Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Ana Sofia
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: de Deus, Alberto Afonso
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.14417/ap.79
Resumo: O presente estudo teve como objectivos avaliar a situação acerca dos comportamentos de consumo de haxixe, em adolescentes inseridos em meio escolar, estudar a influência de variáveis como, a situação familiar, o grau de influência do grupo de pares nas decisões e as expectativas, no início e na manutenção do consumo daquela substância. Pretendeu-se ainda avaliar a existência ou não de relações entre este consumo e a saúde mental dos adolescentes. Os participantes foram 221 adolescentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos e que frequentavam entre o 8.º ano e o 10.º ano de escolaridade, do ensino regular diurno, em escolas dos arredores de Lisboa. Como instrumentos de medida, construiu-se um questionário (Questionário sobre Comportamentos de Consumo de Haxixe), baseado num já existente para avaliar o consumo de álcool, que depois de ser sujeito a pré-teste, foi administrado juntamente com a adaptação para a população portuguesa do Mental Health Inventory, o Inventário de Saúde Mental. Os resultados mostraram que a maioria dos jovens não consome haxixe (n=181; 81,9%). Daqueles que o fazem (n=40; 18,1%), 42,5% são consumidores experimentais, 27,5% são ocasionais, 20% são habituais e 10% são abusivos. A maioria (27,5%) afirma ter tido a sua primeira experiência com o haxixe aos 13 anos, sendo os motivos principais do consumo a procura de relaxamento (31,3%) e de diversão (36,8%). Os amigos da mesma idade são os principais companheiros de consumo (62,0%), sendo a rua o local eleito pela maioria para o mesmo (51,0%). Quando comparados os dois grupos de participantes (consumidores versus não consumidores), verificou-se que, no grupo de consumidores existe uma tendência para a escolaridade se apresentar afectada (40% reprovaram), com as reprovações a surgirem em maior número a partir do 9.º ano de escolaridade (12,5%; 16,7% no 10.º ano). Quanto à situação familiar verificou-se a existência de uma maior percentagem de pais de consumidores que se encontram separados (15,0%) ou divorciados (25,0%). Expectativas de maior descontração com consequente aumento da diversão (p=.000), de menor nervosismo (p=.000) e de o haxixe ser menos prejudicial do que o tabaco (p=.005), foram altas nos consumidores. Este grupo classifica o haxixe como uma droga leve (72,5%) ou como não sendo uma droga (27,5%), sendo o principal motivo que apresentam para se consumir, a diversão (55.0%). As diferenças entre os dois grupos quanto à influência da idade e do grupo de pares nas decisões e/ou actos, foram estatisticamente significativas (p=.007 e p=.042, respectivamente). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos quanto à saúde mental. De tudo isto se conclui que a frequência de utilização desta substância e o significado que ela tem, difere de jovem para jovem. Torna-se importante levar em consideração este facto e, nesta base, delinear programas de prevenção que promovam o diálogo entre os pais e o adolescente, a resiliência deste e as suas competências sociais, com direcção ao bem-estar e a um crescimento saudável.
id RCAP_1b1d96075b03ef1e6980520551ec6f09
oai_identifier_str oai:ojs.localhost:article/79
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativoAdolescência; saúde mental; haxixe; expectativas; drogas leves/pesadasO presente estudo teve como objectivos avaliar a situação acerca dos comportamentos de consumo de haxixe, em adolescentes inseridos em meio escolar, estudar a influência de variáveis como, a situação familiar, o grau de influência do grupo de pares nas decisões e as expectativas, no início e na manutenção do consumo daquela substância. Pretendeu-se ainda avaliar a existência ou não de relações entre este consumo e a saúde mental dos adolescentes. Os participantes foram 221 adolescentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos e que frequentavam entre o 8.º ano e o 10.º ano de escolaridade, do ensino regular diurno, em escolas dos arredores de Lisboa. Como instrumentos de medida, construiu-se um questionário (Questionário sobre Comportamentos de Consumo de Haxixe), baseado num já existente para avaliar o consumo de álcool, que depois de ser sujeito a pré-teste, foi administrado juntamente com a adaptação para a população portuguesa do Mental Health Inventory, o Inventário de Saúde Mental. Os resultados mostraram que a maioria dos jovens não consome haxixe (n=181; 81,9%). Daqueles que o fazem (n=40; 18,1%), 42,5% são consumidores experimentais, 27,5% são ocasionais, 20% são habituais e 10% são abusivos. A maioria (27,5%) afirma ter tido a sua primeira experiência com o haxixe aos 13 anos, sendo os motivos principais do consumo a procura de relaxamento (31,3%) e de diversão (36,8%). Os amigos da mesma idade são os principais companheiros de consumo (62,0%), sendo a rua o local eleito pela maioria para o mesmo (51,0%). Quando comparados os dois grupos de participantes (consumidores versus não consumidores), verificou-se que, no grupo de consumidores existe uma tendência para a escolaridade se apresentar afectada (40% reprovaram), com as reprovações a surgirem em maior número a partir do 9.º ano de escolaridade (12,5%; 16,7% no 10.º ano). Quanto à situação familiar verificou-se a existência de uma maior percentagem de pais de consumidores que se encontram separados (15,0%) ou divorciados (25,0%). Expectativas de maior descontração com consequente aumento da diversão (p=.000), de menor nervosismo (p=.000) e de o haxixe ser menos prejudicial do que o tabaco (p=.005), foram altas nos consumidores. Este grupo classifica o haxixe como uma droga leve (72,5%) ou como não sendo uma droga (27,5%), sendo o principal motivo que apresentam para se consumir, a diversão (55.0%). As diferenças entre os dois grupos quanto à influência da idade e do grupo de pares nas decisões e/ou actos, foram estatisticamente significativas (p=.007 e p=.042, respectivamente). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos quanto à saúde mental. De tudo isto se conclui que a frequência de utilização desta substância e o significado que ela tem, difere de jovem para jovem. Torna-se importante levar em consideração este facto e, nesta base, delinear programas de prevenção que promovam o diálogo entre os pais e o adolescente, a resiliência deste e as suas competências sociais, com direcção ao bem-estar e a um crescimento saudável.ISPA - Instituto Universitário2012-12-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://doi.org/10.14417/ap.79https://doi.org/10.14417/ap.79Análise Psicológica; Vol 23, No 2 (2005); 151-172Análise Psicológica; Vol 23, No 2 (2005); 151-1721646-60200870-8231reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttp://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/79http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/79/pdfSilva, Ana Sofiade Deus, Alberto Afonsoinfo:eu-repo/semantics/openAccess2023-05-11T10:20:43Zoai:ojs.localhost:article/79Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T17:51:28.974659Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
title Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
spellingShingle Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
Silva, Ana Sofia
Adolescência; saúde mental; haxixe; expectativas; drogas leves/pesadas
title_short Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
title_full Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
title_fullStr Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
title_full_unstemmed Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
title_sort Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo
author Silva, Ana Sofia
author_facet Silva, Ana Sofia
de Deus, Alberto Afonso
author_role author
author2 de Deus, Alberto Afonso
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, Ana Sofia
de Deus, Alberto Afonso
dc.subject.por.fl_str_mv Adolescência; saúde mental; haxixe; expectativas; drogas leves/pesadas
topic Adolescência; saúde mental; haxixe; expectativas; drogas leves/pesadas
description O presente estudo teve como objectivos avaliar a situação acerca dos comportamentos de consumo de haxixe, em adolescentes inseridos em meio escolar, estudar a influência de variáveis como, a situação familiar, o grau de influência do grupo de pares nas decisões e as expectativas, no início e na manutenção do consumo daquela substância. Pretendeu-se ainda avaliar a existência ou não de relações entre este consumo e a saúde mental dos adolescentes. Os participantes foram 221 adolescentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos e que frequentavam entre o 8.º ano e o 10.º ano de escolaridade, do ensino regular diurno, em escolas dos arredores de Lisboa. Como instrumentos de medida, construiu-se um questionário (Questionário sobre Comportamentos de Consumo de Haxixe), baseado num já existente para avaliar o consumo de álcool, que depois de ser sujeito a pré-teste, foi administrado juntamente com a adaptação para a população portuguesa do Mental Health Inventory, o Inventário de Saúde Mental. Os resultados mostraram que a maioria dos jovens não consome haxixe (n=181; 81,9%). Daqueles que o fazem (n=40; 18,1%), 42,5% são consumidores experimentais, 27,5% são ocasionais, 20% são habituais e 10% são abusivos. A maioria (27,5%) afirma ter tido a sua primeira experiência com o haxixe aos 13 anos, sendo os motivos principais do consumo a procura de relaxamento (31,3%) e de diversão (36,8%). Os amigos da mesma idade são os principais companheiros de consumo (62,0%), sendo a rua o local eleito pela maioria para o mesmo (51,0%). Quando comparados os dois grupos de participantes (consumidores versus não consumidores), verificou-se que, no grupo de consumidores existe uma tendência para a escolaridade se apresentar afectada (40% reprovaram), com as reprovações a surgirem em maior número a partir do 9.º ano de escolaridade (12,5%; 16,7% no 10.º ano). Quanto à situação familiar verificou-se a existência de uma maior percentagem de pais de consumidores que se encontram separados (15,0%) ou divorciados (25,0%). Expectativas de maior descontração com consequente aumento da diversão (p=.000), de menor nervosismo (p=.000) e de o haxixe ser menos prejudicial do que o tabaco (p=.005), foram altas nos consumidores. Este grupo classifica o haxixe como uma droga leve (72,5%) ou como não sendo uma droga (27,5%), sendo o principal motivo que apresentam para se consumir, a diversão (55.0%). As diferenças entre os dois grupos quanto à influência da idade e do grupo de pares nas decisões e/ou actos, foram estatisticamente significativas (p=.007 e p=.042, respectivamente). Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos quanto à saúde mental. De tudo isto se conclui que a frequência de utilização desta substância e o significado que ela tem, difere de jovem para jovem. Torna-se importante levar em consideração este facto e, nesta base, delinear programas de prevenção que promovam o diálogo entre os pais e o adolescente, a resiliência deste e as suas competências sociais, com direcção ao bem-estar e a um crescimento saudável.
publishDate 2012
dc.date.none.fl_str_mv 2012-12-10
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.14417/ap.79
https://doi.org/10.14417/ap.79
url https://doi.org/10.14417/ap.79
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/79
http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/view/79/pdf
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv ISPA - Instituto Universitário
publisher.none.fl_str_mv ISPA - Instituto Universitário
dc.source.none.fl_str_mv Análise Psicológica; Vol 23, No 2 (2005); 151-172
Análise Psicológica; Vol 23, No 2 (2005); 151-172
1646-6020
0870-8231
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799131592448278528