Underwater assessments revealed a raydominated assemblage in the elasmobranch reef communities along Sabah's coastal waters
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | eng |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.1/19103 |
Resumo: | Os elasmobrânquios, também conhecidos como Chondrichthyes (peixes cartilagíneos), são compostos por tubarões, raias, patas e quimeras. Durante as últimas décadas, a procura global de produtos de tubarão (barbatanas, guelras, carne, cartilagem) levou a uma sobreexploração causando uma enorme queda da diversidade e abundância de elasmobrânquios. Paralelamente disso, a expansão e urbanização da costa estão a induzir mudanças comportamentais e destruição de habitats das espécies costeiras. Sendo estas K - espécies selecionadas (longa duração, baixo número de descendentes, maturidade sexual tardia, etc...), são sensíveis à degradação dos seus ecossistemas e à sobrepesca. De facto, como consequência da sobrepesca, a maioria das espécies de elasmobrânquios são agora consideradas em perigo ou ameaçadas. No Estado de Sabah (ilha de Bornéu, Malásia), os elasmobrânquios são consumidos localmente ou exportados para os principais mercados estrangeiros (Singapura, Hong Kong e China), onde a sopa de barbatanas de tubarão é considerada uma importante iguaria. Os elasmobrânquios não são espécies alvo das pescarias, sendo capturados principalmente como capturas acessórias (“bycatch”) em redes de arrasto e redes de deriva. No entanto, os pescadores da pesca artesanal ou pequena pesca retêm-nos quando os capturam, uma vez que estes representam uma fonte extra de rendimento. No âmbito do consumo local, o povo malaio utiliza todo o corpo dos elasmobrânquios, quer para alimentação (carne e barbatanas, diferentes formas de consumo), quer para cuidados pessoais (cartilagem, dentes, maxilares). Em 2016 foi elaborado na Malásia um Plano Nacional de Ação para os tubarões (NPOA-Sharks), que visa promover a sua conservação, gestão e sensibilização através de 7 itens principais. Em 2014, o NPOA-Shark foi melhorado e, este verão, quando estive na Malásia, o meu orientador local participou num simpósio com o objetivo de escrever o NPOA-Shark 2. Apesar da fiscalização da pesca, a Malásia, e especialmente o estado de Sabah, continua a ser um importante mercado asiático para o comércio de barbatanas de tubarão. Estudos nacionais realizados na última década mostraram que a maioria dos pescadores da pequena pesca são contra a proibição total da pesca de elasmobrânquios, uma vez que esta faz parte do seu modo de vida e da alimentação local. O objetivo do presente estudo é avaliar a abundância e a riqueza específica das populações de elasmobrânquios em diferentes locais do estado de Sabah. A área principal de análise foi o Parque Tunku Abdul Rahman (TARP), a Área Marinha Protegida (AMPs) mais antiga do país. Foram também consideradas outras AMPs. Comparações entre abundância e riqueza específica foram realizadas para as águas protegidas e não protegidas adjacentes aos limites das AMPs consideradas. Para realizar esta tarefa, foram efetuadas observações utilizando câmaras de vídeo iscadas (Baited Remote Underwater Video Systems - BRUVS) e censos visuais subaquáticos (Underwater visual census - UVC). As zonas de amostragem localizaram-se nas linhas de costa de Sabah e incluíram três Áreas Marinhas Protegidas , incluindo o TARP, e duas áreas sem estatuto de proteção. Pretendeu-se com este estudo investigar a eficácia do TARP e verificar se uma AMP multiuso é suficiente para a conservação e a gestão adequada das populações de elasmobrânquios que ocorrem dentro de suas fronteiras. As abundâncias relativas e a riqueza específica foram estimadas e analisadas. Além disso, os objetivos deste estudo incluíram ainda a avaliação dos fatores que influenciam as populações de elasmobrânquios, tais como profundidade, visibilidade ou tipo de fundo. Os BRUVS foram lançados a partir do barco nos locais de amostragem, sendo