Os conflitos bélicos e a criança na literatura infantil

• Autor(a) principal: Azevedo, Fernando
• Data de Publicação: 2017
• Outros Autores: Balça, Ângela, Selfa Sastre, Moisés
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1822/53649
• topic: Guerra; Literatura Infantil; Crianças; Valores; War; Children; Children's Literature; Guerra; Jóvenes lectores; Literatura infantil; Humanidades::Línguas e Literaturas

Os textos da literatura infantil, propondo uma modelização dos realia, constituem excelentes ocasiões para falar, de modo aberto, acerca de temas difíceis, buscando, coletivamente, soluções para os mesmos. Desde sempre, os temas difíceis foram, de algum modo, tratados na literatura infantil, apesar das reservas que a sociedade pode ou não ter em relação à sua abordagem junto dos mais novos. Se por um lado a Humanidade procura proteger as crianças destes temas mais complexos, esta proteção não pode nem deve ser confundida com ignorância, relativamente a acontecimentos ou a aspetos com os quais os mais jovens se podem vir a confrontar. Deste modo, o nosso estudo centra-se em três obras de literatura infantil portuguesas que abordam a situação da guerra e que possibilitam pensar e interrogar o lugar da criança nesse contexto. A primeira obra, com o formato de um caderno escolar, é uma homenagem às crianças mortas pelos bombardeamentos de Gaza, levados a cabo pelas tropas israelitas, no verão de 2014. A segunda obra fala-nos de um muro, metáfora que separa povos e mundos, e cujo derrube é essencial para assegurar a consecução da felicidade coletiva. A terceira obra configura um testemunho: perante o infortúnio da guerra e da miséria humana, importa nunca desistir e encontrar forças para renascer sempre. Ainda que as três obras, unidas pelo protocolo da ficcionalidade, não se refiram aos mesmos eventos histórico-factuais, elas podem ser lidas em conjunto, potenciando interpretações suscetíveis de ajudarem as crianças a pensar o lugar que cada uma tem e pode desempenhar numa sociedade globalizada, onde os ideais da Paz, da Fraternidade, do Amor e do Respeito pelo Próximo continuam a ter de ser fortemente cultivados diariamente.