Saúde mental em tempos de pandemia - SM-COVID-19: relatório final
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Data de Publicação: | 2020 |
Outros Autores: | , , , , , , |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.18/7245 |
Resumo: | Promotor do estudo - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge; Parceiros: Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. |
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Saúde mental em tempos de pandemia - SM-COVID-19: relatório finalSaúde MentalBem-EstarCOVID-19Pandemia da COVID-19Avaliação do Impacte em SaúdePortugalPromotor do estudo - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge; Parceiros: Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental.Equipa nuclear: Teresa Caldas de Almeida, Coordenadora (INSA) Maria João Heitor (SPPSM e HBA) Osvaldo Santos (ISAMB) Alexandra Costa (INSA) Ana Virgolino (ISAMB) Célia Rasga (INSA) Hugo Martiniano (INSA) Astrid Vicente (INSA).Equipa de apoio: Beatriz Lima (INSA) Joana Carreiras (INSA) Mónica Fialho (ISAMB) Susana Mourão (ISAMB).Advisory Board: António Leuschner, Miguel Xavier, Jorge Bouça, João Redondo, Teresa Maia, Ana Matos Pires, Maria do Carmo Cruz, Graça Vilar, António Vaz Carneiro, Rui Artur Nogueira, Ricardo Mexia, Cristina Ribeiro, Miguel Bragança, Paulo Santos, Francisco Sampaio, José Matos, Humberto Martins, Ricardo Gusmão.A Pandemia de COVID-19 está a ter impacto na saúde global das populações, nomeadamente na saúde mental, como consequência direta da infeção viral, mas também devido às alterações sociais e económicas resultantes em grande parte das medidas adotadas para controlar a disseminação do vírus na comunidade mundial. Neste contexto, muitas das alterações ocorridas têm sido apontadas como responsáveis por impactarem negativamente na saúde mental e no bem-estar psicológico, em particular das pessoas infetadas e dos profissionais de saúde que delas cuidam. Isto decorre de diversos fatores, entre eles, medo e incerteza percecionados pelos indivíduos, medidas de saúde pública adotadas, como o distanciamento físico na sua manifestação mais extrema, como seja o confinamento, consequências socioeconómicas (e.g., perda de rendimento, desemprego), e, também, os efeitos diretos do vírus no sistema nervoso central. Conhecer o estado da saúde mental dos cidadãos com mais de 18 anos residentes em Portugal, no contexto dos primeiros meses de vivência com a pandemia da COVID-19 em Portugal e, em particular, indicadores de ansiedade, depressão, perturbação de stress pós-traumático e burnout, bem como identificar determinantes de resiliência e vulnerabilidade nesta população, e fundamental para a adoção de medidas que possam mitigar o sofrimento psicológico e promover a saúde mental e o bem-estar da população Portuguesa, quer durante a pandemia quer após o controlo epidemiológico da mesma. Com esta finalidade, foi desenvolvido o estudo SM-COVID19 (https://sm-covid19.pt), coordenado pelo Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em colaboração com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Trata-se de um estudo observacional de natureza transversal embora com uma componente longitudinal. Os dados foram recolhidos através de um questionário estruturado autoadministrado via online com duas abordagens amostrais, uma de base populacional e, outra, incidente nos profissionais de saúde. Destacam-se na conceção deste estudo três aspetos: 1) medição do efeito da pandemia na saúde mental, não só da população em geral mas também dos profissionais de saúde, em particular daqueles que se encontravam na linha da frente do tratamento de doentes com COVID-19 e, ainda, das pessoas que estavam ou estiveram em quarentena ou isolamento, nomeadamente as suspeitas de infeção, as infetadas e os indivíduos já recuperados; 2) análise de determinantes de vulnerabilidade e de proteção; e 3) avaliação em vários momentos no decorrer da pandemia, abrangendo o período final do confinamento e o período subsequente de desconfinamento (componente transversal sequenciada), e avaliação de uma subamostra em dois momentos distintos (componente longitudinal). A recolha de dados decorreu entre os dias 22 de maio e 20 de julho de 2020 e entre 23 de julho e 14 de agosto. Foram consideradas, para efeitos deste estudo, 6079 respostas de um total de 6859 questionários preenchidos, incluindo 3982 respondentes da população geral (continente e ilhas) e 2097 profissionais de saúde com atividade em território português. As dimensões de saúde mental consideradas (bem-estar psicológico, ansiedade, depressão, perturbação de stress pós-traumático, burnout e resiliência) foram avaliadas através de instrumentos específicos e escalas validadas. Foram igualmente recolhidos dados sociodemográficos; dados sobre a situação face a doença; situação face ao emprego e ao trabalho; apoio social e familiar; acesso a serviços de saúde e a equipamentos de proteção individual percecionados; estilos de vida; consumo de substâncias e comportamentos aditivos; conciliação trabalho-família; rendimento financeiro e atividade profissional; e perceção de risco ou otimismo relativamente ao futuro. Os resultados do estudo revelaram que 33,7 % dos indivíduos da população geral e 44,8% dos profissionais de saúde apresentavam sinais de sofrimento psicológico. Na população geral 27% dos inquiridos reportaram sintomas moderados a graves de ansiedade, 26,4% de depressão e 26% de perturbação de stress pós-traumático. Estas prevalências são mais elevadas do que as previamente reportadas pelo 1º Estudo Epidemiológico Nacional da Saúde Mental. São sobretudo as