Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sousa, Soraia Guerra
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/1163
Resumo: Introdução. A prevalência da depressão nas mulheres é aproximadamente duas vezes superior à dos homens. Estima-se que a prevalência de depressão pós-parto em Portugal seja de 12.4% na semana que se segue ao parto e 13.7% nos três meses seguintes. Vários fatores de risco têm sido investigados com resultados contraditórios que se devem provavelmente à natureza complexa e multifatorial da perturbação. O objetivo deste estudo foi a avaliação da prevalência de sintomatologia depressiva e dos seus fatores de risco em puérperas do Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE. Metodologia. Foi aplicada a Escala de Depressão Pós-parto de Edinburgh em 168 mulheres durante as primeiras 72 horas pós-parto (EPDS1) no setor de internamento de Obstetrícia e novamente após 28 a 32 dias por entrevista telefónica (EPDS2). Junto com a EPDS1 as puérperas preencheram também um inquérito sociodemográfico, a escala de Graffar e a Escala de Satisfação em Áreas da Vida Conjugal (EASAVIC). Resultados. A amostra foi constituída por mulheres com idades entre os 17 e os 42 anos (Média=30.18, SD=5.057). A prevalência de sintomatologia depressiva determinada pela positividade da escala (EPDS>13) foi de 7.1% e de 1.3% para a EPDS1 e EPDS2, respetivamente. As puérperas com história pessoal psiquiátrica tiveram uma maior frequência de EPDS1 e EPDS2 positivas, relativamente aquelas sem história. Uma estrutura familiar uniparental ou reconstituída, história de interrupção da gravidez não especificada, gravidez de risco e classe socioeconómica inferior na Escala de Graffar também estiveram associadas a uma frequência superior de EPDS2 positiva. Por fim, houve ainda uma associação estatisticamente significativa entre uma pontuação inferior na EASAVIC, puérperas multigestas e um nível académico médio/alto e uma EPDS1 positiva. Nenhuma das outras variáveis influenciou a pontuação em nenhumas das avaliações da EPDS. Discussão. A prevalência de sintomas depressivos na amostra foi consideravelmente mais baixa quando comparada com outros estudos em Portugal, particularmente no mês que se seguiu ao parto. O fator de risco mais consistente para uma resposta positiva e, consequentemente, para um maior risco de DPP, foi a presença de história psiquiátrica pessoal, que pode ajudar a identificar mulheres que beneficiariam de um seguimento mais apertado. Uma pontuação inferior da EASAVIC apenas foi significativa nas primeiras 72 horas, enquanto a história de interrupção de gravidez, gravidez de risco e classe socioeconómica baixa foram significativas no final do primeiro mês pós-parto. Por último, conclui-se que nesta população pode ser exequível a utilização da EPDS nas primeiras 72 horas pós-parto para avaliar o risco de DPP no mês subsequente, uma vez que a EPDS2 está relacionada com a EPDS1, permitindo orientar atempadamente as puérperas para o apoio de que necessitam.
id RCAP_1125b7f8eda4ef6af8dad7b9d03565fd
oai_identifier_str oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1163
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de riscoDepressão pós-partoDepressão pós-parto - Factores de riscoDepressão pós-parto - Escalas de avaliaçãoIntrodução. A prevalência da depressão nas mulheres é aproximadamente duas vezes superior à dos homens. Estima-se que a prevalência de depressão pós-parto em Portugal seja de 12.4% na semana que se segue ao parto e 13.7% nos três meses seguintes. Vários fatores de risco têm sido investigados com resultados contraditórios que se devem provavelmente à natureza complexa e multifatorial da perturbação. O objetivo deste estudo foi a avaliação da prevalência de sintomatologia depressiva e dos seus fatores de risco em puérperas do Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE. Metodologia. Foi aplicada a Escala de Depressão Pós-parto de Edinburgh em 168 mulheres durante as primeiras 72 horas pós-parto (EPDS1) no setor de internamento de Obstetrícia e novamente após 28 a 32 dias por entrevista telefónica (EPDS2). Junto com a EPDS1 as puérperas preencheram também um inquérito sociodemográfico, a escala de Graffar e a Escala de Satisfação em Áreas da Vida Conjugal (EASAVIC). Resultados. A amostra foi constituída por mulheres com idades entre os 17 e os 42 anos (Média=30.18, SD=5.057). A prevalência de sintomatologia depressiva determinada pela positividade da escala (EPDS>13) foi de 7.1% e de 1.3% para a EPDS1 e