O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão?
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069 |
Resumo: | A epigenética tem sido apontada como uma evidência de que a ideia defendida por Lamarck, acerca da aquisição de caracteres pelo uso e desuso, poderá ter algum sentido na explicação de determinados processos evolutivos. De facto, a epigenética caracteriza-se pelo estudo da herdabilidade, tanto meiótica como mitótica, de variações na expressão ou atividade dos genes, sem que se observe qualquer alteração na sequência de ADN. As alterações epigenéticas podem surgir como resposta a fatores ambientais naturais, como a variação da temperatura, ou a fatores ambientais exógenos, como a exposição a metais ou a poluentes orgânicos. Tendo efeito na expressão dos genes, estas marcas epigenéticas podem provocar alterações fenotípicas nos organismos. Sabe-se ainda que estas alterações podem ser transmitidas ao longo das gerações, permanecendo mesmo naquelas que já não se encontram expostas a qualquer agente de stress, configurando, portanto, um efeito transgeracional. Apesar dos estudos iniciais de epigenética terem sido em mamíferos, o género Daphnia é visto como um modelo de investigação nesta área, uma vez que, para além das suas características morfofisiológicas, reúne ainda um conjunto de condições favoráveis a este tipo de estudos: vasta base bibliográfica relativa à sua morfo- e eco-fisiologia; especificidade de resposta a diversos tipos de flutuações ambientais; ciclo de vida curto, passível de ser mantido em partenogénese a longo-prazo, o que permite eliminar a variabilidade genética do conjunto de fatores experimentais; fácil manutenção e manuseamento em laboratório em ciclos muito produtivos que proporcionam trabalhos com elevado número de organismos. Apesar de já existirem alguns estudos epigenéticos com recurso a Daphnia, é essencial que a investigação seja incrementada de modo a possibilitar a melhor compreensão de alguns mecanismos epigenéticos e das implicações que estes podem ter, quer a nível fenotípico do indivíduo, quer ao nível da dinâmica das populações nos ecossistemas, atualmente sob constante pressão ambiental. |
id |
RCAP_1a850f02d2696c13f7b3a446b51ddae1 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:proa.ua.pt:article/1069 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão?A epigenética tem sido apontada como uma evidência de que a ideia defendida por Lamarck, acerca da aquisição de caracteres pelo uso e desuso, poderá ter algum sentido na explicação de determinados processos evolutivos. De facto, a epigenética caracteriza-se pelo estudo da herdabilidade, tanto meiótica como mitótica, de variações na expressão ou atividade dos genes, sem que se observe qualquer alteração na sequência de ADN. As alterações epigenéticas podem surgir como resposta a fatores ambientais naturais, como a variação da temperatura, ou a fatores ambientais exógenos, como a exposição a metais ou a poluentes orgânicos. Tendo efeito na expressão dos genes, estas marcas epigenéticas podem provocar alterações fenotípicas nos organismos. Sabe-se ainda que estas alterações podem ser transmitidas ao longo das gerações, permanecendo mesmo naquelas que já não se encontram expostas a qualquer agente de stress, configurando, portanto, um efeito transgeracional. Apesar dos estudos iniciais de epigenética terem sido em mamíferos, o género Daphnia é visto como um modelo de investigação nesta área, uma vez que, para além das suas características morfofisiológicas, reúne ainda um conjunto de condições favoráveis a este tipo de estudos: vasta base bibliográfica relativa à sua morfo- e eco-fisiologia; especificidade de resposta a diversos tipos de flutuações ambientais; ciclo de vida curto, passível de ser mantido em partenogénese a longo-prazo, o que permite eliminar a variabilidade genética do conjunto de fatores experimentais; fácil manutenção e manuseamento em laboratório em ciclos muito produtivos que proporcionam trabalhos com elevado número de organismos. Apesar de já existirem alguns estudos epigenéticos com recurso a Daphnia, é essencial que a investigação seja incrementada de modo a possibilitar a melhor compreensão de alguns mecanismos epigenéticos e das implicações que estes podem ter, quer a nível fenotípico do indivíduo, quer ao nível da dinâmica das populações nos ecossistemas, atualmente sob constante pressão ambiental.Revista Captar: Ciência e Ambiente para TodosRevista Captar: Ciência e Ambiente para Todos2019-03-15T00:00:00Zjournal articleinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069oai:proa.ua.pt:article/1069Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; Vol 7 No 1 (2018); 39-54Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; vol. 7 n.