Qualidade da vinculação e desenvolvimento sócio-cognitivo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Veríssimo,Manuela
Data de Publicação: 2003
Outros Autores: Monteiro,Lígia, Vaughn,Brian E., Santos,António J.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312003000400001
Resumo: O presente estudo aborda as implicações da qualidade da relação de vinculação no modo como a criança conceptualiza e raciocina sobre o mundo social. Os investigadores que trabalham na área da vinculação defendem que o pensamento social da criança reflecte diferentes internalizações de aspectos das primeiras interacções. Os participantes do estudo foram 50 díades mãe-criança, do distrito de Lisboa, Portugal. A média de idade das crianças era de 41 meses, sendo 27 raparigas e 23 rapazes. As idades das mães variavam entre os 27 e ao 42 anos (α = 32,26; dp = 4.34). As crianças passavam em média 6.80 horas no Jardim-de-infância. As famílias pertenciam à classe social média de acordo com os padrões portugueses. Foi pedido às mães que completassem-se o Attachment Q-Set (Waters, 1995), com vista a analisar a qualidade da relação de vinculação. O pensamento social das crianças foi avaliado através da Bateria de Provas Sócio-cognitivas de Strayer, Gravel, Pagé, e Biazutti (1994). Dois investigadores analisaram o conteúdo do discurso das crianças (Pearson .89). As medidas do pensamento social utilizadas foram a compreensão pró-social, a descentração cognitiva e a descentração afectiva. Através da análise hierárquica de clusters, e com base nas representações maternas foram identificados três grupos de crianças com estilos de vinculação significativamente diferentes. Estes resultados estão, até certo ponto, de acordo com a taxonomia proposta por Ainsworth. Com base nos três grupos de crianças identificados pelas mães, ou seja, o Grupo Seguro, o Grupo Inseguro-Resistente e o Grupo Inseguro-Evitante analisou-se através de uma Análise de Variância a Compreensão Pró-social e a Descentração Cognitiva e Afectiva dos referidos grupos. A nível da Compreensão Pró-social Global não se verificaram diferenças significativas entre os 3 grupos, tal como na Compreensão Pró-social - Resposta. Contudo, na Compreensão Pró-social - Justificação foram encontradas diferenças significativas entre os grupos (f (49, 2)=5.045, p<0.010). Na Descentração Cognitiva Global observaram-se diferenças significativas entre os 3 grupos de crianças (f (48, 2)= 9.073, p<0.000). Na Descentração Cognitiva - Resposta, também se verificaram diferenças significativas entre os 3 grupos de crianças (f (49, 2)=4.749, p<0.13). Na Descentração Cognitiva - Justificação encontraram-se diferenças significativas entre os grupos (f (48, 2) =11,721, p<0.000). Através de uma Análise de Variância não foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos para a Descentração Afectiva Global (F (49, 2)=1,959, p<0.152). Contudo, uma análise Post-Hoc permitiu verificar que existiam diferenças significativas entre os Grupo Seguro e Inseguro Evitante (p>0.05). Os resultados obtidos neste estudo suportam estudos prévios que afirmam que a expressão e compreensão das emoções de crianças, em idade pré-escolar, estão relacionadas com as interacções e a relação estabelecida entre a figura de vinculação durante os períodos da primeira e segunda infância (Denham, 1997; Denham &amp; Couchoud, 1990; Denham, Zoller &amp; Couchoud, 1994).
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