EPDS2, respetivamente. As puérperas com história pessoal psiquiátrica tiveram uma maior frequência de EPDS1 e EPDS2 positivas, relativamente aquelas sem história. Uma estrutura familiar uniparental ou reconstituída, história de interrupção da gravidez não especificada, gravidez de risco e classe socioeconómica inferior na Escala de Graffar também estiveram associadas a uma frequência superior de EPDS2 positiva. Por fim, houve ainda uma associação estatisticamente significativa entre uma pontuação inferior na EASAVIC, puérperas multigestas e um nível académico médio/alto e uma EPDS1 positiva. Nenhuma das outras variáveis influenciou a pontuação em nenhumas das avaliações da EPDS. Discussão. A prevalência de sintomas depressivos na amostra foi consideravelmente mais baixa quando comparada com outros estudos em Portugal, particularmente no mês que se seguiu ao parto. O fator de risco mais consistente para uma resposta positiva e, consequentemente, para um maior risco de DPP, foi a presença de história psiquiátrica pessoal, que pode ajudar a identificar mulheres que beneficiariam de um seguimento mais apertado. Uma pontuação inferior da EASAVIC apenas foi significativa nas primeiras 72 horas, enquanto a história de interrupção de gravidez, gravidez de risco e classe socioeconómica baixa foram significativas no final do primeiro mês pós-parto. Por último, conclui-se que nesta população pode ser exequível a utilização da EPDS nas primeiras 72 horas pós-parto para avaliar o risco de DPP no mês subsequente, uma vez que a EPDS2 está relacionada com a EPDS1, permitindo orientar atempadamente as puérperas para o apoio de que necessitam.Introduction. The prevalence of depression in women is approximately twice that of men. The prevalence of postpartum depression (PPD) in Portugal is estimated to be 12.4% in the week following birth and 13.7% three months after. Several risk factors have been investigated with contradictory results probably due to the complex and multifactor nature of the disorder. The aim of this study was to evaluate the prevalence of depressive symptoms as well as its risk factors in puerperal women at Centro Hospitalar Cova da Beira EPE. Methods. We administered the Edinburgh Postnatal Scale in 168 women during the first 72 hours postpartum (EPDS1) in the ward of Obstetrics at Centro Hospitalar Cova da Beira and then again in the 28 to 32 days postpartum (EPDS2) by telephonic interview. In addition, with EPDS1 the women were also asked to fill in a socio-demographic inquiry, the Graffar scale and the Satisfaction Evaluation Scale in Areas of Conjugal Life (EASAVIC). Results. The sample was composed of women aged between 17 and 42 years (Mean=30.18, SD = 5.057). Rates for EPDS >13 (positive) were of 7.1% in EPDS1 and 1.3% in EPDS2. Women with psychiatric personal history had a higher frequency of positive EDPS1 and EPDS2 comparing to those who didn’t. An uniparental or reconstituted family structure, history of pregnancy interruption, risky pregnancy and a lower social class in the Graffar Scale were also related to a higher frequency of positive EPDS2. Finally, there was a statistically significant association between a lower EASAVIC score, multiple pregnancy and medium/high academic level and a positive EPDS1. None of the other variables was found to influence the score on neither of the EPDS evaluations. Discussion. The prevalence of depressive symptoms in the sample was considerably lower when compared with other Portuguese studies, particularly in the month following labour. The most consistent risk factor for a positive EPDS and therefore, a higher risk of developing PPD, was a personal history of psychiatric disorder, which might help to identify women who would benefit from a closer follow-up. The EASAVIC results were only significant in the first 72 hours while a history of pregnancy interruption, risky pregnancy and lower socioeconomic class were significant as risk factors in the month following labour. Finally, we conclude that in this population, it might feasible to use the EPDS in the first 72 hours after childbirth to evaluate the risk of PPD in the following month, since EPDS2 is related with EPDS1, allowing to help patients as early as possible.Universidade da Beira InteriorOliveira, José António Martinez Souto deMoreira, Ana Lúcia RodriguesuBibliorumSousa, Soraia Guerra2013-05-16T10:10:13Z2012-052012-05-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1163porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:36:40Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1163Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:43:04.483416Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
title Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
spellingShingle Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
Sousa, Soraia Guerra
Depressão pós-parto
Depressão pós-parto - Factores de risco
Depressão pós-parto - Escalas de avaliação
title_short Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
title_full Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
title_fullStr Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
title_full_unstemmed Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
title_sort Depressão pós-parto: estudo de prevalência e deteção de fatores de risco
author Sousa, Soraia Guerra
author_facet Sousa, Soraia Guerra
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Oliveira, José António Martinez Souto de
Moreira, Ana Lúcia Rodrigues
uBibliorum
dc.contributor.author.fl_str_mv Sousa, Soraia Guerra
dc.subject.por.fl_str_mv Depressão pós-parto
Depressão pós-parto - Factores de risco
Depressão pós-parto - Escalas de avaliação
topic Depressão pós-parto
Depressão pós-parto - Factores de risco
Depressão pós-parto - Escalas de avaliação
description Introdução. A prevalência da depressão nas mulheres é aproximadamente duas vezes superior à dos homens. Estima-se que a prevalência de depressão pós-parto em Portugal seja de 12.4% na semana que se segue ao parto e 13.7% nos três meses seguintes. Vários fatores de risco têm sido investigados com resultados contraditórios que se devem provavelmente à natureza complexa e multifatorial da perturbação. O objetivo deste estudo foi a avaliação da prevalência de sintomatologia depressiva e dos seus fatores de risco em puérperas do Centro Hospitalar Cova da Beira, EPE. Metodologia. Foi aplicada a Escala de Depressão Pós-parto de Edinburgh em 168 mulheres durante as primeiras 72 horas pós-parto (EPDS1) no setor de internamento de Obstetrícia e novamente após 28 a 32 dias por entrevista telefónica (EPDS2). Junto com a EPDS1 as puérperas preencheram também um inquérito sociodemográfico, a escala de Graffar e a Escala de Satisfação em Áreas da Vida Conjugal (EASAVIC). Resultados. A amostra foi constituída por mulheres com idades entre os 17 e os 42 anos (Média=30.18, SD=5.057). A prevalência de sintomatologia depressiva determinada pela positividade da escala (EPDS>13) foi de 7.1% e de 1.3% para a EPDS1 e EPDS2, respetivamente. As puérperas com história pessoal psiquiátrica tiveram uma maior frequência de EPDS1 e EPDS2 positivas, relativamente aquelas sem história. Uma estrutura familiar uniparental ou reconstituída, história de interrupção da gravidez não especificada, gravidez de risco e classe socioeconómica inferior na Escala de Graffar também estiveram associadas a uma frequência superior de EPDS2 positiva. Por fim, houve ainda uma associação estatisticamente significativa entre uma pontuação inferior na EASAVIC, puérperas multigestas e um nível académico médio/alto e uma EPDS1 positiva. Nenhuma das outras variáveis influenciou a pontuação em nenhumas das avaliações da EPDS. Discussão. A prevalência de sintomas depressivos na amostra foi consideravelmente mais baixa quando comparada com outros estudos em Portugal, particularmente no mês que se seguiu ao parto. O fator de risco mais consistente para uma resposta positiva e, consequentemente, para um maior risco de DPP, foi a presença de história psiquiátrica pessoal, que pode ajudar a identificar mulheres que beneficiariam de um seguimento mais apertado. Uma pontuação inferior da EASAVIC apenas foi significativa nas primeiras 72 horas, enquanto a história de interrupção de gravidez, gravidez de risco e classe socioeconómica baixa foram significativas no final do primeiro mês pós-parto. Por último, conclui-se que nesta população pode ser exequível a utilização da EPDS nas primeiras 72 horas pós-parto para avaliar o risco de DPP no mês subsequente, uma vez que a EPDS2 está relacionada com a EPDS1, permitindo orientar atempadamente as puérperas para o apoio de que necessitam.
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012-05
2012-05-01T00:00:00Z
2013-05-16T10:10:13Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.6/1163
url http://hdl.handle.net/10400.6/1163
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade da Beira Interior
publisher.none.fl_str_mv Universidade da Beira Interior
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136331024039936