Prescrição de antibióticos para infecções do tracto respiratório em Portugal continental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Caldeira, Luis
Data de Publicação: 2004
Outros Autores: Remísio, Élia, António, Ângela, Aguiar, Pedro, Fonseca, António, Vaz, António Faria, Maria, Vasco
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/5656
Resumo: Apresentam-se os resultados de um estudo destinado a caracterizar e avaliar a adequação da prescrição de antibióticos para infecções respiratórias por parte dos médicos de Medicina Geral e Familiar (MF). Para o efeito, foi inquirida, entre os meses de Dezembro de 2001 e Janeiro de 2002, uma amostra aleatória de MF, estratificada por etapas sucessivas, quanto ao tipo de antibiótico prescrito em infecções do foro respiratório. Participaram no estudo, enviando pelo menos uma ficha adequadamente preenchida, 247 médicos de Clínica Geral e da carreira de Medicina Geral e Familiar. Foi avaliado um total de 2.200 prescrições, correspondendo a 2.257 indicações. A idade média dos doentes foi de 31,87. As indicações para a prescrição de antibióticos com 100 ou mais inquéritos válidos foram, por ordem decrescente de frequência, a amigdalite (663, 29,38%), bronquite (430, 19,05%), otite (315, 13,96%), sinusite (232, 10,28%), faringite (228, 10,10%), rinite/rinofaringite (212, 9,39%), e a pneumonia (116, 5,14%). Os grupos ATC3 de antimicrobianos mais prescritos foram, por ordem decrescente de frequência, os betalactâmicos/ penicilinas (50,55%), os macrólidos (23,09%), as cefalosporinas (14,77%), as quinolonas (8,32%), as tetraciclinas (2,45%) e as sulfonamidas/trimetoprim (0,59%). No referente ao nível ATC5, o antimicrobiano mais prescrito foi a associação amoxicilina/ácido clavulânico (35,36%), a qual foi, também, o antibiótico mais prescrito em cada uma das situações clínicas referidas. No que respeita ao perfil dos fármacos escolhidos para cada indicação, foram evidenciadas situações de clara inadequação, salientando-se a larga e não justificada utilização da associação amoxicilina/ácido clavulânico no tratamento da amigdalite/faringite. Os antibióticos foram frequentemente prescritos em situações clínicas nas quais não estão formalmente indicados e as recomendações do FEM quanto a fármacos de primeira linha apenas foram observadas para a pneumonia. Os autores concluem pela possibilidade de obter benefícios clínicos e económicos significativos melhorando a prática clínica corrente nesta área específica através de intervenções apropriadas.
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As indicações para a prescrição de antibióticos com 100 ou mais inquéritos válidos foram, por ordem decrescente de frequência, a amigdalite (663, 29,38%), bronquite (430, 19,05%), otite (315, 13,96%), sinusite (232, 10,28%), faringite (228, 10,10%), rinite/rinofaringite (212, 9,39%), e a pneumonia (116, 5,14%). Os grupos ATC3 de antimicrobianos mais prescritos foram, por ordem decrescente de frequência, os betalactâmicos/ penicilinas (50,55%), os macrólidos (23,09%), as cefalosporinas (14,77%), as quinolonas (8,32%), as tetraciclinas (2,45%) e as sulfonamidas/trimetoprim (0,59%). No referente ao nível ATC5, o antimicrobiano mais prescrito foi a associação amoxicilina/ácido clavulânico (35,36%), a qual foi, também, o antibiótico mais prescrito em cada uma das situações clínicas referidas. No que respeita ao perfil dos fármacos escolhidos para cada indicação, foram evidenciadas situações de clara inadequação, salientando-se a larga e não justificada utilização da associação amoxicilina/ácido clavulânico no tratamento da amigdalite/faringite. Os antibióticos foram frequentemente prescritos em situações clínicas nas quais não estão formalmente indicados e as recomendações do FEM quanto a fármacos de primeira linha apenas foram observadas para a pneumonia. Os autores concluem pela possibilidade de obter benefícios clínicos e económicos significativos melhorando a prática clínica corrente nesta área específica através de intervenções apropriadas.The authors present the results from a prospective study aimed at the characterization and evaluation of the adequateness of the prescription of antimicrobials for systemic use in respiratory infections in primary care. For the purposes of the study, ten similar questionnaires concerning the type of antibiotic which was prescribed for respiratory tract infections were submitted to a sample of general practitioners (GP), randomized by successive staging, at the national level, between December 2001 and January 2002. Two hundred forty seven GP have participated in the study by sending back, at least, one adequately filled questionnaire. A total of 2200 prescriptions were evaluated, corresponding to 2257 therapeutic indications. Mean patient’s age was 31.87 years. The indications leading to antibiotic prescription in those with 100 or more validated questionnaires were tonsillitis (663, 29.38%), bronchitis (430, 19.05%), otitis (315, 13.96%), sinusitis (232, 10.28%), pharyngitis (228, 10.10%), rhinitis/rhinopharyngitis (212, 9.39%) and pneumonia (116, 5.14%). The most frequently prescribed antimicrobials at the ATC3 level were betalactam/penicillins (50.55%), macrolides (23.09%), cephalosporins (14.77%), quinolones (8.32%), tetracyclines (2.45% and sulphonamides/trimethoprim (0.59%). At the ATC5 level, the most frequently prescribed antimicrobial was amoxycillin/clavulanic acid (35.36%), which was also the most frequently prescribed antibiotic for each individual indication. As far as the choice for the antibiotic for each indication is concerned, some inadequacies were detected, namely regarding the large and unjustified use of amoxycillin/clavulanic acid for the treatment of tonsillitis. Also, antimicrobials were frequently prescribed for situations for which they are not currently formally indicated, and the recommendations of the European Drug Formulary regarding first-line treatment for the concerned indications were not observed, with the exception of pneumonia. The authors conclude that significant clinical and economic benefit may be obtained by improving current clinical practice through appropriate interventions.Associação Portuguesa dos Médicos de Clínica GeralRepositório da Universidade de LisboaCaldeira, LuisRemísio, ÉliaAntónio, ÂngelaAguiar, PedroFonseca, AntónioVaz, António FariaMaria, Vasco2012-03-20T11:48:24Z20042004-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/5656porRev Port Clin Geral 2004;20:417-480870-7103info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T15:47:28Zoai:repositorio.ul.pt:10451/5656Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:30:55.925259Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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