separados por, pelo menos, 200-300 metros dos locais de UVC, de forma a evitar que elasmobrânquios individuais fossem atraídos pelo isco e, por isso, registados nos censos visuais subaquáticos. O isco foi comprado na manhã anterior à sessão de campo, para garantir a frescura, e a mistura foi preparada a bordo. Para as amostragens com UVC, e uma vez que é particularmente difícil avaliar os elasmobrânquios durante a realização de um transecto (eles fogem dos mergulhadores), foi utilizada uma metodologia padronizada, em que , os mergulhadores registaram espécies e abundâncias durante 3 minutos (correspondente a uma distância de 50 metros), seguindo uma direção linear e mantendo-se à mesma profundidade. Trata-se de um método semelhante ao método de transecto de cintura utilizado em diferentes estudos de elasmobrânquios, em que os mergulhadores seguem um transecto e registam os indivíduos avistados. No presente caso, os mergulhadores nadaram muito lentamente, a menos de 1m por segundo, perto do fundo. De forma a minimizar a perturbação devido à presença do mergulhador, foi feito um intervalo de pelo menos 20 metros ou poucos minutos a nadar antes de iniciar outro registo de transectos. Para cada transecto, as espécies observadas e a cobertura do fundo (percentagem de recifes de coral, areia, rocha e rublos) foram registadas numa placa de registo subaquática. Foram observados um total de 86 elasmobrânquios de oito espécies (cinco de tubarões e três de raias). As raias representaram 69,7% (n=60) dos avistamentos, e os tubarões 30,3% (n=26). Duas espécies de raias com manchas azuis (Taeniura lymma, n=41, 47,7% e Neotrygon orientalis, n=17, 19,8%) foram identificadas como as espécies mais abundantes. A espécie de tubarão mais abundante foi o Carcharhinus melanopterus, com 11 indivíduos registados. A maioria dos elasmobrânquios foram observados nas AMPs (n=73 indivíduos). Apenas 13 elasmobrânquios foram avistados nas áreas sem estatuto de proteção, oito indivíduos em PPP e cinco indivíduos em PS. O TARP parece ser o local com a maior abundância e riqueza específica de elasmobrânquios (n=49, nove indivíduos pertencentes ao grupo dos tubarões e 40 às raias). Foram construídos quatro gráficos de caixa para representar a abundância e a riqueza específica, por grupo de localização (três grupos: TARP, outras AMPs e zonas fora das AMPs). Os gráficos de caixa foram construídos por profundidade: águas pouco profundas de 0 a 12m de profundidade e águas profundas de 12m a 36m de profundidade (o mais profundo dos transectos). Realizamos duas Análises de Componentes Principais (PCA) para analisar a abundância e riqueza específica dos elasmobrânquios. Alguns parâmetros foram testados para avaliar o seu efeito sobre as duas variáveis. A visibilidade foi claramente o fator mais importante a influenciar a abundância e a riqueza específica. A proporção do fundo com recife de coral foi o segundo factor com maior impacto. De facto, o maior número de elasmobrânquios foi observado no fundo de recife de coral, quando comparado com o número de indivíduos observado em fundo de areia ou cascalho. A tabela da Análise Fatorial de Correspondência (FCA) mostra onde uma espécie foi mais observada em função das três diferentes localizações. ta De acordo com esta análise, tal como nos resultados obtidos para a abundância e a riqueza específica, verificou-se a existência de uma quantidade significativa de transectos onde não se observou nenhum elasmobrânquio. Para as duas espécies de raias com manchas azuis (Taeniura lymma e Neotrygon orientalis), as duas espécies de elasmobrânquios dominantes deste estudo, o TARP é o local de amostragem onde o maior número de exemplares foi avistado. Paralelamente, estas são as duas únicas espécies encontradas nas três localizações diferentes, mostrando uma distribuição generalizada dentro das águas de Sabah. Paralelamente, o tubarão do recife de ponta preta (Carcharhinus melanopterus), a espécie de tubarão mais