Representação tipológica através da fotografia - silos no Alentejo, partindo da obra de Bernd e Hilla Becher
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/12180 |
Resumo: | (Introdução)Para cada pessoa que visita uma casa privada, haverá talvez 10’000 que apenas a vêem através de fotografias. O conhecimento de obras arquitectónicas, que em tempos apenas seria possível através da visita in loco, actualmente também é adquirido através de variados meios de comunicação, a grande maioria utilizando a fotografia. Esta pode dar-nos uma ideia bastante abrangente do que é a obra construída, a sua volumetria, as texturas dos materiais, espacialidades criadas e até mesmo o tipo de vivências possibilitadas pelo edifício. As fotografias não só são partilhadas pelos professores e colegas, durante a formação académica de um arquitecto, como também são constantemente publicadas em diversos suportes, tais como os livros, revistas e internet. A quantidade de obras arquitectónicas que vamos conhecendo através de fotografias, acaba por ser sempre superior às que conhecemos através das visitas aos edifícios. Devido à subjectividade inerente a estas imagens, ao tentarmos estabelecer comparações entre obras de arquitectura através de fotografias, podemos correr o risco de estarmos, na verdade, a comparar os pontos de vista de cada fotógrafo. Mesmo dentro da própria obra de um fotógrafo, existem vários tipos de pontos de vista, variando consoante a imagem que pretende transmitir de cada um deles. Na fotografia, um ponto de vista sobre a arquitectura pode apenas revelar um conjunto de aspectos que, para o fotógrafo, representam aqueles espaços. Estes podem passar pelas suas qualidades construtivas e funcionais, bem como pelos momentos efémeros e estilos de vida que lhe estão associados. Tendo em conta a diversidade de pontos de vista possíveis sobre os objectos arquitectónicos, propõe-se, com este trabalho, estudar uma metodologia de representação fotográfica, que nos permita documentar, de uma forma sistematizada, diferentes tipos de construções arquitectónicas, com fim de possibilitar a realização de bases de comparação entre eles. Estas bases fotográficas, com os edifícios organizados por tipologias construtivas, possibilitam o estudo e comparação entre construções de carácter semelhante, construídas em tempos e espaços distintos. Este trabalho tem como base de estudo a obra dos fotógrafos Bernd Becher (1931-2007) e Hilla Becher (1934-), em torno da representação tipológica de edifícios industriais. Esta abordagem passa, não só pela compreensão da sua metodologia e das questões intrínsecas à fotografia de arquitectura, como também pela realização de um projecto de documentação fotográfica sobre um tipo de construções arquitectónicas, onde se pretende aplicar e ensaiar os princípios em estudo. Embora intrinsecamente ligadas, as duas formas de aproximação à metodologia dividem-se em dois momentos principais: o estudo teórico e o projecto fotográfico. O estudo teórico parte de uma primeira reflexão em torno do papel da fotografia na concepção da imagem da arquitectura. Procura-se explorar de que modo a fotografia pode condicionar a nossa percepção da obra arquitectónica, de acordo com os pontos de vista do fotógrafo. Esta ideia é desenvolvida à volta da obra de Julius Shulman (1910-2009) , que constitui um paradigma na fotografia de arquitectura das últimas décadas. O estudo em torno de Tipologias surge com a necessidade de organização dos objectos fotografados e da existência de um método de registo fotográfico, que seja comum a todos estes. São abordadas as obras dos alemães August Sander (1876-1964) e Karl Blossfeldt (1864-1932) pela noção tipológica nas suas séries fotográficas, que embora explorando temas distintos, constituem uma importante referência para o trabalho dos Becher. A metodologia desenvolvida pelos Becher é analisada a partir das Esculturas Anónimas, nome pelo qual ficou conhecida a sua obra mais importante, constituída por um conjunto de sete séries fotográficas, que representam vários tipos de construções industriais. O anonimato destas esculturas provém da sua concepção, com uma intenção estritamente funcional e produtiva, que exclui qualquer tipo de intervenção estética por parte do seu projectista. Estas estruturas revelam as suas características funcionais através das suas formas, e quando perdem a sua utilidade são deixadas ao abandono, tornando-se estranhas esculturas no meio da paisagem. Com a constante demolição dos edifícios industriais no Vale do Rühr, em meados do séc XX, Bernd e Hilla Becher iniciam um trabalho de documentação destas, com a intenção de criar uma base de estudo e comparação dos seus sistemas construtivos. A noção tipológica nas fotografias dos Becher está sempre bastante presente, sendo que estas apenas são apresentadas sob a forma de conjuntos, segundo os tipos de construção representados. Estes conjuntos