Monetarização das externalidades negativas: a avaliação do custo do ciclo de vida sob os paradigmas da economicidade e da sustentabilidade ambiental nas contratações públicas eurocomunitárias

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Daniel Lin
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/48045
Resumo: O presente trabalho busca abordar as principais questões jurídicas que se apresentam acerca de um instituto relativamente novo no contexto do processo de modernização do Direito Europeu dos Contratos Públicos. Trata-se da monetarização dos custos imputados às externalidades ambientais e sua incorporação ao cálculo do ciclo de vida para fins de apuração do custo total da contratação. Inaugurado pela Diretiva n. 2014/24/UE, o novel instituto está inserido no âmbito de uma temática mais ampla, qual seja, o da avaliação da proposta economicamente mais vantajosa sob o paradigma das contratações públicas ecologicamente sustentáveis. A discussão proposta tem como pano de fundo a disciplina normativa que é dedicada ao tema pelas duas últimas gerações de Diretivas Europeias sobre contratos públicos, notadamente as de nº 2004/18/CE e nº 2014/24/UE. Em conjunto com diretrizes de natureza ético-política (Amartya Sen e a teoria do desenvolvimento como liberdade), as referidas Diretivas fornecem o substrato que confere juridicidade à utilização dos contratos públicos como instrumento privilegiado de prossecução de políticas horizontais em prol do desenvolvimento sustentável. Este arcabouço normativo aponta para o desafio de se proceder à ponderação de valores, bem como à concordância prática entre as finalidades multidimensionais que norteiam o universo principiológico das contratações públicas sustentáveis. A incorporação do custo ambiental ao cálculo dos custos totais do ciclo de vida destaca-se como um potencial mecanismo em cujo âmago postulados dos paradigmas da ambientalidade e da economicidade se harmonizam para a promoção de uma contratação pública mais sustentável. A exposição problematiza diversos aspectos relacionados à aplicabilidade do instituto. Disserta-se sobre a arrojada pretensão de quantificação monetária (ou precificação) de fatores ambientais, os requisitos necessários à internalização dos custos decorrentes de externalidades, as metodologias de apuração, avaliação e mensuração econômica dessa nova espécie de custo, dentre outros aspectos e desafios que são dignos de debate para que o instituto seja implementado de forma juridicamente válida à luz do regime jurídico europeu dos contratos públicos. Ao fim, agrega-se um componente prático às formulações predominantemente exegéticas e teóricas desenvolvidas anteriormente. Referimo-nos ao estudo de um exemplo concreto de metodologia de monetarização de custos de externalidades ambientais outrora prevista no domínio comunitário: a Diretiva n.º 2009/33/CE (com as alterações promovidas pela Diretiva n.º 2019/1161/UE). Busca-se extrair uma ratio, ou preceitos de vocação abstrativizadora a ela subjacentes, que tenham o condão de erigir, de modo prospectivo, a disciplina normativa ali estatuída em potencial modelo para o desenvolvimento de novas metodologias comuns de cálculo de custos ambientais ao longo do ciclo de vida a nível da União.
