O Comité de Descolonização da Organização das Nações Unidas e os Movimentos de Libertação das Colónias Portuguesas - 1961-1976

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Aurora Alexandrina Vieira Almada e
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/117547
Resumo: A presente dissertação resulta de um trabalho de investigação realizado no âmbito do Mestrado em História, ministrado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, nos anos lectivos 2006-2008. No essencial procura descortinar a actuação do Comité de Descolonização, criado pela Organização das Nações Unidas em 1961. O principal objectivo deste Comité era fazer aplicar a Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, adoptada no ano anterior, onde se defendia o direito à autodeterminação e à independência. Desde o início das suas actividades, o Comité de Descolonização elegeu as colónias portuguesas como um dos seus principais alvos. Mas, até ao 25 de Abril de 1974, analisou a questão das colónias portuguesas à revelia do governo português que não reconhecia a sua legitimidade. Por isso, procurou interlocutores junto dos movimentos de libertação. Esses movimentos foram uma presença constante nos seus trabalhos. A esses movimentos se associaram organizações civis e internacionais, bem como grupos de oposição portuguesa e personalidades individuais, que apoiavam a luta pela autodeterminação e independência das colónias portuguesas. Deste modo, esta dissertação vai procurar traçar o quadro geral do relacionamento entre o Comité de Descolonização e os movimentos de libertação das colónias portuguesas até 1976, quando surgiram os novos Estados resultantes da descolonização portuguesa. Neste sentido, serão testadas algumas hipóteses de trabalho para se descortinar se os movimentos de libertação foram interlocutores válidos, que permitiram contrariar a ausência portuguesa nos trabalhos do Comité. A pesquisa efectuada demonstrou que o Comité de Descolonização adoptou um conjunto de medidas favoráveis aos movimentos de libertação. Dessas medidas destacam-se, entre outras, os apelos constantes a todos os Estados, às agências especializadas e às instituições internacionais para que apoiassem, por intermédio desses movimentos, a luta dos povos das colónias portuguesas pela autodeterminação e independência. Do mesmo modo, em 1972, o Comité atribuiu aos movimentos de libertação o estatuto de observador, o que lhes permitiu participar mais activamente nos seus trabalhos, e, em 1973, reconheceu-os como legítimos representantes das populações das colónias portuguesas. Porém, essas medidas só beneficiaram os movimentos de libertação que participaram na luta armada. Apesar de no Comité se terem também apresentado movimentos que defendiam meios políticos para alcançar a autodeterminação e a independência das colónias portuguesas, somente alguns dos que utilizavam a via militar para atingirem esse objectivo foram reconhecidos. Esta situação se deveu ao facto de o Comité ter imposto, como requisito para o reconhecimento, que os movimentos controlassem parte do território das colónias, as chamadas áreas libertadas.
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O principal objectivo deste Comité era fazer aplicar a Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais, adoptada no ano anterior, onde se defendia o direito à autodeterminação e à independência. Desde o início das suas actividades, o Comité de Descolonização elegeu as colónias portuguesas como um dos seus principais alvos. Mas, até ao 25 de Abril de 1974, analisou a questão das colónias portuguesas à revelia do governo português que não reconhecia a sua legitimidade. Por isso, procurou interlocutores junto dos movimentos de libertação. Esses movimentos foram uma presença constante nos seus trabalhos. A esses movimentos se associaram organizações civis e internacionais, bem como grupos de oposição portuguesa e personalidades individuais, que apoiavam a luta pela autodeterminação e independência das colónias portuguesas. Deste modo, esta dissertação vai procurar traçar o quadro geral do relacionamento entre o Comité de Descolonização e os movimentos de libertação das colónias portuguesas até 1976, quando surgiram os novos Estados resultantes da descolonização portuguesa. Neste sentido, serão testadas algumas hipóteses de trabalho para se descortinar se os movimentos de libertação foram interlocutores válidos, que permitiram contrariar a ausência portuguesa nos trabalhos do Comité. A pesquisa efectuada demonstrou que o Comité de Descolonização adoptou um conjunto de medidas favoráveis aos movimentos de libertação. Dessas medidas destacam-se, entre outras, os apelos constantes a todos os Estados, às agências especializadas e às instituições internacionais para que apoiassem, por intermédio desses movimentos, a luta dos povos das colónias portuguesas pela autodeterminação e independência. Do mesmo modo, em 1972, o Comité atribuiu aos movimentos de libertação o estatuto de observador, o que lhes permitiu participar mais activamente nos seus trabalhos, e, em 1973, reconheceu-os como legítimos representantes das populações das colónias portuguesas. Porém, essas medidas só beneficiaram os movimentos de libertação que participaram na luta armada. Apesar de no Comité se terem também apresentado movimentos que defendiam meios políticos para alcançar a autodeterminação e a independência das colónias portuguesas, somente alguns dos que utilizavam a via militar para atingirem esse objectivo foram reconhecidos. Esta situação se deveu ao facto de o Comité ter imposto, como requisito para o reconhecimento, que os movimentos controlassem parte do território das colónias, as chamadas áreas libertadas.This essay is the result of a research realized in the context of the Master in History, ministry in the Faculdade de Ciências Sociais e Humanas of the Universidade Nova de Lisboa, in the academic years of 2006-2008. In the essential it seeks to analyse the work of the Decolonization Committee, brought up by the United Nations Oganization in 1961. The main purpose of that Committee was to implement the Declaration on the Granting of Independence to Colonial Countries and Peoples, adopted the year before, were it was established the right to self-determination and independence of all colonial territoires. Since the begning of his activities the portuguese colonies was elected as one of the main target. But, until 25th Abril 1974, the work of the Decolonization Committe concerning the portuguese colonial issue was made without the presence of the portuguese government, who did not recognize his legitimacy. In that sense, the Committee had tried to dialogize with the liberation movements. Those movements were a constant presence in his work. To those movements it was associated civil and international organizations, portuguese resistance groups and individual personalities that supported the struggle for self-determination and independence of the portuguese colonies. So, this essay seeks to draw the general picture of the relation between the Decolonization Committee and the liberation movements of the portuguese colonies until 1976, when new stats were formed after the portuguese decolonization. For that, we will test some hypothesis to try to discover if the liberation movements were valids interlocutors, that allowed the Committee to contradict the portuguese absence from his work. The research made prove that the Decolonization Committee adopted some measures on behalf of thoses movements. From those measures we point out, among others, the constant appeals to all stats, to specialized agencies and to international institutions to help, with the intervention of the liberation movements, the struggle of the people of the portuguese colonies to self-determination and independence. In the same way, the Committee, in 1971, attached to the movements the statut of observer, that allowed them to participated more actively in his work, and, in 1972, recognized them as the legitimate representatives of the people of the portuguese colonies. But, those measures only benefited the movements that were engaged in the armed struggle. Although the Committee had listen movements that defended political methods to reach the self-deterrmination and the independence of the portuguese colonies, only some of those who used the militar way to obtain those objectifs were recognized. That is because the Committee had imposed, as requirement to the recognition, that the movements controled part of the territory of the colonies, the liberated areas.Ferreira, José MedeirosRUNSantos, Aurora Alexandrina Vieira Almada e2021-05-12T16:06:30Z20082008-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/117547porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T05:00:37Zoai:run.unl.pt:10362/117547Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:43:38.810147Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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