mulheres, os jovens adultos entre os 18 e os 29 anos, os desempregados e os indivíduos com mais baixo rendimento quem apresenta sintomas de sofrimento psicológico moderado a grave, em várias das dimensões de saúde mental analisadas. Este padrão e particularmente consistente na análise dos resultados das escalas de bem-estar/sofrimento psicológico, ansiedade, depressão e perturbação de stress pos-traumatico. Alguns dos determinantes analisados, nomeadamente a manutenção de passatempos/hobbies, de rotinas diárias e de atividade física, são protetores do bem-estar psicológico e estão associados a um risco diminuído de sintomas de ansiedade, depressão e, em particular, de stress pós-traumático. A análise de modelos multivariados na população geral indica que os preditores mais significativos de sofrimento psicológico, ansiedade e depressão tendem a ser o sexo feminino; maior dificuldade na conciliação trabalho-família e na manutenção dos estilos de vida e atividades de lazer; preocupação com a manutenção do trabalho ou preservação do rendimento; perceção de menos apoio social ou familiar; maior preocupação relativamente ao futuro e menor resiliência. Em relação aos profissionais de saúde, os resultados mostram taxas mais elevadas de problemas de saúde mental relativamente a população geral, em particular de sofrimento psicológico e de ansiedade moderada a grave. São sobretudo aqueles que estão a tratar doentes com COVID-19 os mais afetados, com um risco de sofrimento psicológico 2,5 superior àqueles que não tratam doentes com COVID-19. E ainda no grupo dos profissionais de saúde que os níveis de burnout (exaustão física e emocional) são mais elevados (32.1%). Os modelos de regressão com melhor ajustamento para este grupo (de profissionais de saúde) apontam para que o rendimento, o contacto regular e presencial com doentes, o tratar doentes com COVID-19, o nível medio/baixo de resiliência, as dificuldades na conciliação trabalho-família, a falta de apoio social e familiar, e as preocupações face ao futuro sejam fatores preditores de sofrimento psicológico. Por outro lado, os resultados do estudo SM-COVID 19 indicam que cerca de um terço dos profissionais de saúde revela um nível elevado de resiliência, sobretudo os indivíduos do sexo masculino e dos indivíduos com 50 ou mais anos. Dos indivíduos que estão ou estiveram em quarentena, em isolamento ou já recuperados, 72% reportam sofrimento psicológico e mais de metade tem sintomas de depressão moderada a grave. Dos indivíduos infetados que estiveram em internamento hospitalar ou em cuidados intensivos, a esmagadora maioria (92%) refere sintomas de ansiedade moderada a grave. Quando analisada a evolução das respostas ao longo do período de tempo em que decorreu a colheita de dados, verificou-se que na população em geral houve um aumento de respondentes que relataram sintomas de sofrimento psicológico. Já no grupo de profissionais de saúde, esta percentagem foi diminuindo ao longo dos primeiros 3 momentos, tendo-se verificado um aumento considerável no último momento de amostragem. Por outro lado, quando inquirida a mesma população uma segunda vez, ou seja, em 2 momentos de avaliação distantes de pelo menos um mês, não se encontraram diferenças significativas nos dois momentos na população em geral, e, relativamente aos profissionais de saúde observou-se uma diferença significativa, no sentido da diminuição da percentagem de indivíduos em sofrimento psicológico. De realçar que a última fase de recolha de dados corresponde ao período de abrandamento de medidas restritivas e ao período de férias, que foi também acompanhado por uma diminuição no número de casos de infeção por COVID-19. Os resultados do estudo identificaram nos três grupos populacionais em análise, percentagens elevadas de sintomas relativos a sofrimento psicológico e as dimensões da saúde mental consideradas e, também, fatores preditores associados a saúde mental e bem-estar, os quais podem ser usados para planear intervenções no contexto da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, compreender o impacto psicológico desta na população em geral e, em particular, nos profissionais de saúde e grupos diretamente afetados pela doença, permite apoiar a resposta do SNS, orientando os decisores e as equipas dos serviços de saúde mental nas abordagens dirigidas a estes grupos. O estudo SM-COVID 19 proporciona, assim, uma base de evidência sólida para a elaboração de recomendações que visem mitigar os problemas de saúde mental e promover o bem-estar psicológico em tempos de pandemia. Estas recomendações tem particular relevância contextual e temporal, dado que a pandemia de COVID-19 se prolonga agora numa segunda vaga, para a qual e fundamental preparar os profissionais de saúde, os indivíduos diretamente afetados pela doença e a população em geral.Estudo financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, ao abrigo do programa RESEARCH4COVID19Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IPRepositório Científico do Instituto Nacional de SaúdeAlmeida, Teresa Caldas deHeitor, Maria JoãoSantos, OsvaldoCosta, AlexandraVirgolino, AnaRasga, CéliaMartiniano, HugoVicente, Astrid2021-01-12T11:32:30Z2020-102020-10-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/reportapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.18/7245porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-07-20T15:41:59Zoai:repositorio.insa.pt:10400.18/7245Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T18:42:02.441224Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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