Produção e utilização de carvões ativados a partir de lamas de ETAR no tratamento de lixiviados de ateeros sanitários
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.26/39547 |
Resumo: | Este trabalho estudou a valorização de lamas geradas em ETAR na produção de carvões ativados para serem aplicados como adsorventes. As lamas de ETAR foram utilizadas sem pré-tratamento de desmineralização (DS) e com pré-tratamento de desmineralização (DSD), e posteriormente submetidas a carbonização/ativação com agentes químicos, K2CO3 e KOH, e com CO2. A adsorção de ácidos húmicos, macromolécula que caracteriza a principal fração orgânica dos lixiviados de aterros estáveis, foi estudada com os materiais adsorventes desenvolvidos, simulando assim o tratamento a um lixiviado “estável”. Os carvões produzidos foram também aplicados na adsorção de uma amostra de lixiviado recolhida num aterro sanitário classificado como estável. O processo de adsorção decorreu em modo contínuo com colunas de leito fixo empacotadas com os adsorventes desenvolvidos e o desempenho dos materiais produzidos foi comparado com o de um carvão comercial, BDH. Os carvões obtidos de lamas que não sofreram desmineralização (DS), apresentaram rendimentos de ativação mais elevados em relação aos carvões de lamas desmineralizadas (DSD) e por sua vez, os carvões resultantes da ativação física com CO2 apresentaram os rendimentos de ativação mais elevados. No entanto, o baixo rendimento de ativação na obtenção dos carvões derivados das lamas DSD foi compensado com elevadas áreas específicas (950 – 1008 m2/g) destes materiais comparáveis à área do carvão comercial BDH (914 m2/g). Relativamente à química de superfície, os carvões derivados de lamas são caracterizados por elevados teores de minerais e caráter alcalino, enquanto o carvão comercial apresenta baixo teor de cinzas e propriedades ácidas. Nos ensaios de adsorção de ácidos húmicos (AHs) observou-se que os carvões com densidades mais baixas, proporcionam maiores alturas de leito (Z), que resultam em zonas de transferência de massa (ZTM) mais elevadas e, portanto, maiores capacidades de adsorção de AHs. Também foi possível comprovar que os carvões com essas características, nomeadamente as amostras DSD-K2CO3 e DSD-KOH, tiveram tempos de saturação superiores aos restantes. A capacidade de adsorção total (qtotal) da coluna foi assim superior para esses carvões, no entanto, apresentaram os valores mais baixos de eficiência de remoção de AHs. Concluiu-se também que que as colunas apresentavam pior desempenho na remoção de AHs a partir do lixiviado real do que a partir da solução sintética de AHs devido à competição de outros componentes presentes no lixiviado. A aplicação do modelo de Thomas às curvas de rutura experimentais não conseguiu em alguns casos um bom ajuste devido às cinéticas de adsorção muito longas que poderão estar associadas a limitações difusionais ou ao próprio mecanismo de adsorção. Concluiu-se ainda que os carvões provenientes de ativação das lamas com KOH apresentam a maior capacidade de adsorção de AHs, 91,4 – 144,1 mg/g, em particular o carvão derivado de lamas submetidas a desmineralização, apresentando-se como uma alternativa viável e com desempenho francamente superior ao do carvão comercial. |
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Produção e utilização de carvões ativados a partir de lamas de ETAR no tratamento de lixiviados de ateeros sanitáriosLamas de ETARCarvão ativadoKOHÁcidos húmicosLixiviadoSewage sludgeActivated carbonHumic AcidsLeachateEste trabalho estudou a valorização de lamas geradas em ETAR na produção de carvões ativados para serem aplicados como adsorventes. As lamas de ETAR foram utilizadas sem pré-tratamento de desmineralização (DS) e com pré-tratamento de desmineralização (DSD), e posteriormente submetidas a carbonização/ativação com agentes químicos, K2CO3 e KOH, e com CO2. A adsorção de ácidos húmicos, macromolécula que caracteriza a principal fração orgânica dos lixiviados de aterros estáveis, foi estudada com os materiais adsorventes desenvolvidos, simulando assim o tratamento a um lixiviado “estável”. Os carvões produzidos foram também aplicados na adsorção de uma amostra de lixiviado recolhida num aterro sanitário classificado como estável. O processo de adsorção decorreu em modo contínuo com colunas