A transmissão familiar da ordem desigual das coisas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lahire, Bernard
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://ojs.letras.up.pt/index.php/Sociologia/article/view/2218
Resumo: Primeira instância de socialização, a família – a constelação de pessoas que realmente formam uma família e estão em interacção frequente com as crianças – tem o monopólio da formação precoce de disposições mentais e comportamentais das crianças, sendo o primeiro espaço (primário) que tende a estabelecer objectivamente – sem o saber ou pretender – os limites do possível e do desejável. No entanto, a família nunca é este organismo coerente, homogéneo e harmonioso como nas visões encantadas, ou tão simplesmente em sobrevoo, como muitas visões macrossociológicas do “meio familiar”, enquanto meio definido por algumas grandes propriedades sintéticas sociais, podem incitar. Não só as pessoas que formam entre eles a configuração familiar são portadores de diferentes propriedades sociais, mas as tensões potenciais múltiplas entre todos os envolvidos, as competições possíveis entre irmãos, as relações de força entre os pais ou, mais amplamente, entre os ramos paterno e materno, as relações de dominação que se desenvolvem entre pais e filhos, entre irmãos, etc. fazem com que a criança possa ser o produto de uma espécie de “banho socializador” contínuo, indiferenciado, fluido e harmonioso
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