O efeito das alterações climáticas nas doenças vetoriais em cães

• Autor(a) principal: Gregório, Marta dos Santos
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.26/41799
• topic: Doenças vetoriais caninas; Alterações climáticas; Zoonoses; Uma só saúde; Canine Vector-borne diseases; Climate changes; Zoonoses; One health

As doenças de origem vetorial são doenças causadas por diferentes agentes patogénicos e transmitidas por artrópodes hematófagos que, ao longo do seu ciclo de vida, se alimentam em diferentes hospedeiros, podendo desta forma transmitir agentes patogénicos. Várias espécies animais são hospedeiros de parasitas vetores podendo ser infetados por agentes patogénicos por eles transmitidos. Muitas vezes estes agentes patogénicos apresentam um largo espectro de hospedeiros recetivos, incluindo o Homem pelo que é utilizado o termo zoonose. A distribuição geográfica dos vetores é fortemente influenciada pela presença de hospedeiros, mas também pelas condições geoclimáticas. Durante a segunda metade do século XX foi observado um aumento da temperatura média da atmosfera terrestre, tendo sido prevista a ocorrência de alterações climáticas com as suas consequências / ameaças para a Saúde Global no futuro. Uma das consequências das alterações climáticas é a influencia na epidemiologia de doenças vetoriais. Este trabalho apresenta uma revisão da literatura existente relativamente ao impacto das alterações climáticas nas Doenças Vetoriais Caninas. A escolha deste tema foi sustentada pelo facto de i) o Estágio Curricular ter sido realizado na área de Clínica de Animais de Companhia, ii) ao longo dos últimos anos se tem verificado uma maior proximidade física entre os animais de companhia, como o cão, e os seus tutores, iii) as Doenças Vetoriais têm uma ocorrência não negligenciável em Portugal, iv) as alterações climáticas são um tema que suscita grande preocupação ao nível mundial. Numa primeira parte é feito um enquadramento ao tema alterações climáticas, prosseguindo-se com a análise da sua influência da dinâmica da população de vetores e da influência das alterações climáticas na ocorrência de Doenças Vetoriais Caninas, como Dirofilariose Canina, Babesiose Canina, Anaplasmose Granulocítica, Anaplasmose Trombocítica, Erliquiose Monocítica Canina, Doença de Lyme e Leishmaniose Canina no contexto europeu e em Portugal. A revisão da literatura realizada permitiu-nos constatar que as alterações climáticas ocorridas ao longo das últimas décadas interferiram com o complexo agente patogénico/vetor/hospedeiro, sendo mais evidente em regiões de clima temperado, em regiões peri-árticas e árticas; e em regiões de elevada altitude nos trópicos. A epidemiologia das doenças vetoriais tem vindo a sofrer alterações em todo o mundo, tornando essencial a monitorização e vigilância bem como a adoção de novas estratégias de controlo. Neste contexto, o conceito de Uma Só Saúde (One Health) destaca-se uma vez que o impacto das alterações climáticas interfere não apenas com a saúde animal, mas também com a saúde humana e com a saúde ambiental. O médico veterinário assume um papel importante enquanto agente ativo de uma Saúde Global.