comum do estudo, também foi avistado apenas nas AMPs. Os resultados apresentados comprovam a importância das AMPs para a conservação dos elasmobrânquios. No que diz respeito à abundância de elasmobrânquios, o TARP é o local onde a maioria dos indivíduos foi observada, o que se deve relacionar com o maior número de mergulhos (portanto, transectos e avistamentos) em relação a qualquer outro local. Na generalidade verifica-se que a abundância de elasmobrânquios é maior para o TARP do que para qualquer um dos outros locais de amostragem, principalmente porque o número de transectos não é o mesmo. Quando comparamos os indivíduos do grupo de elasmobrânquios avistados, verifica-se que a abundância nas águas profundas do TARP é menor do que nas outras duas AMPs, mas, em geral, é maior em relação às águas desprotegidas. Esses resultados estão de acordo com estudos anteriores, mostrando a importância das AMPs e santuários de tubarões para sua conservação. |
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De facto, como consequência da sobrepesca, a maioria das espécies de elasmobrânquios são agora consideradas em perigo ou ameaçadas. No Estado de Sabah (ilha de Bornéu, Malásia), os elasmobrânquios são consumidos localmente ou exportados para os principais mercados estrangeiros (Singapura, Hong Kong e China), onde a sopa de barbatanas de tubarão é considerada uma importante iguaria. Os elasmobrânquios não são espécies alvo das pescarias, sendo capturados principalmente como capturas acessórias (“bycatch”) em redes de arrasto e redes de deriva. No entanto, os pescadores da pesca artesanal ou pequena pesca retêm-nos quando os capturam, uma vez que estes representam uma fonte extra de rendimento. No âmbito do consumo local, o povo malaio utiliza todo o corpo dos elasmobrânquios, quer para alimentação (carne e barbatanas, diferentes formas de consumo), quer para cuidados pessoais (cartilagem, dentes, maxilares). Em 2016 foi elaborado na Malásia um Plano Nacional de Ação para os tubarões (NPOA-Sharks), que visa promover a sua conservação, gestão e sensibilização através de 7 itens principais. Em 2014, o NPOA-Shark foi melhorado e, este verão, quando estive na Malásia, o meu orientador local participou num simpósio com o objetivo de escrever o NPOA-Shark 2. Apesar da fiscalização da pesca, a Malásia, e especialmente o estado de Sabah, continua a ser um importante mercado asiático para o comércio de barbatanas de tubarão. Estudos nacionais realizados na última década mostraram que a maioria dos pescadores da pequena pesca são contra a proibição total da pesca de elasmobrânquios, uma vez que esta faz parte do seu modo de vida e da alimentação local. O objetivo do presente estudo é avaliar a abundância e a riqueza específica das populações de elasmobrânquios em diferentes locais do estado de Sabah. A área principal de análise foi o Parque Tunku Abdul Rahman (TARP), a Área Marinha Protegida (AMPs) mais antiga do país. Foram também consideradas outras AMPs. Comparações entre abundância e riqueza específica foram realizadas para as águas protegidas e não protegidas adjacentes aos limites das AMPs consideradas. Para realizar esta tarefa, foram efetuadas observações utilizando câmaras de vídeo iscadas (Baited Remote Underwater Video Systems - BRUVS) e censos visuais subaquáticos (Underwater visual census - UVC). As zonas de amostragem localizaram-se nas linhas de costa de Sabah e incluíram três Áreas Marinhas Protegidas , incluindo o TARP, e duas áreas sem estatuto de proteção. Pretendeu-se com este estudo investigar a eficácia do TARP e verificar se uma AMP multiuso é suficiente para a conservação e a gestão adequada das populações de elasmobrânquios que ocorrem dentro de suas fronteiras. As abundâncias relativas e a riqueza específica foram estimadas e analisadas. Além disso, os objetivos deste estudo incluíram ainda a avaliação dos fatores que influenciam as populações de elasmobrânquios, tais como profundidade, visibilidade ou tipo