AVALIAÇÃO GEOQUÍMICA DE AMBIENTES CONTAMINADOS PELA EXTRACÇÃO MINEIRA EM DUAS DISTINTAS REGIÕES GEOLÓGICAS E CLIMÁTICAS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fonseca, Rita
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Pinho, Catarina, Fernandes, Marcus Manoel
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/7573
Resumo: A nível mundial a indústria mineira é responsável pela adição de 1,16 milhões de toneladas de metais por ano, em ecossistemas terrestres e aquáticos. A poluição do solo e de sistemas aquáticos por metais pesados é um dos factores que mais contribui para a degradação da qualidade do meio, constituindo um risco eminente de intoxicação para o Homem. Foram selecionadas, no Brasil e em Portugal, duas regiões com forte impacto mineiro, para avaliar a influência da geologia e do clima, na geoquímica de ambientes sujeitos à contaminação pela exploração mineira. Bacia do Paraopeba: situada na região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, sob clima tropical seco, foi selecionada pela sua geodiversidade, importância socioeconómica, associada a graves problemas ambientais devido à intensa actividade mineira que se exerce há mais de 300 anos. Geologicamente é constituída por gnaisses, granitoides, rochas metavulcânicas e vulcânicas intercaladas por rochas sedimentares, quartzitos, metaconglomerados-metarenitos, metapelitos, itabiritos e mármores. Mina de S. Domingos: explorada desde o período calcolítico foi encerrada em 1966 após esgotamento do minério. Situa-se no Sul de Portugal, sob clima Mediterrânico e integra-se na Faixa Piritosa Ibérica, que constitui uma das mais importantes Províncias Metalogénicas de sulfuretos maciços polimetálicos à escala mundial. Possui resíduos mineiros muito heterogéneos, encontrando-se escórias romanas e modernas, cinzas de fundição, resíduos ricos em pirite e outros resíduos provenientes da extracção de minério, como resíduos de gossan e de rochas-mãe (quartzitos e filitos, rochas vulcânicas ácidas com intercalações sedimentares, depósitos do tipo “flisch”). Realizou-se um estudo geoquímico de várias componentes geológicas (solos, sedimentos de lagoas de decantação e de linhas de água, água intersticial e coluna de água) em áreas sujeitas a diversas influências dos processos de extracção mineira. Devido à ocorrência sob distintas formas minerais, óxidos de ferro na Bacia do Paraopeba e sulfuretos maciços em S. Domingos, as características geoquímicas do meio e a solubilidade e biodisponibilidade dos elementos metálicos apresentam diferenças acentuadas, tendo como consequência distintos impactos ambientais. Os valores das fracções potencialmente mais poluentes, extraíveis com aqua regia, são significativamente superiores para As, Pb, Zn e Cu em S. Domingos, possuindo a Bacia do Paraopeba valores mais elevados de Mn e Cr. O Fe tem valores idênticos nas duas regiões. Em S. Domingos, os baixos valores de pH (2,47-4,10), aumentam a solubilidade dos metais, representando uma situação de maior risco ambiental. Apenas o Mn, nas fracções biodisponíveis, (fases dissolvidas na água intersticial, fracções de troca e ligadas a carbonatos) tem teores mais elevados na Bacia do Paraopeba, onde as concentrações sob a forma de óxidos são muito elevadas (>2000 ppm). A especiação dos elementos metálicos constitui importante ferramenta para a monitorização da poluição ambiental em regiões mineiras. A sua mobilidade, biodisponibilidade e ecotoxicidade depende da sua proporção nas diferentes fases minerais ou orgânicas às quais está associado, variando em função das condições químicas do meio, clima e natureza das rochas parentais. A análise das formas químicas dos metais, distintas nas duas regiões mineiras, forneceu uma ferramenta imprescindível para o conhecimento das medidas de recuperação e reabilitação a adoptar.
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