Dinâmica e disponibilidade hídrica nas zonas de pastoreio no Parque Natural de Montesinho

• Autor(a) principal: Oliveira, Ana Carolina Farias de
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10198/29203
• topic: Pastoreio; Hidrologia: Mudanças Climáticas; Disponibilidade de água; Domínio/Área Científica::Ciências Agrárias::Agricultura, Silvicultura e Pescas

O presente trabalho investigou o condicionamento do regime de pastoreio à disponibilidade hídrica, a fim de concluir sobre as restrições espectáveis pelos criadores de 5 rebanhos de pequenos ruminantes face às alterações no clima. A área de estudo contempla cinco áreas pastoreadas no Parque Natural do Montesinho (PNM) que estão inseridas em 2 bacias hidrográficas (BHs). Nos materiais e métodos incluiu-se a descrição do clima da região, a delimitação das bacias hidrográficas, a aquisição, tratamento e análise dos dados de precipitação e caudal, metodologia proposta para avaliar as mudanças no clima, o caudal de referência Q90 e a estimativa de caudal mínimo em 7 dias consecutivos Q7 para diferentes tempos de retorno. Ainda, foi feita a descrição do uso e ocupação e por fim, saídas de campo para caracterizar os principais pontos de água e entrevistas semiestruturadas para perceber a percepção dos pastores sobre as mudanças no clima, impactos e adaptações feitas diante do cenário de seca enfrentado no verão de 2022. Os principais resultados demonstram que a bacia hidrográfica à montante da estação de monitorização de Vinhais Quinta possui maior altitude mediana que a BH a montante da estação de Ponte Pinelo, associado a maior altitude maior volume de chuva. Detectou-se mudanças no regime pluviométrico e na temperatura média registada desde 1951 a 2020 com base nos dados da estação de Bragança do Instituto Português de Mar e Atmosfera (IPMA), ao investigar 5 normais climatológicas. Observou-se que, houve o decréscimo de chuva no inverno (fevereiro) e aumento da temperatura média em 0.70ºC e, diminuição significativa foi analisada na primavera. Em outubro (outono), verificou-se um aumento de cerca de 63% nas chuvas, e aumento da temperatura média em julho (verão) de 1.50ºC. Nas áreas de pastoreio, utilizou-se dados de 4 estações de monitorização de chuva para identificar detectar as tendências de aumento ou diminuição, que corroboram com os resultados anteriores. Relativo ao caudal, a curva de permanência demonstrou que em 90% do tempo, na BH de Vinhais Quinta Ranca possui maior disponibilidade de água. Para a Q7,10 (TR10), em Ponte Pinelo o caudal estimado foi de 0,02 m³/s, no entanto, e em Vinhais Quinta Ranca, a Q90 é 35% maior que a Q7,10. A caracterização e percepção dos pastores, apontam para ameaças em termos da qualidade e quantidade da água, e foi possível compreender a disponibilidade de água no passado e atual, considerando o relato dos pastores. As ferramentas de SIG foram essenciais para esta etapa do trabalho, ao relacionar dados de áreas com propensão de acúmulo de água com base no Indice Topográfico de Húmidade (TWI) e o Índice de Vegetação por diferença Normalizada (NDVI), que demonstra vigor e densidade da vegetação, com os percursos feitos com os rebanhos em setembro de 2022. Em suma, este estudo serve como auxílio para tomadas de decisão na melhoria do planeamento e desenvolvimento de soluções, juntando componentes teóricas e práticas, para perceber a dinâmica da utilização do espaço, impactos e adaptações realizadas na pastorícia diante do cenário de mudanças no clima.