Acção do Fumo do Tabaco nas Respostas Inflamatória e Imunitária (Avaliação "in vivo" e "in vitro")

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos-Rosa, M.
Data de Publicação: 1988
Outros Autores: Mota-Pinto, A., Gração, M. F., Lima, M. A., Leite, A. C. P., Robalo Cordeiro, A. J. A.
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/25460
Resumo: O fumo de tabaco tem sido implicado na produção de diversas alterações das respostas inflamatória e imunitária, não só a nível do compartimento broncoalveolar, mas também no sangue periférico, embora ainda se encontrem por esclarecer algumas destas alterações. Em relação à resposta inflamatória, a acção do fumo de trabaco sobre o inibidor alfa-1 das proteases (IA1P) é da maior importância, mas apesar de ser conhecido que o fumo de tabaco bloqueia, intensamente, a acção funcional desta proteína no pulmão profundo, não é claro que tal se passe em situação “fisiológica”, ou que este bloqueio funcional atinja o compartimento sistémico. Estudos “in vivo”. Num grupo de 929 indivíduos sem queixas clínica, recrutados de forma aleatória a partir do Norte, do Centro e do Sul de Portugal, estudamos, no soro, a resposta imunitária humoral (imunoglobulinas G, A, M e E), a resposta inflamatória aguda proteica (IA1P, Alfa-2-Macroglobulina-A2M, Haptoglobina-HPT e a Proteína C-Reactiva-PCR) e a Capacidade Inibidora da Tripsina (CIT); a CIT/gIA1P foi obtida, matematicamente, através da fórmula: CIT/gIA1P=CIT/IA1Px100. O sexo masculino representava 61% deste grupo, com uma idade média de 40±13 anos; 36% eram fumadores (F), com uma carga tabágica de 23,8±20,8 maços-ano. O sexo feminino atingia 39%, com uma idade média de 39±17 anos; 7% eram fumadores, com uma carga tabágica de 5,3±4,5 maços-ano. Os resultados analíticos mostraram uma diminuição da concentração sérica da IgG e da IgM e um aumento da IgE no subgrupo dos fumadores. Algumas proteinas da resposta inflamatória (IA1P e HPT) estavam, também, aumentadas neste subgrupo. A CIT não mostrou variações assinaláveis, enquanto que a CIT/gIA1p estava diminuída nos fumadores com uma carga tabágica de 10 a 19 maços-ano, quando comparada com a de não fumadores (NF), equiparados, individualmente, por idade e sexo. Estudos “in vitro”. Acção do fumo de tabaco no líquido de lavagem broncoalveolar: O fumo de cigarro foi borbulhado, directamente, ou depois de diluição com o ar atmosférico, em Líquidos de Lavagem Broncoalveolar (fumadores e não fumadores). Os resultados apontaram para uma dimiuição intensa da CIT e da Capacidade Inibidora da Elastase (CIE) depois da acção do fumo do cigarro, especialmente quando o fumo era borbulhado, directamente, no LLBA. Acção do fumo do tabaco no crescimento celular. Na tentativa de se obter um processo automatizado para o estudo "in vitro" da acção do fumo de tabaco no crescimento e diferenciação celulares, desenvolvemos um protocolo analítico especial, adaptado ao "Mutascreen". Neste protocolo, quantidades crescentes de solução salina de fumo de cigarro eram misturadas e incubadas com Salmonella typhimurium TA100. Durante 24 horas, de 10 em 10 minutos, foram recolhidos os dados espectrofotométricos destas culturas. Os resultados obtidos com as soluções salinas de fumo de tabaco mostraram um atraso no início do crescimento celular (ICC), um aumento do tempo médio de gestação celular (TMGC) e uma intensa diminuição da taxa médica de sobrevivência celular (TMSC). Estes estudos sugerem uma acção inibidora do fumo de tabaco sobre a resposta imunitária humoral, a estimulação das proteínas da resposta inflamatória e uma pronunciada acção depressora ("in vitro") da capacidade antiproteásica do IA1P e do crescimento celular Salmonella. Esta última acção, a manter-se semelhante em relação a células humanas, é particularmente importante no sentido de uma melhor compreensão e discussão das reacções orgânicas celulares, despertadas pelo fumo de tabaco.
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