A vontade política ou a (im)possibilidade de um ser político humano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Geraldes, Carlos Manuel Bernardino
Data de Publicação: 2013
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/4257
Resumo: A vontade é por natureza considerada um conceito dado a múltiplas interpretações e a uma pertinência que se julga ou julgam conhecer e dominar, mas no alto do seu estatuto não consegue ser captado na sua intenção. Na origem desta convicção, vaga, mas generalizada, é possível identificar a suposição de uma (ir)racionalidade absoluta no agir político, moral, ético e um tender a esgotar a compreensão humana, pondo em causa as intenções de poder vigente, a sua suposta unidade mental e as decisões aí originadas. À luz desta perspetiva, o conceito de vontade revela-se soberano/absoluto, ambíguo e contraditório no modo como o ser humano se organiza no processo de humanização. Por esta razão, nesta tese, propomos que a contradição resulta do facto do ser humano não pretender alicerçar a sua condição humana numa vontade de ser de facto livre, humanizadora e diferente na igualdade segundo a natureza de cada um, ou seja, opta por dar existência a uma matriz política, que, para além de obsoleta, é violenta, ilusória e até enraizada num parecer ser que visa dominar e subjugar todo aquele que se oponha ao status quo vigente. Com efeito, a hipótese de um regime ontocrático passa a ser do domínio da utopia e do devaneio, porque o homem tem medo da existência de uma liberdade como fim que o possa conduzir a um conhecer-se a si mesmo e à eudaimonia. Para além do referido, considera-se que: - o ser humano não pretende sacrificar e abdicar de interesses em prol de uma compensação assente numa vontade de ser mais memorável para a condição humana; - a política limita-se a abarcar um conjunto de promessas levianamente feitas para as não cumprir, ou seja, a sua função e utilidade destroem a confiança da comunidade; - há um desajustamento entre o que a vontade é e o que poderia/deveria ser, contudo um novo mundo é sempre possível se o agir político fizer uso de uma vontade liberta de uma intenção de domínio sobre o outro e do acentuar da desigualdade entre os indivíduos; - é possível, aprendendo com os erros da matriz tradicional do agir humano, operar uma nova compreensão quanto ao modo e à forma como se vive a vida. Isto é, dar à existência um ser político efetivamente fundado numa vontade de ser de facto humano.
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