O papel da epigenética na compreensão das respostas dos organismos dulçaquícolas às flutuações ambientais: teria Lamarck razão?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbosa, João
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Jeremias, Guilherme, Marques, Sérgio, JM Gonçalves, Fernando, L Pereira, Joana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.34624/captar.v7i1.1069
Resumo: A epigenética tem sido apontada como uma evidência de que a ideia defendida por Lamarck, acerca da aquisição de caracteres pelo uso e desuso, poderá ter algum sentido na explicação de determinados processos evolutivos. De facto, a epigenética caracteriza-se pelo estudo da herdabilidade, tanto meiótica como mitótica, de variações na expressão ou atividade dos genes, sem que se observe qualquer alteração na sequência de ADN. As alterações epigenéticas podem surgir como resposta a fatores ambientais naturais, como a variação da temperatura, ou a fatores ambientais exógenos, como a exposição a metais ou a poluentes orgânicos. Tendo efeito na expressão dos genes, estas marcas epigenéticas podem provocar alterações fenotípicas nos organismos. Sabe-se ainda que estas alterações podem ser transmitidas ao longo das gerações, permanecendo mesmo naquelas que já não se encontram expostas a qualquer agente de stress, configurando, portanto, um efeito transgeracional. Apesar dos estudos iniciais de epigenética terem sido em mamíferos, o género Daphnia é visto como um modelo de investigação nesta área, uma vez que, para além das suas características morfofisiológicas, reúne ainda um conjunto de condições favoráveis a este tipo de estudos: vasta base bibliográfica relativa à sua morfo- e eco-fisiologia; especificidade de resposta a diversos tipos de flutuações ambientais; ciclo de vida curto, passível de ser mantido em partenogénese a longo-prazo, o que permite eliminar a variabilidade genética do conjunto de fatores experimentais; fácil manutenção e manuseamento em laboratório em ciclos muito produtivos que proporcionam trabalhos com elevado número de organismos. Apesar de já existirem alguns estudos epigenéticos com recurso a Daphnia, é essencial que a investigação seja incrementada de modo a possibilitar a melhor compreensão de alguns mecanismos epigenéticos e das implicações que estes podem ter, quer a nível fenotípico do indivíduo, quer ao nível da dinâmica das populações nos ecossistemas, atualmente sob constante pressão ambiental.
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