de fundo. Os BRUVS foram lançados a partir do barco nos locais de amostragem, sendo separados por, pelo menos, 200-300 metros dos locais de UVC, de forma a evitar que elasmobrânquios individuais fossem atraídos pelo isco e, por isso, registados nos censos visuais subaquáticos. O isco foi comprado na manhã anterior à sessão de campo, para garantir a frescura, e a mistura foi preparada a bordo. Para as amostragens com UVC, e uma vez que é particularmente difícil avaliar os elasmobrânquios durante a realização de um transecto (eles fogem dos mergulhadores), foi utilizada uma metodologia padronizada, em que , os mergulhadores registaram espécies e abundâncias durante 3 minutos (correspondente a uma distância de 50 metros), seguindo uma direção linear e mantendo-se à mesma profundidade. Trata-se de um método semelhante ao método de transecto de cintura utilizado em diferentes estudos de elasmobrânquios, em que os mergulhadores seguem um transecto e registam os indivíduos avistados. No presente caso, os mergulhadores nadaram muito lentamente, a menos de 1m por segundo, perto do fundo. De forma a minimizar a perturbação devido à presença do mergulhador, foi feito um intervalo de pelo menos 20 metros ou poucos minutos a nadar antes de iniciar outro registo de transectos. Para cada transecto, as espécies observadas e a cobertura do fundo (percentagem de recifes de coral, areia, rocha e rublos) foram registadas numa placa de registo subaquática. Foram observados um total de 86 elasmobrânquios de oito espécies (cinco de tubarões e três de raias). As raias representaram 69,7% (n=60) dos avistamentos, e os tubarões 30,3% (n=26). Duas espécies de raias com manchas azuis (Taeniura lymma, n=41, 47,7% e Neotrygon orientalis, n=17, 19,8%) foram identificadas como as espécies mais abundantes. A espécie de tubarão mais abundante foi o Carcharhinus melanopterus, com 11 indivíduos registados. A maioria dos elasmobrânquios foram observados nas AMPs (n=73 indivíduos). Apenas 13 elasmobrânquios foram avistados nas áreas sem estatuto de proteção, oito indivíduos em PPP e cinco indivíduos em PS. O TARP parece ser o local com a maior abundância e riqueza específica de elasmobrânquios (n=49, nove indivíduos pertencentes ao grupo dos tubarões e 40 às raias). Foram construídos quatro gráficos de caixa para representar a abundância e a riqueza específica, por grupo de localização (três grupos: TARP, outras AMPs e zonas fora das AMPs). Os gráficos de caixa foram construídos por profundidade: águas pouco profundas de 0 a 12m de profundidade e águas profundas de 12m a 36m de profundidade (o mais profundo dos transectos). Realizamos duas Análises de Componentes Principais (PCA) para analisar a abundância e riqueza específica dos elasmobrânquios. Alguns parâmetros foram testados para avaliar o seu efeito sobre as duas variáveis. A visibilidade foi claramente o fator mais importante a influenciar a abundância e a riqueza específica. A proporção do fundo com recife de coral foi o segundo factor com maior impacto. De facto, o maior número de elasmobrânquios foi observado no fundo de recife de coral, quando comparado com o número de indivíduos observado em fundo de areia ou cascalho. A tabela da Análise Fatorial de Correspondência (FCA) mostra onde uma espécie foi mais observada em função das três diferentes localizações. ta De acordo com esta análise, tal como nos resultados obtidos para a abundância e a riqueza específica, verificou-se a existência de uma quantidade significativa de transectos onde não se observou nenhum elasmobrânquio. Para as duas espécies de raias com manchas azuis (Taeniura lymma e Neotrygon orientalis), as duas espécies de elasmobrânquios dominantes deste estudo, o TARP é o local de amostragem onde o maior número de exemplares foi avistado. Paralelamente, estas são as duas únicas espécies encontradas nas três localizações diferentes, mostrando uma distribuição generalizada dentro das águas de Sabah. Paralelamente, o tubarão do