de leito fixo empacotadas com os adsorventes desenvolvidos e o desempenho dos materiais produzidos foi comparado com o de um carvão comercial, BDH. Os carvões obtidos de lamas que não sofreram desmineralização (DS), apresentaram rendimentos de ativação mais elevados em relação aos carvões de lamas desmineralizadas (DSD) e por sua vez, os carvões resultantes da ativação física com CO2 apresentaram os rendimentos de ativação mais elevados. No entanto, o baixo rendimento de ativação na obtenção dos carvões derivados das lamas DSD foi compensado com elevadas áreas específicas (950 – 1008 m2/g) destes materiais comparáveis à área do carvão comercial BDH (914 m2/g). Relativamente à química de superfície, os carvões derivados de lamas são caracterizados por elevados teores de minerais e caráter alcalino, enquanto o carvão comercial apresenta baixo teor de cinzas e propriedades ácidas. Nos ensaios de adsorção de ácidos húmicos (AHs) observou-se que os carvões com densidades mais baixas, proporcionam maiores alturas de leito (Z), que resultam em zonas de transferência de massa (ZTM) mais elevadas e, portanto, maiores capacidades de adsorção de AHs. Também foi possível comprovar que os carvões com essas características, nomeadamente as amostras DSD-K2CO3 e DSD-KOH, tiveram tempos de saturação superiores aos restantes. A capacidade de adsorção total (qtotal) da coluna foi assim superior para esses carvões, no entanto, apresentaram os valores mais baixos de eficiência de remoção de AHs. Concluiu-se também que que as colunas apresentavam pior desempenho na remoção de AHs a partir do lixiviado real do que a partir da solução sintética de AHs devido à competição de outros componentes presentes no lixiviado. A aplicação do modelo de Thomas às curvas de rutura experimentais não conseguiu em alguns casos um bom ajuste devido às cinéticas de adsorção muito longas que poderão estar associadas a limitações difusionais ou ao próprio mecanismo de adsorção. Concluiu-se ainda que os carvões provenientes de ativação das lamas com KOH apresentam a maior capacidade de adsorção de AHs, 91,4 – 144,1 mg/g, em particular o carvão derivado de lamas submetidas a desmineralização, apresentando-se como uma alternativa viável e com desempenho francamente superior ao do carvão comercial.This work studied the valorization of sludge generated in ETAR in the production of activated carbons to be applied as adsorbents. The sludge was used without demineralization pre-treatment (DS) and with demineralization pre-treatment (DSD) and were subjected to carbonization/activation with chemical agents, K2CO3 e KOH, and with CO2. The adsorption of humic acids, a macromolecule that characterizes the main organic fraction of leachate from stable landfills, was studied with the developed adsorbent materials, thus simulating the treatment to a “stable” leachate. The carbons produced were also applied to the adsorption of a leachate sample collected from a sanitary landfill classified as stable. The adsorption process was carried out in continuous mode with fixed bed columns packed with the developed adsorbents and the performance of the materials produced was compared with that of a commercial coal, BDH. The sludge carbons that did not undergo demineralization (DS) showed higher activation yields compared to the demineralized sludge carbons (DSD) and, in turn, the carbons resulting from physical activation with CO2 showed the highest activation yields. However, the low activation efficiency of the materials derived from DSD sludge was compensated with high specific areas (950 – 1008 m2/g) comparable to the area of commercial carbon BDH (914 m2/g). Regarding surface chemistry, carbons derived from sludge were characterized by high mineral content and alkaline character, while commercial carbon had low ash content and acidic properties. In the humic acid (HAs) adsorption tests, it was observed that the carbons with lower density, thus with higher bed heights (Z) provided higher mass transfer zones (MTZ) and, therefore, greater HAs adsorption capacities. It was also possible to prove that the carbons with these characteristics, namely the DSD- K2CO3 and DSD-KOH samples, had longer saturation times than the others. The total adsorption capacity (qtotal) of the column was thus higher for these carbons, however, they presented