Arquitetura Popular em Portugal. Valores expressivos: o espaço-transição
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.26/11141 |
Resumo: | O Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa constitui um notável levantamento gráfico e fotográfico que por si só representa um marco importante para a história da arquitectura e um registo de um Portugal que nesse momento começava a desaparecer. No projecto de investigação que temos vindo a desenvolver desde 2010, o Inquérito é tomado simultaneamente como objecto de estudo e como pretexto para uma reflexão teórica sobre a expressividade arquitectónica a partir de vectores de análise – espessura e espaço-transição – identificados por Pedro Vieira de Almeida (2010) como parâmetros em surdina, por considerar que as suas potencialidades têm sido subestimadas tanto ao nível da análise crítica e no plano da prática concreta. Assim, propusemo-nos tentar identificar o real significado expressivo da categoria espaço-transição na estruturação de uma ideia de habitar, entendendo nós por espaço-transição, um espaço intercalar que se define como sendo um espaço simultaneamente interior e exterior que conjuga uma vertente expressiva com uma vertente social, tal tem vindo a ser definido por Vieira de Almeida desde o início dos anos 60. Para garantir a objectividade da leitura a que nos propomos, foi importante poder contar com um universo de trabalho ‘estabilizado’, como é caso do das arquitecturas a que concretamente se refere o Inquérito, pelo que centramos o nosso estudo em exemplos da chamada arquitectura vernacular, mais concretamente nas estruturas de habitação rural registadas neste levantamento. Este universo de escolha tem, do nosso ponto de vista, a vantagem acrescida de deter uma expressividade arquitectónica ‘espontânea, popular, genuína, no sentido de culturalmente cândida, não dominada por ideias eruditas’. Nesta comunicação pretende-se identificar e estabelecer um primeiro nível de leitura, sempre que possível comparativa e dentro de um quadro de referência, do espaço-transição detectado nos exemplos recolhidos e registados pelos arquitectos do Inquérito em cada uma das 6 zonas de estudo. Note-se que o próprio Inquérito, na análise feita pela equipa da zona 3, considera como elementos significativos de uma certa maneira de habitar, e “porventura os elementos primaciais da Arquitectura Beirã” as varandas alpendradas frequentemente envidraçadas. Num segundo nível de leitura importa compreender de que forma o espaço-transição é entendido e apropriado no modo de habitar: pela análise do significado que os espaços assumem dentro do fogo, assim como a sua articulação e hierarquização com as funções que lhes estão associadas. Efectivamente, numa leitura da habitação assente em duas vertentes complementares: a da privacidade e a da apropriação, o espaço-transição pode ser um instrumento de liberdade do utilizador na forma de habitar. Tendo o Inquérito como universo de estudo, deparamo-nos, porém, com a impossibilidade de o tomar como um todo, na medida em que parece não ter existido uma metodologia transversal ao trabalho seguido pelas seis equipas. Desde logo, numa primeira aproximação ao material gráfico, registado em mapas tipológicos por zona, ressalta de imediato a ausência de compatibilização da sinalética empregue zona a zona o que por si só impossibilita uma análise comparada dos resultados. Foi, portanto decisivo para este trabalho, tratar e trabalhar a documentação existente, através de um processo de sistematização da informação, por etapas, que resultou em mapas-resumo mais “limpos”, que permitem ler todo o território nacional de uma forma mais integrada. É o resultado deste trabalho, no que ao espaço-transição se refere, que esta comunicação procurará apresentar. |
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Assim, propusemo-nos tentar identificar o real significado expressivo da categoria espaço-transição na estruturação de uma ideia de habitar, entendendo nós por espaço-transição, um espaço intercalar que se define como sendo um espaço simultaneamente interior e exterior que conjuga uma vertente expressiva com uma vertente social, tal tem vindo a ser definido por Vieira de Almeida desde o início dos anos 60. Para garantir a objectividade da leitura a que nos propomos, foi importante poder contar com um universo de trabalho ‘estabilizado’, como é caso do das arquitecturas a que concretamente se refere o Inquérito, pelo que centramos o nosso estudo em exemplos da chamada arquitectura vernacular, mais concretamente nas estruturas de habitação rural registadas neste levantamento. Este universo de escolha tem, do nosso ponto de vista, a vantagem acrescida de deter uma expressividade arquitectónica ‘espontânea, popular, genuína, no sentido de culturalmente cândida, não dominada por ideias eruditas’. Nesta comunicação pretende-se identificar e estabelecer um primeiro nível de leitura, sempre que possível comparativa e dentro de um quadro de referência, do espaço-transição detectado nos exemplos recolhidos e registados pelos arquitectos do Inquérito em cada uma das 6 zonas de estudo. Note-se que o próprio Inquérito, na análise feita pela equipa da zona 3, considera como elementos significativos de uma certa maneira de habitar, e “porventura os elementos primaciais da Arquitectura Beirã” as varandas alpendradas frequentemente envidraçadas. Num segundo nível de leitura importa compreender de que forma o espaço-transição é entendido e apropriado no modo de habitar: pela análise do significado que os espaços assumem dentro do fogo, assim como a sua articulação e hierarquização com as funções que lhes estão associadas. Efectivamente, numa leitura da habitação assente