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A discussão proposta tem como pano de fundo a disciplina normativa que é dedicada ao tema pelas duas últimas gerações de Diretivas Europeias sobre contratos públicos, notadamente as de nº 2004/18/CE e nº 2014/24/UE. Em conjunto com diretrizes de natureza ético-política (Amartya Sen e a teoria do desenvolvimento como liberdade), as referidas Diretivas fornecem o substrato que confere juridicidade à utilização dos contratos públicos como instrumento privilegiado de prossecução de políticas horizontais em prol do desenvolvimento sustentável. Este arcabouço normativo aponta para o desafio de se proceder à ponderação de valores, bem como à concordância prática entre as finalidades multidimensionais que norteiam o universo principiológico das contratações públicas sustentáveis. A incorporação do custo ambiental ao cálculo dos custos totais do ciclo de vida destaca-se como um potencial mecanismo em cujo âmago postulados dos paradigmas da ambientalidade e da economicidade se harmonizam para a promoção de uma contratação pública mais sustentável. A exposição problematiza diversos aspectos relacionados à aplicabilidade do instituto. Disserta-se sobre a arrojada pretensão de quantificação monetária (ou precificação) de fatores ambientais, os requisitos necessários à internalização dos custos decorrentes de externalidades, as metodologias de apuração, avaliação e mensuração econômica dessa nova espécie de custo, dentre outros aspectos e desafios que são dignos de debate para que o instituto seja implementado de forma juridicamente válida à luz do regime jurídico europeu dos contratos públicos. Ao fim, agrega-se um componente prático às formulações predominantemente exegéticas e teóricas desenvolvidas anteriormente. Referimo-nos ao estudo de um exemplo concreto de metodologia de monetarização de custos de externalidades ambientais outrora prevista no domínio comunitário: a Diretiva n.º 2009/33/CE (com as alterações promovidas pela Diretiva n.º 2019/1161/UE). Busca-se extrair uma ratio, ou preceitos de vocação abstrativizadora a ela subjacentes, que tenham o condão de erigir, de modo prospectivo, a disciplina normativa ali estatuída em potencial modelo para o desenvolvimento de novas metodologias comuns de cálculo de custos ambientais ao longo do ciclo de vida a nível da União.The present work aims to address the main legal issues that arise about a relatively new institute in the context of the modernization process of European Public Procurement Law. This involves monetizing the costs attributed to environmental externalities and incorporating them into the calculation of the life cycle for purposes of calculating the total cost of contracting. Inaugurated by Directive n. 2014/24/EU, the novel institute is inserted in the scope of a broader thematic, that is, the evaluation of the most economically advantageous tender under the paradigm of ecologically sustainable public procurement. The proposed discussion has as a background the normative discipline that is dedicated to the theme by the last two generations of European Directives on public procurement, notably the nº 2004/18/EC and nº 2014/24/EU. Joining efforts with guidelines of an ethical-political nature (Amartya Sen and the theory of development as freedom), these Directives provide the substrate that gives legitimacy to the use of public contracts as a privileged instrument for pursuing horizontal policies in favor of sustainable development. This normative framework points to the challenge of proceeding with the harmonious combination of values and of a multidimensional purposes that guide the universe of principles involved in sustainable public procurement. The incorporation of environmental cost into the calculation of total life cycle costs stands out as a potential mechanism at the heart of which the requirements of the environmental and economic sustainability paradigms harmonize to promote more sustainable public procurement. The exhibition discusses several aspects related to the applicability of the institute. It is discussed about the innovative intention of monetary quantification (or pricing) of environmental factors, the requirements necessary to internalize the costs imputed to environmental externalities, the methodologies for calculating, evaluating and economically measuring this new type of cost, among others aspects and challenges that are worthy of debate, so that the institute can be implemented in a legally valid way in the light of the European legal regime of public contracts. Finally, a practical component is added to the predominantly exegetical and theoretical formulations previously developed. We refer to the study of an example of a cost-monetization methodology for environmental externalities previously envisaged at European level: Directive n. 2009/33/EC (with the changes promoted by Directive n. 2019/1161/EU). The objective is to identify a ratio behind it, or prescriptions with an abstracting vocation, that have the potential to make, in a prospective way, that normative discipline into a potential model for the development of new common methodologies for calculating environmental costs over the life cycle at Union level.Estorninho, Maria JoãoRepositório da Universidade de LisboaSantos, Daniel Lin2021-05-20T14:27:46Z2021-02-172021-02-17T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/48045porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:51:15Zoai:repositorio.ul.pt:10451/48045Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:59:58.910321Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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Contratação pública
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Políticas horizontais
Ciclo de vida
Direito da União Europeia
Teses de mestrado - 2021
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