Morfologia e dinâmica fluvial do rio Neiva (NW de Portugal)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Vânia; Investigadora do Centro de Geologia da Universidade do Porto (CGUP / UM) e do Centro de Ciências da Terra da Universidade do Minho (CCT / UM).
Data de Publicação: 2014
Outros Autores: Caetano Alves, M. Isabel; Investigadora do Centro de Geologia da Universidade do Porto (CGUP / UM) e do Centro de Ciências da Terra da Universidade do Minho (CCT / UM). Departamento de Ciências da Terra, Universidade do Minho, Campus de Gualtar, 4710-057 Braga
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://www.apeq.pt/ojs/index.php/apeq/article/view/101
Resumo: As sociedades humanas têm ocupado as áreas ribeirinhas, verificando-se um aumento crescente ao longoda história. Por isso, o conhecimento da dinâmica fluvial às diversas escalas a que os processos operamé fundamental para o uso sustentável nestas áreas territoriais.Em termos de configuração morfológica a bacia hidrográfica do rio Neiva é alongada. O Neiva e os seusafluentes formam um padrão de drenagem do tipo retangular com alguns troços do tipo paralelo, influenciada,em termos gerais, pela litologia local e pela direção das fraturas.Ao longo do perfil longitudinal o rio Neiva apresenta diversos tipos de canal, verificando-se a repetiçãode alguns tipos a partir de Panque, o que coincide com uma rotura de declive importante no perfil longitudinal.O mais frequente é o canal ter leito de cascalho (seixos pequenos e grandes). Na área de cabeceiraos controlos dominantes na ação da corrente são o declive do canal e a litologia onde este é modelado.Aí, os blocos no canal possuem sempre alguma matriz com dimensão de seixo e areão. Verifica-se que apercentagem da fração de dimensão areia tende a aumentar para jusante.No estudo da tipologia dos canais usaram-se duas classificações diferentes. Aplicando a proposta porMontgomery & Buffington (1997), no rio Neiva identificam-se canais do tipo A, B, C, D e E. O canal dotipo A (cascade) encontra-se na área próxima da nascente, onde o fluxo é canalizado e corre num canalúnico mas íngreme e também na zona das Azenhas do Neiva, em regime de fluxo baixo. Em Porrinhosoo canal é do tipo A/B (cascade e step-pool), em Godinhaços e Panque é do tipo B (step-pool). O canal dotipo C (plane-bed) encontra-se em Duas Igrejas e do tipo D (pool-riffle) nos troços de Arcozelo, de Vilardas Almas e de Tregosa. Em Cossourado a classificação atribuída foi do tipo C/D e na zona de Balugãesdo tipo D/C. Na zona da foz foi classificado como D/E, visto que o leito é arenoso com megaripples eripples, típicos dos canais do tipo E (dune-ripple), mas, o declive apresentado é frequente nos canais dotipo D assim como as formas não atingem a dimensão de dunas fluviais.A classificação de Rosgen (1994, 1996) não é aplicável ao rio Neiva. Há alguma concordância entre o tipode canal identificado, segundo os critérios de Rosgen, para a zona da nascente (tipo A) e para as localidadesde Porrinhoso e Godinhaços (A/Aa+), com as observações de campo e com os resultados obtidos segundoa classificação de Montgomery & Buffington. Nos outros setores, os valores de entrincheiramento nãosão consistentes com os restantes critérios. Ainda foi possível obter combinações entre a sinuosidade,largura/profundidade e declive, exceto para os troços observados em Duas Igrejas, Tregosa e Castelo deNeiva.A diversidade morfológica observada no rio Neiva tem valor importante para suporte da biodiversidade,já que, a estrutura dos habitats está intimamente dependente da morfologia e caraterísticas do local, noque diz respeito, por exemplo, à natureza do substrato – rochoso e aluvião.O tipo de estudo apresentado permite compreender a dinâmica do canal à escala espaço-tempo e interpretaros indicadores de estabilidade/instabilidade do canal, de evolução, num curto espaço de tempo. Trata-sede uma abordagem integrada do sistema fluvial, a qual é um suporte para o ordenamento territorial dasáreas ribeirinhas, especialmente quando aplicado à gestão ambiental destas.
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