Efeito de factores microclimáticos e de fertilidade do solo nos teores fenólicos e de pigmentos do sabugueiro (Sambucus nigra L.)

• Autor(a) principal: Cerdeira, Ângela Maria Cardoso
• Data de Publicação: 2010
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/527
• topic: Sabugueiro; Folhas; Flores; Frutos; Fenóis totais; Fenóis de baixo; Peso molecular; Clorofila a; Clorofila b; Carotenóides; Antocianinas

Desde há séculos que a cultura do sabugueiro (Sambucus nigra L.) tem assumido um papel importante na medicina tradicional, por combater gripes, resfriados e febre. No passado recente, pelos avanços que houve no conhecimento das propriedades fitoquímicas desta planta, em especial no que se refere aos seus conteúdos em certos compostos fenólicos, tem sido usada em múltiplos ensaios visando a cura de algumas doenças. Em Portugal, é na região do Vale do Varosa e Távora, a sul do rio Douro, que se encontra a maior expressão de cultivo do sabugueiro, com a finalidade de produção de baga para exportação, onde é aplicada nas indústrias alimentar e farmacêutica. Este trabalho teve a finalidade de identificar alguns dos componentes responsáveis por uma boa parte das propriedades fitoquímicas da planta – os compostos fenólicos e pigmentos das folhas, flores e frutos – procurando conotar efeitos de parâmetros fisiográficos e edafoclimáticos na expressão do teor naqueles compostos, a fim de melhor orientar os produtores no sentido da plena valorização da cultura. O estudo foi realizado durante a campanha de 2009, em 15 parcelas dispersas por toda a área de produção, onde foram amostradas 10 árvores adultas por parcela, em pomar ou bordadura, e retiradas 45 amostras para análise, considerando factores de clima e solo próprios de cada parcela. Nas folhas o valor médio de fenóis totais foi de 33 mg de Ácido Gálico por grama de peso seco (mgAG/g Ps) dos quais 31,5 mg/g (99.5%) eram de baixo peso molecular. Os pigmentos apresentaram um total médio de 2722 mg/g Ps, dos quais 2687 mg/g (99%) eram carotenóides. Nas flores, teor médio de fenóis totais foi de 36,66 mg/g Ps, e a massa total de pigmentos atingiu 169,6 mg/g Ps, dos quais 168,1 mg/g (99%) eram carotenóides. Nos frutos, os fenóis atingiram 37,6 mg/g Ps, e os pigmentos uma massa de 256,08 mg/g Ps, 229,12 (89,47%) dos quais eram carotenóides, e 23,52 (9,18%) antocianinas. Este trabalho permitiu verificar que a ocorrência de fenóis totais nas folhas, flores e frutos do sabugueiro se relacionou em 99% com factores de fertilidade do solo (positivamente, com o grau de saturação em bases e o teor em magnésio). Os fenóis de baixo peso molecular nas folhas relacionaram-se moderadamente com os elementos e factores do clima (humidade relativa, radiação e declive), e mais intensamente com factores do solo (a riqueza do complexo de troca, o magnésio, o grau de saturação em potássio e o teor em cobre). As clorofilas e carotenóides também evidenciaram uma correlação positiva com os elementos e factores do clima (humidade relativa, vento, radiação e declive) mas na solução do solo, o grau de saturação em cálcio e em bases, a acidez do alumínio de troca e o cobre foram mais influentes na sua ocorrência. Por sua vez, as antocianinas nos frutos dependeram dos factores de fertilidade do solo, aumentando com o evoluir do estado vegetativo e o teor de fósforo. Assim, e por analogia com o verificado para outras culturas, parece poder-se afirmar que o Sabugueiro é uma espécie cuja potencialidade de fornecimento dos produtos para que é cultivado aumenta com a disponibilidade de nutrientes no solo e com a melhoria das condições microclimáticas que favorecem a qualidade dos frutos, entre as quais sobressaem a radiação e o arejamento das copas. Por conseguinte, para obter dele as melhores produções, os agricultores devem manter os terrenos de com bom nível de fertilidade, fazendo fertilizações equilibradas, ricas em cálcio e em magnésio, uma vez que os teores dos terrenos nesses elementos são naturalmente baixos; todavia, não podem ser descurados os outros macro e microelementos, a fim de criarem e manterem o complexo de troca com baixos teores em alumínio, cujo excesso é sempre responsável por prejuízos no crescimento e na qualidade e quantidade das produções, tanto de folhas como de flores e de frutos.