º 1 (2018); 39-541647-323Xreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttps://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/1069https://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069https://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/1069/868https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/info:eu-repo/semantics/openAccessBarbosa, JoãoJeremias, GuilhermeMarques, SérgioJM Gonçalves, FernandoL Pereira, Joana2022-09-05T12:32:54Zoai:proa.ua.pt:article/1069Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:00:21.165079Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
title |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
spellingShingle |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? Barbosa, João |
title_short |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
title_full |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
title_fullStr |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
title_full_unstemmed |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
title_sort |
O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão? |
author |
Barbosa, João |
author_facet |
Barbosa, João Jeremias, Guilherme Marques, Sérgio JM Gonçalves, Fernando L Pereira, Joana |
author_role |
author |
author2 |
Jeremias, Guilherme Marques, Sérgio JM Gonçalves, Fernando L Pereira, Joana |
author2_role |
author author author author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Barbosa, João Jeremias, Guilherme Marques, Sérgio JM Gonçalves, Fernando L Pereira, Joana |
description |
A epigenética tem sido apontada como uma evidência de que a ideia defendida por Lamarck, acerca da aquisição de caracteres pelo uso e desuso, poderá ter algum sentido na explicação de determinados processos evolutivos. De facto, a epigenética caracteriza-se pelo estudo da herdabilidade, tanto meiótica como mitótica, de variações na expressão ou atividade dos genes, sem que se observe qualquer alteração na sequência de ADN. As alterações epigenéticas podem surgir como resposta a fatores ambientais naturais, como a variação da temperatura, ou a fatores ambientais exógenos, como a exposição a metais ou a poluentes orgânicos. Tendo efeito na expressão dos genes, estas marcas epigenéticas podem provocar alterações fenotípicas nos organismos. Sabe-se ainda que estas alterações podem ser transmitidas ao longo das gerações, permanecendo mesmo naquelas que já não se encontram expostas a qualquer agente de stress, configurando, portanto, um efeito transgeracional. Apesar dos estudos iniciais de epigenética terem sido em mamíferos, o género Daphnia é visto como um modelo de investigação nesta área, uma vez que, para além das suas características morfofisiológicas, reúne ainda um conjunto de condições favoráveis a este tipo de estudos: vasta base bibliográfica relativa à sua morfo- e eco-fisiologia; especificidade de resposta a diversos tipos de flutuações ambientais; ciclo de vida curto, passível de ser mantido em partenogénese a longo-prazo, o que permite eliminar a variabilidade genética do conjunto de fatores experimentais; fácil manutenção e manuseamento em laboratório em ciclos muito produtivos que proporcionam trabalhos com elevado número de organismos. Apesar de já existirem alguns estudos epigenéticos com recurso a Daphnia, é essencial que a investigação seja incrementada de modo a possibilitar a melhor compreensão de alguns mecanismos epigenéticos e das implicações que estes podem ter, quer a nível fenotípico do indivíduo, quer ao nível da dinâmica das populações nos ecossistemas, atualmente sob constante pressão ambiental. |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019-03-15T00:00:00Z |
dc.type.driver.fl_str_mv |
journal article info:eu-repo/semantics/article |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069 oai:proa.ua.pt:article/1069 |
url |
https://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069 |
identifier_str_mv |
oai:proa.ua.pt:article/1069 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/1069 https://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069 https://proa.ua.pt/index.php/captar/article/view/1069/868 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos |
publisher.none.fl_str_mv |
Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos |
dc.source.none.fl_str_mv |
Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; Vol 7 No 1 (2018); 39-54 Revista Captar: Ciência e Ambiente para Todos; vol. 7 n.º 1 (2018); 39-54 1647-323X reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799129874267373568 |