Avaliação dos efeitos de pequenos açudes na biodiversidade de rios: o caso do rio Maçãs na proximidade da estação de tratamento de águas de Vimioso

• Autor(a) principal: Santos, Guilherme Antonio Dadalt
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10198/27432
• topic: Barreiras; Rios; Integridade ecológica; Impactes; Gestão; Rio Maçãs; Domínio/Área Científica::Ciências Agrárias::Agricultura, Silvicultura e Pescas

A biodiversidade de rios está ameaçada por um conjunto de pressões que englobam a poluição e eutrofização da água, a sobrepesca e pesca ilegal, a dispersão de espécies invasoras e a fragmentação e degradação de habitats aquáticos e ribeirinhos, potenciadas por um cenário de alterações climáticas. A escassez de água tem levado à multiplicação de infraestruturas hidráulicas de retenção de água, com a construção de grandes e pequenas barragens e uma multitude de pequenas barreiras (açudes) cujos efeitos na biodiversidade não estão totalmente esclarecidos, em especial nas regiões mediterrânicas. Neste enquadramento, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos na biodiversidade de dois açudes construídos no rio Maçãs, primordialmente para assegurar o abastecimento público de Vimioso (NE Portugal). Durante a primavera e verão de 5 anos sucessivos (2018 a 2022) foi monitorizada, através de metodologias definidas pela Diretiva-Quadro da Água, a qualidade ecológica em 4 locais de amostragem situados na proximidade de ambos os açudes. Foi ainda testada a transponibilidade das barreiras pelas espécies piscícolas nativas e analisada a ecologia alimentar da espécie piscícola dominante. Os resultados obtidos mostraram que a qualidade da água não diminuiu significativamente nas albufeiras de ambos os açudes, ao contrário da menor qualidade hidromorfológica (homogeneidade de habitats, degradação da galeria ripícola) e de um substancial decréscimo na diversidade de invertebrados e na abundância de espécies piscícolas nativas. Com efeito, os ambientes lênticos aparecem dominados por espécies exóticas de carácter invasor, originárias da América do Norte, caso de 2 crustáceos, o lagostim-sinal e o lagostim-vermelho, e de um peixe de pequenas dimensões, a perca-sol, mas com impactes negativos nos sistemas aquáticos. A ecologia alimentar da espécie revelou uma elevada capacidade de adaptação a condições adversas severas, sugerindo uma tendência para o domínio avassalador na região, caso os fenómenos hidrológicos extremos prossigam, contribuindo para a diminuição ou desaparecimento de espécies endémicas ameaçadas. A gestão das infraestruturas hidráulicas deverá garantir o cumprimento de caudais ecológicos e a permeabilidade das barreiras, através da implementação de passagens de peixes, de modo a permitir a migração dos peixes nativos, fundamental para o gene-flow e para a sua conservação no rio Maçãs.