formados por fotografias captadas de uma forma sistematizada e linear, criaram comparações visuais entre objectos da mesma ou entre várias tipologias. Por vezes cada edifício está exposto a partir de fotografias de diferentes vistas, o que faz com que se possa ter uma ideia mais escultórica da representação. Por outro lado a própria dimensão do conjunto exposto, permite ao observador ter várias percepções à medida que se vai aproximando, desde uma vista sobre a tipologia no seu todo, passando pelas comparações entre edifícios, até chegar ao edifício singular. Esta experiência do observador pode-se aproximar à da representação escultórica. A análise teórica em torno da metodologia dos Becher termina com um estudo sobre os aspectos técnicos relacionados com a concretização desta. Após uma introdução sobre o material fotográfico, procura-se compreender as técnicas utilizadas para chegar aos resultados obtidos nos trabalhos do casal alemão. Esta passagem pela técnica fotográfica dos Becher constitui uma base de conhecimento prático para o projecto fotográfico. O projecto fotográfico, exposto na segunda parte do trabalho segue, não só todo o estudo feito nos capítulos anteriores, como também uma aprendizagem empírica no desenvolver da aplicação prática deste. Como modelo para o estudo são escolhidos os silos de cereais no Alentejo, pela sua natureza funcional, bastante vincada nas suas formas, e pela sua condição de pré-ruina, devido ao abandono gerado pela drástica diminuição da produção nas últimas décadas. A desactivação de grande parte das estruturas, e a sua falta de manutenção, levam à deterioração da construção e, em breve, à inevitável demolição. Pretende-se documentar de uma forma tipológica, estas enormes esculturas anónimas, que se impõem na paisagem alentejana, de modo a que sejam possíveis futuros estudos arquitectónicos destas. A metodologia dos Becher será explorada tendo em conta as técnicas da câmara de grande formato, também utilizadas neste trabalho, os estudos de combinação dos conjuntos fotográficos, tais como a organização por tipos e vistas e a sua apresentação, tanto em livro como em exposição. |
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A quantidade de obras arquitectónicas que vamos conhecendo através de fotografias, acaba por ser sempre superior às que conhecemos através das visitas aos edifícios. Devido à subjectividade inerente a estas imagens, ao tentarmos estabelecer comparações entre obras de arquitectura através de fotografias, podemos correr o risco de estarmos, na verdade, a comparar os pontos de vista de cada fotógrafo. Mesmo dentro da própria obra de um fotógrafo, existem vários tipos de pontos de vista, variando consoante a imagem que pretende transmitir de cada um deles. Na fotografia, um ponto de vista sobre a arquitectura pode apenas revelar um conjunto de aspectos que, para o fotógrafo, representam aqueles espaços. Estes podem passar pelas suas qualidades construtivas e funcionais, bem como pelos momentos efémeros e estilos de vida que lhe estão associados. Tendo em conta a diversidade de pontos de vista possíveis sobre os objectos arquitectónicos, propõe-se, com este trabalho, estudar uma metodologia de representação fotográfica, que nos permita documentar, de uma forma sistematizada, diferentes tipos de construções arquitectónicas, com fim de possibilitar a realização de bases de comparação entre eles. Estas bases fotográficas, com os edifícios organizados por tipologias construtivas, possibilitam o estudo e comparação entre construções de carácter semelhante, construídas em tempos e espaços distintos. Este trabalho tem como base de estudo a obra dos fotógrafos Bernd Becher (1931-2007) e Hilla Becher (1934-), em torno da representação tipológica de edifícios industriais. Esta abordagem passa, não só pela compreensão da sua metodologia e das questões intrínsecas à fotografia de arquitectura, como também pela realização de um projecto de documentação fotográfica sobre um tipo de construções arquitectónicas, onde se pretende aplicar e ensaiar os princípios em estudo. Embora intrinsecamente ligadas, as duas formas de aproximação à metodologia dividem-se em dois momentos principais: o estudo teórico e o projecto fotográfico. O estudo teórico parte de uma primeira reflexão em torno do papel da fotografia na concepção da imagem da arquitectura. Procura-se explorar de que modo a fotografia pode condicionar a nossa percepção da obra arquitectónica, de acordo com os pontos de vista do fotógrafo. Esta ideia é desenvolvida à volta da obra de Julius Shulman (1910-2009) , que constitui um paradigma na fotografia de arquitectura das últimas décadas. O estudo em torno de Tipologias surge com a necessidade de organização dos objectos fotografados e da existência de um método de registo fotográfico, que seja comum a todos estes. São abordadas as obras dos alemães August Sander (1876-1964) e Karl Blossfeldt (1864-1932) pela noção tipológica nas suas séries fotográficas, que embora explorando temas distintos, constituem uma importante referência para o trabalho dos Becher. A metodologia desenvolvida pelos Becher é analisada a partir das Esculturas Anónimas, nome pelo qual ficou conhecida a sua obra mais importante, constituída por um conjunto de sete séries fotográficas, que representam vários tipos de construções industriais. O anonimato destas esculturas provém da sua concepção, com uma intenção estritamente funcional e produtiva, que exclui qualquer tipo de intervenção estética por parte do seu projectista. Estas estruturas revelam as suas características funcionais através das suas formas, e quando perdem a sua utilidade são deixadas ao abandono, tornando-se estranhas esculturas no meio da paisagem. Com a constante demolição dos edifícios industriais no Vale do Rühr, em meados do séc XX, Bernd e Hilla Becher iniciam um trabalho de documentação destas, com a intenção de criar uma base de estudo e comparação dos seus sistemas construtivos. A noção tipológica nas fotografias dos Becher está sempre bastante presente, sendo que estas apenas são apresentadas sob a forma de conjuntos, segundo os tipos de construção representados. Estes conjuntos formados por fotografias captadas de uma forma sistematizada e linear, criaram comparações visuais entre objectos da mesma ou entre várias tipologias. Por vezes cada edifício está exposto a partir de fotografias de diferentes vistas, o que faz com que se possa ter uma ideia mais escultórica da representação. Por outro lado a própria dimensão do conjunto exposto, permite ao observador ter várias percepções à medida que se vai aproximando, desde uma vista sobre a tipologia no seu todo, passando pelas comparações entre edifícios, até chegar ao edifício singular. Esta experiência do observador pode-se aproximar à da representação escultórica. A análise teórica em torno da metodologia dos Becher termina com um estudo sobre os aspectos técnicos relacionados com a concretização desta. Após uma introdução sobre o material fotográfico, procura-se compreender as técnicas utilizadas para chegar aos resultados obtidos nos trabalhos do casal alemão. Esta passagem pela técnica fotográfica dos Becher constitui uma base de conhecimento prático para o projecto fotográfico. O projecto fotográfico, exposto na segunda parte do trabalho segue, não só todo o estudo feito nos capítulos anteriores, como também uma aprendizagem empírica no desenvolver da aplicação prática deste. Como modelo para o estudo são escolhidos os silos de cereais no Alentejo, pela sua natureza funcional, bastante vincada nas suas formas, e pela sua condição de pré-ruina, devido ao abandono gerado pela drástica diminuição da produção nas últimas décadas. A desactivação de grande parte das estruturas, e a sua falta de manutenção, levam à deterioração da construção e, em breve, à inevitável demolição. Pretende-se documentar de uma forma tipológica, estas enormes esculturas anónimas, que se impõem na paisagem alentejana, de modo a que sejam possíveis futuros estudos arquitectónicos destas. A metodologia dos Becher será explorada tendo em conta as técnicas da câmara de grande formato, também utilizadas neste trabalho, os estudos de combinação dos conjuntos fotográficos, tais como a organização por tipos e vistas e a sua apresentação, tanto em livro como em exposição.Universidade de Évora2014-12-30T16:27:01Z2014-12-302010-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10174/12180http://hdl.handle.net/10174/12180porDepartamento de Arquitecturateses@bib.uevora.pt327Verde, Pedroinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:56:16Zoai:dspace.uevora.pt:10174/12180Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:05:40.867172Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Devido à subjectividade inerente a estas imagens, ao tentarmos estabelecer comparações entre obras de arquitectura através de fotografias, podemos correr o risco de estarmos, na verdade, a comparar os pontos de vista de cada fotógrafo. Mesmo dentro da própria obra de um fotógrafo, existem vários tipos de pontos de vista, variando consoante a imagem que pretende transmitir de cada um deles. Na fotografia, um ponto de vista sobre a arquitectura pode apenas revelar um conjunto de aspectos que, para o fotógrafo, representam aqueles espaços. Estes podem passar pelas suas qualidades construtivas e funcionais, bem como pelos momentos efémeros e estilos de vida que lhe estão associados. Tendo em conta a diversidade de pontos de vista possíveis sobre os objectos arquitectónicos, propõe-se, com este trabalho, estudar uma metodologia de representação fotográfica, que nos permita documentar, de uma forma sistematizada, diferentes tipos de construções arquitectónicas, com fim de possibilitar a realização de bases de comparação entre eles. Estas bases fotográficas, com os edifícios organizados