the lowest values of HAs removal efficiency. It was also concluded that the columns performed worse in removing HAs from the real leachate than from the synthetic HAs solution due to competition from other components present in the leachate. The application of the Thomas model to the experimental rupture curves did not achieve a good fit in some cases due to the very long adsorption kinetics that may be associated with diffusional limitations or the adsorption mechanism itself. It was also concluded that the carbons from the activation of sludge with KOH have the highest adsorption capacity of AHs, 91.4 – 144.1 mg/g, in particular the carbon derived from sludge submitted to demineralization, presenting itself as a viable alternative and with performance clearly superior to that of commercial carbon.Gomes, GabrielaRepositório ComumVicente, Diogo Miguel Reis2023-03-31T00:30:35Z2022-022022-02-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.26/39547TID:203248830porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-21T09:56:37Zoai:comum.rcaap.pt:10400.26/39547Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T23:12:08.022599Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Este trabalho estudou a valorização de lamas geradas em ETAR na produção de carvões ativados para serem aplicados como adsorventes. As lamas de ETAR foram utilizadas sem pré-tratamento de desmineralização (DS) e com pré-tratamento de desmineralização (DSD), e posteriormente submetidas a carbonização/ativação com agentes químicos, K2CO3 e KOH, e com CO2. A adsorção de ácidos húmicos, macromolécula que caracteriza a principal fração orgânica dos lixiviados de aterros estáveis, foi estudada com os materiais adsorventes desenvolvidos, simulando assim o tratamento a um lixiviado “estável”. Os carvões produzidos foram também aplicados na adsorção de uma amostra de lixiviado recolhida num aterro sanitário classificado como estável. O processo de adsorção decorreu em modo contínuo com colunas de leito fixo empacotadas com os adsorventes desenvolvidos e o desempenho dos materiais produzidos foi comparado com o de um carvão comercial, BDH. Os carvões obtidos de lamas que não sofreram desmineralização (DS), apresentaram rendimentos de ativação mais elevados em relação aos carvões de lamas desmineralizadas (DSD) e por sua vez, os carvões resultantes da ativação física com CO2 apresentaram os rendimentos de ativação mais elevados. No entanto, o baixo rendimento de ativação na obtenção dos carvões derivados das lamas DSD foi compensado com elevadas áreas específicas (950 – 1008 m2/g) destes materiais comparáveis à área do carvão comercial BDH (914 m2/g). Relativamente à química de superfície, os carvões derivados de lamas são caracterizados por elevados teores de minerais e caráter alcalino, enquanto o carvão comercial apresenta baixo teor de cinzas e propriedades ácidas. Nos ensaios de adsorção de ácidos húmicos (AHs) observou-se que os carvões com densidades mais baixas, proporcionam maiores alturas de leito (Z), que resultam em zonas de transferência de massa (ZTM) mais elevadas e, portanto, maiores capacidades de adsorção de AHs. Também foi possível comprovar que os carvões com essas características, nomeadamente as amostras DSD-K2CO3 e DSD-KOH, tiveram tempos de saturação superiores aos restantes. A capacidade de adsorção total (qtotal) da coluna foi assim superior para esses carvões, no entanto, apresentaram os valores mais baixos de eficiência de remoção de AHs. Concluiu-se também que que as colunas apresentavam pior desempenho na remoção de AHs a partir do lixiviado real do que a partir da solução sintética de AHs devido à competição de outros componentes presentes no lixiviado. A aplicação do modelo de Thomas às curvas de rutura experimentais não conseguiu em alguns casos um bom ajuste devido às cinéticas de adsorção muito longas que poderão estar associadas a limitações difusionais ou ao próprio mecanismo de adsorção. Concluiu-se ainda que os carvões provenientes de ativação das lamas com KOH apresentam a maior capacidade de adsorção de AHs, 91,4 – 144,1 mg/g, em particular o carvão derivado de lamas submetidas a desmineralização, apresentando-se como uma alternativa viável e com desempenho francamente superior ao do carvão comercial. |
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