em duas vertentes complementares: a da privacidade e a da apropriação, o espaço-transição pode ser um instrumento de liberdade do utilizador na forma de habitar. Tendo o Inquérito como universo de estudo, deparamo-nos, porém, com a impossibilidade de o tomar como um todo, na medida em que parece não ter existido uma metodologia transversal ao trabalho seguido pelas seis equipas. Desde logo, numa primeira aproximação ao material gráfico, registado em mapas tipológicos por zona, ressalta de imediato a ausência de compatibilização da sinalética empregue zona a zona o que por si só impossibilita uma análise comparada dos resultados. Foi, portanto decisivo para este trabalho, tratar e trabalhar a documentação existente, através de um processo de sistematização da informação, por etapas, que resultou em mapas-resumo mais “limpos”, que permitem ler todo o território nacional de uma forma mais integrada. É o resultado deste trabalho, no que ao espaço-transição se refere, que esta comunicação procurará apresentar.Este trabalho foi realizado no âmbito do projecto A “Arquitectura Popular em Portugal. Uma Leitura Crítica, tendo enquanto tal sido Projecto financiado por fundos FEDER através do Programa Operacional Factores de Competitividade – COMPETE (FCOMP-01-0124-FEDER-008832) e por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/AUR-AQI/099063/2008).Município de Arcos de ValdevezRepositório ComumCARDOSO, AlexandraMAIA, Maria HelenaLEAL, Joana Cunha2016-02-01T11:50:10Z2016-012016-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/11141porCARDOSO, Alexandra; MAIA, Maria Helena; LEAL, Joana Cunha - Arquitetura Popular em Portugal. Valores expressivos: o espaço-transição in Actas do 1º Colóquio Internacional ARQUITECTURA POPULAR. Arcos de Valdevez, Municipio de Arcos de Valdezez, 2016, p. 537-544978-972-9136-78-8info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-10T01:46:51Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/11141Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:34:02.583803Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa constitui um notável levantamento gráfico e fotográfico que por si só representa um marco importante para a história da arquitectura e um registo de um Portugal que nesse momento começava a desaparecer. No projecto de investigação que temos vindo a desenvolver desde 2010, o Inquérito é tomado simultaneamente como objecto de estudo e como pretexto para uma reflexão teórica sobre a expressividade arquitectónica a partir de vectores de análise – espessura e espaço-transição – identificados por Pedro Vieira de Almeida (2010) como parâmetros em surdina, por considerar que as suas potencialidades têm sido subestimadas tanto ao nível da análise crítica e no plano da prática concreta. Assim, propusemo-nos tentar identificar o real significado expressivo da categoria espaço-transição na estruturação de uma ideia de habitar, entendendo nós por espaço-transição, um espaço intercalar que se define como sendo um espaço simultaneamente interior e exterior que conjuga uma vertente expressiva com uma vertente social, tal tem vindo a ser definido por Vieira de Almeida desde o início dos anos 60. Para garantir a objectividade da leitura a que nos propomos, foi importante poder contar com um universo de trabalho ‘estabilizado’, como é caso do das arquitecturas a que concretamente se refere o Inquérito, pelo que centramos o nosso estudo em exemplos da chamada arquitectura vernacular, mais concretamente nas estruturas de habitação rural registadas neste levantamento. Este universo de escolha tem, do nosso ponto de vista, a vantagem acrescida de deter uma expressividade arquitectónica ‘espontânea, popular, genuína, no sentido de culturalmente cândida, não dominada por ideias eruditas’. Nesta comunicação pretende-se identificar e estabelecer um primeiro nível de leitura, sempre que possível comparativa e dentro de um quadro de referência, do espaço-transição detectado nos exemplos recolhidos e registados pelos arquitectos do Inquérito em cada uma das 6 zonas de estudo. Note-se que o próprio Inquérito, na análise feita pela equipa da zona 3, considera como elementos significativos de uma certa maneira de habitar, e “porventura os elementos primaciais da Arquitectura Beirã” as varandas alpendradas frequentemente envidraçadas. Num segundo nível de leitura importa compreender de que forma o espaço-transição é entendido e apropriado no modo de habitar: pela análise do significado que os espaços assumem dentro do fogo, assim como a sua articulação e hierarquização com as funções que lhes estão associadas. Efectivamente, numa leitura da habitação assente em duas vertentes complementares: a da privacidade e a da apropriação, o espaço-transição pode ser um instrumento de liberdade do utilizador na forma de habitar. Tendo o Inquérito como universo de estudo, deparamo-nos, porém, com a impossibilidade de o tomar como um todo, na medida em que parece não ter existido uma metodologia transversal ao trabalho seguido pelas seis equipas. Desde logo, numa primeira aproximação ao material gráfico, registado em mapas tipológicos por zona, ressalta de imediato a ausência de compatibilização da sinalética empregue zona a zona o que por si só impossibilita uma análise comparada dos resultados. Foi, portanto decisivo para este trabalho, tratar e trabalhar a documentação existente, através de um processo de sistematização da informação, por etapas, que resultou em mapas-resumo mais “limpos”, que permitem ler todo o território nacional de uma forma mais integrada. É o resultado deste trabalho, no que ao espaço-transição se refere, que esta comunicação procurará apresentar. |
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