Arquitectura em divagação: Manuel Vicente em Macau

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Figueira, Jorge
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/44029
Resumo: É possível divagar como arquitecto? Talvez uma chave de leitura da obra de Manuel Vicente seja essa de uma divagação esculpida em inúmeros edifícios que vão retomando uma narrativa interrompida. Mesmo que MV não esteja interessado num projecto de “fusão”, a verdade é que a hibridez genética de Macau lhe assentou como uma segunda pele. Talvez até mais do que isso. Embora não procurado ou forçado conceptualmente, este encontro acontece. E é fora de um quadro “ocidental” que a obra de MV pode ser entendida. Os seus últimos projectos são já muito tomados por uma filiação que teremos de descrever como macaense. Mesmo que sem o propósito de um oportunismo conceptual, a arquitectura intersticial de MV vive da lógica intersticial de Macau, isto é, dos meandros de um tecido denso que pretende densificar e intensificar. A certa altura, talvez fantasie com a ideia de uma arquitectura espectral que apenas potencie a vida. Aquilo que acontece hoje é que Macau está a apoderar-se dessas estruturas: ou apagando-as, ou eclipsando a sua notoriedade ou, apesar de tudo, mantendo-as a funcionar. As obras de MV são pequenas máquinas habitadas que estão a ser engolidas ou integradas pelo corpo em permanente mutação de Macau. De qualquer modo, os Bombeiros da Areia Preta parecem-me já uma obra de um arquitecto asiático, com pequenos episódios “ocidentais”, uma linguagem já local. Nestes últimos desenhos de MV, o “ocidente” é já uma referência distante, quase livresca, e Macau o corpo definitivo da divagação.
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