recife de ponta preta (Carcharhinus melanopterus), a espécie de tubarão mais comum do estudo, também foi avistado apenas nas AMPs. Os resultados apresentados comprovam a importância das AMPs para a conservação dos elasmobrânquios. No que diz respeito à abundância de elasmobrânquios, o TARP é o local onde a maioria dos indivíduos foi observada, o que se deve relacionar com o maior número de mergulhos (portanto, transectos e avistamentos) em relação a qualquer outro local. Na generalidade verifica-se que a abundância de elasmobrânquios é maior para o TARP do que para qualquer um dos outros locais de amostragem, principalmente porque o número de transectos não é o mesmo. Quando comparamos os indivíduos do grupo de elasmobrânquios avistados, verifica-se que a abundância nas águas profundas do TARP é menor do que nas outras duas AMPs, mas, em geral, é maior em relação às águas desprotegidas. Esses resultados estão de acordo com estudos anteriores, mostrando a importância das AMPs e santuários de tubarões para sua conservação.Erzini, KarimManjaji-Matsumoto, Mabel B.SapientiaGallien, Ruben Bao2023-02-16T13:44:42Z2022-11-252022-11-25T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.1/19103TID:203143248enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-24T10:31:31Zoai:sapientia.ualg.pt:10400.1/19103Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:08:46.133151Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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No Estado de Sabah (ilha de Bornéu, Malásia), os elasmobrânquios são consumidos localmente ou exportados para os principais mercados estrangeiros (Singapura, Hong Kong e China), onde a sopa de barbatanas de tubarão é considerada uma importante iguaria. Os elasmobrânquios não são espécies alvo das pescarias, sendo capturados principalmente como capturas acessórias (“bycatch”) em redes de arrasto e redes de deriva. No entanto, os pescadores da pesca artesanal ou pequena pesca retêm-nos quando os capturam, uma vez que estes representam uma fonte extra de rendimento. No âmbito do consumo local, o povo malaio utiliza todo o corpo dos elasmobrânquios, quer para alimentação (carne e barbatanas, diferentes formas de consumo), quer para cuidados pessoais (cartilagem, dentes, maxilares). Em 2016 foi elaborado na Malásia um Plano Nacional de Ação para os tubarões (NPOA-Sharks), que visa promover a sua conservação, gestão e sensibilização através de 7 itens principais. Em 2014, o NPOA-Shark foi melhorado e, este verão, quando estive na Malásia, o meu orientador local participou num simpósio com o objetivo de escrever o NPOA-Shark 2. Apesar da fiscalização da pesca, a Malásia, e especialmente o estado de Sabah, continua a ser um importante mercado asiático para o comércio de barbatanas de tubarão. Estudos nacionais realizados na última década mostraram que a maioria dos pescadores da pequena pesca são contra a proibição total da pesca de elasmobrânquios, uma vez que esta faz parte do seu modo de vida e da alimentação local. O objetivo do presente estudo é avaliar a abundância e a riqueza específica das populações de elasmobrânquios em diferentes locais do estado de Sabah. A área principal de análise foi o Parque Tunku Abdul Rahman (TARP), a Área Marinha Protegida (AMPs) mais antiga do país. Foram também consideradas outras AMPs. Comparações entre abundância e riqueza específica foram realizadas para as águas protegidas e não protegidas adjacentes aos limites das AMPs consideradas. Para realizar esta tarefa, foram efetuadas observações utilizando câmaras de vídeo iscadas (Baited Remote Underwater Video Systems - BRUVS) e censos visuais subaquáticos (Underwater visual census - UVC). As zonas de amostragem localizaram-se nas linhas de costa de Sabah e incluíram três Áreas Marinhas Protegidas , incluindo o TARP, e duas áreas sem estatuto de proteção. Pretendeu-se com este estudo investigar a eficácia do TARP e verificar se uma AMP multiuso é suficiente para a conservação