um comportamento mais duro com o doente e não saber se isso é correto. O doente sente-se incompreendido e mal aceite. É importante a intervenção de enfermagem para que os cuidadores tenham orientações e apoio na forma de cuidar, acautelando consequências negativas para o doente.
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