An effective method for assessing effects of notake zones in reef fish species: applied in a MPA in Tanzania

• Autor(a) principal: Lobera Fernández, Jacqueline
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: eng
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.1/19101
• topic: Amostragem futura; C. sordidus; Sazonalidade; Visibilidade; Metodo proposto; Domínio/Área Científica::Ciências Naturais::Outras Ciências Naturais

Os estudos de monitorização de Áreas Marinhas Protegidas (MPA) em países em desenvolvimento nos trópicos, onde ocorre a maior proporção de recifes de coral do mundo, tendem a ser demasiado ambiciosos no início, confiando em recursos financeiros e humanos tão elevados que, quando o financiamento parar, o estudo acabará por não ser continuado e não se obterão resultados reais. Além disso, a variabilidade na selção de diferentes técnicas de amostragem, bem como a temporalidade e área abrangida, de acordo com a experiência e preferências do investigador neste tipo de estudo de monitorização, significa que os resultados dos estudos em MPAs estabelecidos em habitats semelhantes, sob as mesmas ameaças e condições de gestão, não são comparáveis. Para além da obtenção de dados com melhor valor estatístico para caracterizar as MPA, nas áreas protegidas estabelecidas para proteger os recursos vivos de artes de pesca destrutivas e sobre-exploração, o objectivo é obter dados científicos fiáveis sobre o estado da área em questão para a gestão da pesca. Esses dados servem para ajudar gestores responsáveis pela fixação de restrições dentro da área e para que, a longo prazo, a área em questão abasteça os recursos pesqueiros locais e, portanto, a população local cuja principal fonte de proteínas provém dos recursos marinhos, através da exportação de adultos. Este estudo teve por objetivo desenvolver e demonstrar uma técnica fácil de usar, barata e precisa para a avaliação das populações de espécies de peixes associados a recifes importantes para a pesca local. Para isso, avaliamos factores que podem interferir com a amostragem e a obtenção de resultados fiáveis para melhoramento, e descrevemos as características estatísticas dos dados obtidos de forma prática numa área marinha protegida na ilha de Pemba, Tanzânia, denominada ‘Kwanini Marine Protected Area’ (KMPA). Com os resultados obtidos, procurámos responder a duas questões: (i) houve variação na abundância e/ou biomassa desde a imposição de proibições à colheita de recursos marinhos de todos os tipos no âmbito do KMPA? E, (ii) um ano após a imposição da lei de não utilização é tempo suficiente para ver as diferenças entre a KMPA e as áreas não geridas circundantes? A amostragem foi levada a cabo por dois mergulhadores utilizando scuba em circuito aberto. Nadando a uma determinada profundidade e a uma velocidade constante, o primeiro mergulhador levou a câmara GoPro e uma extremidade de uma fita métrica. O segundo mergulhador levava a outra extremidade da fita e alertava o primeiro mergulhador quando alcançava o limite de transecto para parar a gravação. Foi deixada uma distância de 10 m entre os transectos para evitar a duplicação de informação. Desta forma, foram obtidos vídeos de 50 cm x 5 cm transectos dentro e fora da KMPA e a diferentes profundidades para quatro campanhas: Julho 2019, Outubro 2019, Janeiro 2020 e Novembro 2021. A fim de padronizar o método, foi feita uma pré-selecção de espécies importantes na pesca e associadas aos recifes de coral KMPA: Lethrinus harak (Lethrinidae), Macolor niger (Lutjanidae), Parupeneus macronemus (Mullidae), Chlorurus sordidus (Scaridae) e Cephalopholis miniata (Serranidae). Desta forma, o investigador apenas teria de procurar indivíduos desta espécie, contá-los e classificá-los em classes de tamanho prédeterminado (pré-adulto, adulto e veterano, de acordo com os registos da literatura). Algumas espécies de peixes pequenos recorrentes nos vídeos e associados aos recifes de coral foram utilizados como referências de tamanho quando havia qualquer dúvida na classificação de tamanho de um determinado indivíduo. A necessidade de peritos em censos de peixes por parte dos colectores de dados foi assim minimizada em comparação com as técnicas de observação in-situ utilizadas noutros estudos. Posteriormente, utilizando a abundância de indivíduos, o comprimento total médio (cm) das categorias de tamanho de cada espécie e as relações comprimento-peso específico de cada espécie obtidas em estudos anteriores, foi possível calcular a biomassa de cada espécie por transecto (g/m2). As espécies mais amostradas neste estudo foram P. macronemus (N=207) e C. sordidus (N=238). Os dados de M. niger foram ignorados na análise estatística devido ao baixo número de indivíduos amostrados (N=9). Os resultados da análise estatística dos dados de biomassa para cada espécie mostraram diferenças estatisticamente significativas entre as campanhas (Kruskal-Wallis, P<0,05) para a espécie C. sordidus. Os resultados mostraram respostas negativas às perguntas sobre efeitos de gestão, selecionadas como objetivos de estudo. No entanto, pensa-se que isso pode ser devido à curta escala temporal, dado que a amostragem durou apenas 2 anos e que se pode ver nos resultados uma relação positiva entre o tamanho da amostra e as diferenças entre estações de amostragem, prevemos com alguma confiança que no futuro serão obtidas diferenças significativas para o resto das espécies pré-seleccionadas, especialmente para P. macronemus, se algumas fontes de erro, tais como condições de sazonalidade e visibilidade forem minimizadas na concepção da amostragem futura e a recolha de dados continuar a aumentar. Em conclusão, o método proposto neste estudo é suficientemente preciso para caracterizar o estatuto relativo do KMPA e outros MPAs semelhantes, e fornecerá à equipa de gestão do MPA conteúdo científico suficiente para ajudar nas decisões futuras relativas às limitações impostas, encorajar mais apoio financeiro, justificar o financiamento e inspirar outras organizações a criar novos MPAs. Além disso, o aperfeiçoamento dos potenciais erros de amostragem encontrados ao longo dos seus testes permitirá que o método descrito neste estudo seja exportado para outras regiões, de modo a que a comunidade científica possa estabelecer uma rede de AMP cujo acompanhamento proporcione resultados comparáveis, não só para aprender com as realizações uns dos outros, mas também para ajudar na recuperação dos recifes de coral que estas medidas legais protegem e para mitigar, tanto quanto possível, os efeitos das alterações climáticas neste rico habitat.