Módulo e proporção na arquitectura medieval
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1997 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/14550 |
Resumo: | A arquitectura erudita medieval repousa sobre a existência de uma estrutura modulada, ou malha, que determina as relações proporcionais entre todos os elementos. Ao confrontarmo-nos com a necessidade de recuperação de monumentos deste período adivinhamos intervenções profundas, muitas delas recentes, com linguagens que pretenderam não deixar marcas, outras devidas a amplições ou derrocadas. A descodificação destes indícios e uma intervenção consciente, necessitam estar suportadas por um método que nos permita trabalhar com segurança e provar a verdadeira volumetria original do edifício medieval, de modo a que as opções posteriores possam ser justificadas. Este método só pode ser constituído a partir da (tentativa da) reformulação do respectivo processo projectual. Este trabalho pretende constituir-se como uma contribuição para a compreensão desta questão. Dadas as características do território nacional no período anterior à reconquista, que apesar de integrado na Península Ibérica, cadinho de influências clássicas, bizantinas e muçulmanas, mantinha, em relação aos eixos de difusão cultural, uma posição periférica. Dado ainda o despovoamento e as fortes marcas trazidas pelos conquistadores/povoadores, balizaremos o nosso trabalho entre os sécs.Xl e XIV. Vocacionaremos preferencialmente a nossa investigação para a arquitectura religiosa, por esta se constituir como um universo coeso e representativo. Para a prossecução destes fins consideramos necessário rabalhar da experiência europeia para a portuguesa por ser por demais conhecida a influência daquela. Hoje qualquer acontecimento é estudado como uma totalidade histórica, tentando-se descodificá-lo nos seus diferentes aspectos e implicações e justificando-o dentro de um sistema estruturante ou de afinidades estruturais. A história factual não tem já qualquer sentido. A contradição entre perfeição do Gótico e "Idade das Trevas", que sistematicamente acompanha a Idade Média, constitui um paradigma interessante. A resolução dessa contradição é um desafio e pretende-se que este trabalho contribua para um modo de olhar mais analítico sobre este período, fornecendo informações sobre o modo como a cultura clássica, nas suas vertentes filosófica, científica e tecnológica era conhecida e determinava o "modus operandi", logo a obra, do homem culto medieval Pretende-se pois um olhar que transmita por um lado, a fixação de elementos adquiridos em civilizações ancestrais, como um contínuo cultural e por outro, a inovação novação e criatividade de um período histórico que normalmente identificamos como violento, catastrófico ou na melhor das hipóteses esotérico. A história da arte remete para a história geral, negando muitas das vezes os contributos que outras áreas de investigação podem aportar para Lima mais profunda compreensão do seu âmbito e uma mais segura justificação das suas análises. Apesar de o afirmar inúmeras vezes, a história da arte esquece amiudadas vezes que cada objecto em estudo, só existe, porque corresponde homoteticamente aos anseios, saberes e competências inerentes ao tempo em que se integra, e portanto para o perceber torna-se necessário conhecer profundamente a sociedade que o produziu. Na história da arte, as afirmações surgem frequentemente, poéticas e adjectivadas, suportadas por analogias superficiais, sem uma análise fundamentada, comparada e metódica da envolvente que as justifica e esgotando-se em semelhanças acidentais de carácter formal. A história da arquitectura, por sua vez, constitui-se como uma vertente erudita da história da arte, mas nem por isso ultrapassa, muitas das vezes, a descrição e comparação dos monumentos, a enumeração (através de termos técnicos) dos seus elementos constituintes e a biografia dos seus autores. Como nos diz Bourdieu:"não é por acaso que a arquitectura Medieval tem, desde sempre, constituído um objecto de predilecção do fervor intuicionista". Por tudo o que ficou dito, dividiremos o nosso trabalho em duas partes, na primeira trataremos das convicções, conhecimentos e técnicas caracterizadores do período em estudo, bem como da sua consubstanciação no referido método projectivo, e na segunda parte aplicaremos as conclusões encontradas, em edifícios religiosos portugueses, representativos das diferentes tipologias. |
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Dadas as características do território nacional no período anterior à reconquista, que apesar de integrado na Península Ibérica, cadinho de influências clássicas, bizantinas e muçulmanas, mantinha, em relação aos eixos de difusão cultural, uma posição periférica. Dado ainda o despovoamento e as fortes marcas trazidas pelos conquistadores/povoadores, balizaremos o nosso trabalho entre os sécs.Xl e XIV. Vocacionaremos preferencialmente a nossa investigação para a arquitectura religiosa, por esta se constituir como um universo coeso e representativo. Para a prossecução destes fins consideramos necessário rabalhar da experiência europeia para a portuguesa por ser por demais conhecida a influência daquela. Hoje qualquer acontecimento é estudado como uma totalidade histórica, tentando-se descodificá-lo nos seus diferentes aspectos e implicações e justificando-o dentro de um sistema estruturante ou de afinidades estruturais. A história factual não tem já qualquer sentido. A contradição entre perfeição do Gótico e "Idade das Trevas", que sistematicamente acompanha a Idade Média, constitui um paradigma interessante. A resolução dessa contradição é um desafio e pretende-se que este trabalho contribua para um modo de olhar mais analítico sobre este período, fornecendo informações sobre o modo como a cultura clássica, nas suas vertentes filosófica, científica e tecnológica era conhecida e determinava o "modus operandi", logo a obra, do homem culto medieval Pretende-se pois um olhar que transmita por um lado, a fixação de elementos adquiridos em civilizações ancestrais, como um contínuo cultural e por outro, a inovação novação e criatividade de um período histórico que normalmente identificamos como violento, catastrófico ou na melhor das hipóteses esotérico. A história da arte remete para a história geral, negando muitas das vezes os contributos que outras áreas de investigação podem aportar para Lima mais profunda compreensão do seu âmbito e uma mais segura justificação das suas análises. Apesar de o afirmar inúmeras vezes, a história da arte esquece amiudadas vezes que cada objecto em estudo, só existe, porque corresponde homoteticamente aos anseios, saberes e competências inerentes ao tempo em que se integra, e portanto para o perceber torna-se necessário conhecer profundamente a sociedade que o produziu. Na história da arte, as afirmações surgem frequentemente, poéticas e adjectivadas, suportadas por analogias superficiais, sem uma análise fundamentada, comparada e metódica da envolvente que as justifica e esgotando-se em semelhanças acidentais de carácter formal. A história da arquitectura, por sua vez, constitui-se como uma vertente erudita da história da arte, mas nem por isso ultrapassa, muitas das vezes, a descrição e comparação dos monumentos, a enumeração (através de termos técnicos) dos seus elementos constituintes e a biografia dos seus autores. Como nos diz Bourdieu:"não é por acaso que a arquitectura Medieval tem, desde sempre, constituído um objecto de predilecção do fervor intuicionista". Por tudo o que ficou dito, dividiremos o nosso trabalho em duas partes, na primeira trataremos das convicções, conhecimentos e técnicas caracterizadores do período em estudo, bem como da sua consubstanciação no referido método projectivo, e na segunda parte aplicaremos as conclusões encontradas, em edifícios religiosos portugueses, representativos das diferentes tipologias.Universidade de Évora2015-05-29T10:30:57Z2015-05-291997-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10174/14550http://hdl.handle.net/10174/14550pordep. 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