por tipologias construtivas, possibilitam o estudo e comparação entre construções de carácter semelhante, construídas em tempos e espaços distintos. Este trabalho tem como base de estudo a obra dos fotógrafos Bernd Becher (1931-2007) e Hilla Becher (1934-), em torno da representação tipológica de edifícios industriais. Esta abordagem passa, não só pela compreensão da sua metodologia e das questões intrínsecas à fotografia de arquitectura, como também pela realização de um projecto de documentação fotográfica sobre um tipo de construções arquitectónicas, onde se pretende aplicar e ensaiar os princípios em estudo. Embora intrinsecamente ligadas, as duas formas de aproximação à metodologia dividem-se em dois momentos principais: o estudo teórico e o projecto fotográfico. O estudo teórico parte de uma primeira reflexão em torno do papel da fotografia na concepção da imagem da arquitectura. Procura-se explorar de que modo a fotografia pode condicionar a nossa percepção da obra arquitectónica, de acordo com os pontos de vista do fotógrafo. Esta ideia é desenvolvida à volta da obra de Julius Shulman (1910-2009) , que constitui um paradigma na fotografia de arquitectura das últimas décadas. O estudo em torno de Tipologias surge com a necessidade de organização dos objectos fotografados e da existência de um método de registo fotográfico, que seja comum a todos estes. São abordadas as obras dos alemães August Sander (1876-1964) e Karl Blossfeldt (1864-1932) pela noção tipológica nas suas séries fotográficas, que embora explorando temas distintos, constituem uma importante referência para o trabalho dos Becher. A metodologia desenvolvida pelos Becher é analisada a partir das Esculturas Anónimas, nome pelo qual ficou conhecida a sua obra mais importante, constituída por um conjunto de sete séries fotográficas, que representam vários tipos de construções industriais. O anonimato destas esculturas provém da sua concepção, com uma intenção estritamente funcional e produtiva, que exclui qualquer tipo de intervenção estética por parte do seu projectista. Estas estruturas revelam as suas características funcionais através das suas formas, e quando perdem a sua utilidade são deixadas ao abandono, tornando-se estranhas esculturas no meio da paisagem. Com a constante demolição dos edifícios industriais no Vale do Rühr, em meados do séc XX, Bernd e Hilla Becher iniciam um trabalho de documentação destas, com a intenção de criar uma base de estudo e comparação dos seus sistemas construtivos. A noção tipológica nas fotografias dos Becher está sempre bastante presente, sendo que estas apenas são apresentadas sob a forma de conjuntos, segundo os tipos de construção representados. Estes conjuntos formados por fotografias captadas de uma forma sistematizada e linear, criaram comparações visuais entre objectos da mesma ou entre várias tipologias. Por vezes cada edifício está exposto a partir de fotografias de diferentes vistas, o que faz com que se possa ter uma ideia mais escultórica da representação. Por outro lado a própria dimensão do conjunto exposto, permite ao observador ter várias percepções à medida que se vai aproximando, desde uma vista sobre a tipologia no seu todo, passando pelas comparações entre edifícios, até chegar ao edifício singular. Esta experiência do observador pode-se aproximar à da representação escultórica. A análise teórica em torno da metodologia dos Becher termina com um estudo sobre os aspectos técnicos relacionados com a concretização desta. Após uma introdução sobre o material fotográfico, procura-se compreender as técnicas utilizadas para chegar aos resultados obtidos nos trabalhos do casal alemão. Esta passagem pela técnica fotográfica dos Becher constitui uma base de conhecimento prático para o projecto fotográfico. O projecto fotográfico, exposto na segunda parte do trabalho segue, não só todo o estudo feito nos capítulos anteriores, como também uma aprendizagem empírica no desenvolver da aplicação prática deste. Como modelo para o estudo são escolhidos os silos de cereais no Alentejo, pela sua natureza funcional, bastante vincada nas suas formas, e pela sua condição de pré-ruina, devido ao abandono gerado pela drástica diminuição da produção nas últimas décadas. A desactivação de grande parte das estruturas, e a sua falta de manutenção, levam à deterioração da construção e, em breve, à inevitável demolição. Pretende-se documentar de uma forma tipológica, estas enormes esculturas anónimas, que se impõem na paisagem alentejana, de modo a que sejam possíveis futuros estudos arquitectónicos destas. A metodologia dos Becher será explorada tendo em conta as técnicas da câmara de grande formato, também utilizadas neste trabalho, os estudos de combinação dos conjuntos fotográficos, tais como a organização por tipos e vistas e a sua apresentação, tanto em livro como em exposição. |
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