e a gestão adequada das populações de elasmobrânquios que ocorrem dentro de suas fronteiras. As abundâncias relativas e a riqueza específica foram estimadas e analisadas. Além disso, os objetivos deste estudo incluíram ainda a avaliação dos fatores que influenciam as populações de elasmobrânquios, tais como profundidade, visibilidade ou tipo de fundo. Os BRUVS foram lançados a partir do barco nos locais de amostragem, sendo separados por, pelo menos, 200-300 metros dos locais de UVC, de forma a evitar que elasmobrânquios individuais fossem atraídos pelo isco e, por isso, registados nos censos visuais subaquáticos. O isco foi comprado na manhã anterior à sessão de campo, para garantir a frescura, e a mistura foi preparada a bordo. Para as amostragens com UVC, e uma vez que é particularmente difícil avaliar os elasmobrânquios durante a realização de um transecto (eles fogem dos mergulhadores), foi utilizada uma metodologia padronizada, em que , os mergulhadores registaram espécies e abundâncias durante 3 minutos (correspondente a uma distância de 50 metros), seguindo uma direção linear e mantendo-se à mesma profundidade. Trata-se de um método semelhante ao método de transecto de cintura utilizado em diferentes estudos de elasmobrânquios, em que os mergulhadores seguem um transecto e registam os indivíduos avistados. No presente caso, os mergulhadores nadaram muito lentamente, a menos de 1m por segundo, perto do fundo. De forma a minimizar a perturbação devido à presença do mergulhador, foi feito um intervalo de pelo menos 20 metros ou poucos minutos a nadar antes de iniciar outro registo de transectos. Para cada transecto, as espécies observadas e a cobertura do fundo (percentagem de recifes de coral, areia, rocha e rublos) foram registadas numa placa de registo subaquática. Foram observados um total de 86 elasmobrânquios de oito espécies (cinco de tubarões e três de raias). As raias representaram 69,7% (n=60) dos avistamentos, e os tubarões 30,3% (n=26). Duas espécies de raias com manchas azuis (Taeniura lymma, n=41, 47,7% e Neotrygon orientalis, n=17, 19,8%) foram identificadas como as espécies mais abundantes. A espécie de tubarão mais abundante foi o Carcharhinus melanopterus, com 11 indivíduos registados. A maioria dos elasmobrânquios foram observados nas AMPs (n=73 indivíduos). Apenas 13 elasmobrânquios foram avistados nas áreas sem estatuto de proteção, oito indivíduos em PPP e cinco indivíduos em PS. O TARP parece ser o local com a maior abundância e riqueza específica de elasmobrânquios (n=49, nove indivíduos pertencentes ao grupo dos tubarões e 40 às raias). Foram construídos quatro gráficos de caixa para representar a abundância e a riqueza específica, por grupo de localização (três grupos: TARP, outras AMPs e zonas fora das AMPs). Os gráficos de caixa foram construídos por profundidade: águas pouco profundas de 0 a 12m de profundidade e águas profundas de 12m a 36m de profundidade (o mais profundo dos transectos). 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Para as duas espécies de raias com manchas azuis (Taeniura lymma e Neotrygon orientalis), as duas espécies de elasmobrânquios dominantes deste estudo, o TARP é o local de amostragem onde o maior número de exemplares foi avistado. Paralelamente, estas são as duas únicas espécies encontradas nas três localizações diferentes, mostrando uma distribuição generalizada dentro das águas de Sabah. Paralelamente, o tubarão do recife de ponta preta (Carcharhinus melanopterus), a espécie de tubarão mais comum do estudo, também foi avistado apenas nas AMPs. Os resultados apresentados comprovam a importância das AMPs para a conservação dos elasmobrânquios. No que diz respeito à abundância de elasmobrânquios, o TARP é o local onde a maioria dos indivíduos foi observada, o que se deve relacionar com o maior número de mergulhos (portanto, transectos e avistamentos) em relação a qualquer outro local. 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