O cinema testemunhal de Lúcia Murat
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://ojs.labcom-ifp.ubi.pt/doc/article/view/736 |
Resumo: | Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (Nichols, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (Benjamin, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma. |
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Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (Nichols, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (Benjamin, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (Nichols, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (Benjamin, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (Nichols, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (Benjamin, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.Há evidências de que tanto para a filosofia da narração, dentro do campo da teoria literária, quanto para os estudos de cinema, em especial para a vertente do cinema documentário, a encenação de si, fomentada pelo relato de si mesmo do autor, apresenta uma retórica persuasiva, dotada de estrutura dialogal e dimensão fiduciária, que nos permite refletir sobre a potência e a performatividade do testemunho, sobretudo o testemunho superstes, dos sobreviventes. Objetiva-se, a partir de uma abordagem fenomenológica, analisar os elementos textuais de três dos filmes da cineasta Lúcia Murat e os discursos secundários e terciários das obras em comparação com sua biografia, a fim de compreender a tessitura e a retórica específicas da narrativa cinematográfica de um cinema autorreferente, que versa sobre a experiência de vida da realizadora, ex-guerrilheira, presa política e vítima de tortura na Ditadura Civil-Militar Brasileira de 1964-1985. Além disso, aspira-se debater de que maneira o modo performático (Nichols, 2005) aplicável, em princípio, a somente documentários, poderia ser empregado nos filmes de ficção evocativos de sua autora, ou seja, nos filmes em que se nota a autorrepresentação da cineasta. A hipótese central desta pesquisa é de que Lúcia Murat, ao relatar a si mesma no documentário autobiográfico em primeira pessoa Uma Longa Viagem (2012), e ao construir uma personagem alter ego interpretada por Irene Ravache tanto no documentário Que Bom Te Ver Viva (1989), quanto na ficção A Memória Que Me Contam (2013), permite ao espectador que identifique nos filmes, por meio da leitura documentarizante, o referente real e factográfico de sua história de vida e de seu self, e, sobretudo, que tome os filmes como testemunho da cineasta. Isto, por sua vez, possibilita, no espaço da recepção, transferir para o espectador a acreditação da história transmitida por meio de seu testemunho singular – não qualquer história, “uma história dos vencidos” (Benjamin, 1987), escrita a partir da perspectiva única de vítima e de sobrevivente de experiências traumáticas e de acontecimentos catastróficos. Destarte, este trabalho tem por objetivo último, formular as bases de um cinema testemunhal, que Lúcia Murat faz, de filmes que inscrevem as por vezes invisíveis marcas da violência e elaboram sobre o indizível, intransmissível e irrepresentável trauma.DOC On-lineDOC On-lineDOC On-lineDOC On-line2020-03-17info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://ojs.labcom-ifp.ubi.pt/doc/article/view/736DOC On-line; No. 27: ESCOLAS DE CINEMA: O ENSINO DO DOCUMENTÁRIO / Escuelas de cine: la enseñanza del documental / Film schools: the teaching of documentary / Les écoles de cinéma: l'enseignement du documentaireDOC On-line; Núm. 27: ESCOLAS DE CINEMA: O ENSINO DO DOCUMENTÁRIO / Escuelas de cine: la enseñanza del documental / Film schools: the teaching of documentary / Les écoles de cinéma: l'enseignement du documentaireDOC On-line; No 27: ESCOLAS DE CINEMA: O ENSINO DO DOCUMENTÁRIO / Escuelas de cine: la enseñanza del documental / Film schools: the teaching of documentary / Les écoles de cinéma: l'enseignement du documentaireDOC On-line; N.º 27: ESCOLAS DE CINEMA: O ENSINO DO DOCUMENTÁRIO / Escuelas de cine: la enseñanza del documental / Film schools: the teaching of documentary / Les écoles de cinéma: l'enseignement du documentaire1646-477Xreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttps://ojs.labcom-ifp.ubi.pt/doc/article/view/736https://ojs.labcom-ifp.ubi.pt/doc/article/view/736/pdfDireitos de Autor (c) 2020 DOC On-lineinfo:eu-repo/semantics/openAccessCampos, Raquel Valadares de2024-03-02T05:26:47Zoai:ojs.labcom-ifp.ubi.pt:article/736Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:12:04.696866Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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