Papel e stresse dos prestadores de cuidados de utentes dependentes: um olhar sobre a situação da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Murça

• Autor(a) principal: Martins, Ana Cristina Pinto
• Data de Publicação: 2015
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/4272
• topic: Enfermagem em saúde comunitária; Idoso fragilizado; Prestadores de cuidados

É fundamental refletir acerca do impacto do envelhecimento demográfico e suas consequências onde figuram o aumento de doenças crónicas e simultaneamente o aumento dos níveis de dependência dos idosos, obrigando as famílias a reorganizarem-se para cuidar dos seus dependentes. As transições vividas e o impacto do cuidado na dinâmica familiar, acarretam muitas vezes uma sobrecarga física e emocional que interferem no desempenho adequado do papel de prestador de cuidados (Lage, 2007; Petronilho, 2008; Ricarte, 2009). É no âmbito desta temática que se insere o presente estudo que tem como objetivo principal, determinar a natureza das relações dos focos de atenção Papel e Stresse do prestador de cuidados (PC), de utentes dependentes participantes no estudo, com vista a diagnosticar necessidades deste grupo e falhas na documentação. Para tal optamos por um estudo com uma parte descritiva e uma parte correlacional, do tipo transversal e de abordagem quantitativa. Para a recolha de dados procedeu-se ao preenchimento de um formulário, com base nos dados documentados no Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem, de 160 utentes inscritos em programa de Saúde Dependentes, da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Murça, que correspondem à população total. O tratamento de dados foi efetuado com recurso ao programa de tratamento de dados Statiscal Package for Social Sciences (SPSS versão 20.0). A maioria dos PC (80,6%), pertence ao sexo feminino e a classe etária predominante é a dos adultos e meia idade (59,4%), possui o 1º ciclo (64,4%), pertence à população não ativa (73,1%) e quanto ao grau de parentesco com o utente, o maior grupo de PC (38,8%) é constituído pelos filhos ou filhas. Os resultados obtidos permitem verificar que a maioria dos cuidadores apresenta os focos de atenção papel (62,5%) e stresse do prestador de cuidados (63,1%) documentados. Verificamos que existem diferenças estatisticamente significativas entre o foco de atenção Papel do PC e a área geográfica do dependente (2: p=0,004), o Stresse do PC com a mesma variável (2: p=0,000), assim como entre o enunciado do diagnóstico do Papel e a área geográfica do dependente (KW: p= 0,029) e entre o enunciado do diagnóstico de Stresse e a condição perante o trabalho do PC (t: p= 0,035). Constatamos ainda existir correlação positiva entre a soma da pontuação dos enunciados de diagnóstico do Stresse do PC e a idade do PC (Pearson: p= 0,048) e entre a mesma soma e o grau de risco de Stresse do PC (Spearman: p= 0,003). Não existe integridade referencial de dados relativa à documentação dos cuidados, entre focos de atenção e enunciados de diagnóstico, nem entre estes e as intervenções. A variável área geográfica do dependente parece estar relacionada com os focos de atenção Papel e Stresse do PC, assim como com o enunciado do diagnóstico Stresse e o Grau de risco de Stresse do PC. Face a estes resultados justifica-se a elaboração de uma proposta de guia orientador da documentação, que visa sistematizar mais este processo e a melhoria da prática profissional dos enfermeiros.