O fim da Guerra Fria foi um desastre estratégico para Portugal?
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11144/3305 |
Resumo: | Um político importante português classifi cou o fi m da Guerra Fria como “O Maior Desastre Nacional para Portugal desde a derrota de Alcácer Quibir em 1578”. Pretendia dizer com isso que um determinado modelo estratégico a partir do enorme investimento europeu na modernização de infra-estruturas materiais e, em menor grau, em capital humano, teria feito de Portugal a porta de entrada barata e ideal para o investimento estrangeiro na CEE na década de oitenta. Contudo, o colapso do modelo comunista e a globalização do capitalismo tornou o modelo de mão-de-obra barata para Portugal insustentável. A isto podemos acrescentar o facto de Portugal se ter tornado cada vez mais periférico do ponto de vista estratégico. A adesão à NATO e à UE após 1989/1991 tornou-se menos exclusiva e um privilégio menor. O impacto diferencial da entrada no Euro, assim como o da liberalização do comércio global e de capitais, tornou Portugal ainda mais marginal. Após 1989/1991, Portugal ou a Grécia podiam ser autorizados a falhar de uma maneira que não acontecera antes – já não podiam continuar a ser encarados como prova do fracasso do modelo ocidental, como uma fenda potencialmente perigosa no muro que separava os dois blocos da Guerra Fria. O colapso da Jugoslávia podia ter sido visto como um exemplo precoce e extremo de um problema mais amplo da periferia da nova Europa e Ocidente do pós-Guerra Fria. Assim, que podemos fazer? Fazer uso máximo das nossas fraquezas, do risco sistémico mais amplo que o Euro criou juntamente com os inventivos distorcidos que foram parcialmente responsáveis pela crise. Mas para isso, especialmente em tempos de grande incerteza e risco, devemos ter uma estratégia, e uma que não assente unicamente em austeridade pura e num mítico Estado mínimo, ou num conceito autárquico albanês. Temos que nos atrever a propor algumas medidas sustentadas por algum apoio externo para sairmos da crise, reforçar a governança da Europa, tornar as Finanças menos altaneiras, e oferecer incentivos a médio prazo em troca de sacrifícios a curto prazo. Uma Estratégia nacional e Europeia não é um luxo, mas, mais do que nunca, uma necessidade. Por último, mas não menos importante, a segurança não é um luxo neste contexto, e pode ser transformada numa mais-valia estratégica de forma mais ou menos óbvia. |
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