“Caem os muros, caem as vontades?”: a reconfiguração da esquerda revolucionária em Portugal: o caso do Partido Comunista Português (reconstruído) (1974-1995)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Costa, Pedro Manuel Barreto da
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/28396
Resumo: A autodesignada esquerda revolucionária teve um papel significativo na vida política, social e cultural portuguesa entre meados da década de 60 e o início dos anos 80. Um conjunto significativo de estudos existe já sobre estes movimentos para o período que vai de 1964 ao 25 de Abril. Todavia, o percurso posterior encontra-se inteiramente por estudar. Após o P.R.E.C., esta esquerda entrou num processo de reconfiguração, em que muitos partidos se vão extinguir e apenas três estarão ativos quando cai o Muro de Berlim. Esta dissertação irá centrar-se no Partido Comunista Português (Reconstruído), formado nos finais de 1975, um produto diferido da cisão sino-soviética, em Portugal, e um produto direto da cisão sino-albanesa. Com efeito, este partido, que procurou permanentemente na demarcação com o que considerava ser o “revisionismo” do Partido Comunista Português a sua razão de existir, criticou sistematicamente o modelo de construção do socialismo na União Soviética e na Europa de Leste, acabando por se afastar da China para ficar alinhado com a Albânia Socialista. O meu objetivo é analisar o modo como o partido foi reagindo a uma situação cada vez mais adversa tanto no plano doméstico, como no internacional, com o ascenso do neoliberalismo, e com os partidos comunistas e as suas dissidências marxistas-leninistas / maoístas a ficarem debaixo de fogo. Depois de abordar as duas cisões no MCI, resumo o que me parece ser mais relevante, na perspetiva da tese, sobre a evolução dos grupos M-L em Portugal até à formação do PCP(R), onde vários grupos confluíram. Em seguida, acompanharei a existência do partido, destacando as suas linhas programáticas, os seus êxitos e fraquezas e as cisões que o atravessaram. Terminarei analisando o impacto, sobre o PCP(R), da queda do Muro de Berlim, do desmoronamento do “socialismo real” e do colapso da Albânia Socialista. Um lugar autónomo será concedido a uma das originalidades deste partido: a existência de uma frente eleitoral – a União Democrática Popular – cuja espinha dorsal era formada pelos militantes M-L. Criada em 1974, a UDP antecedeu o partido e acabou por lhe serviu de “casa” quando ele passou a associação política, em 1992.
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spelling “Caem os muros, caem as vontades?”: a reconfiguração da esquerda revolucionária em Portugal: o caso do Partido Comunista Português (reconstruído) (1974-1995)Esquerda revolucionáriaExtrema esquerdaPartido comunista português (reconstruído)União democrática popularMaoismoRevolutionary leftFar-leftPortuguese communist party (reconstructed)People's democratic unionMaoismA autodesignada esquerda revolucionária teve um papel significativo na vida política, social e cultural portuguesa entre meados da década de 60 e o início dos anos 80. Um conjunto significativo de estudos existe já sobre estes movimentos para o período que vai de 1964 ao 25 de Abril. Todavia, o percurso posterior encontra-se inteiramente por estudar. Após o P.R.E.C., esta esquerda entrou num processo de reconfiguração, em que muitos partidos se vão extinguir e apenas três estarão ativos quando cai o Muro de Berlim. Esta dissertação irá centrar-se no Partido Comunista Português (Reconstruído), formado nos finais de 1975, um produto diferido da cisão sino-soviética, em Portugal, e um produto direto da cisão sino-albanesa. Com efeito, este partido, que procurou permanentemente na demarcação com o que considerava ser o “revisionismo” do Partido Comunista Português a sua razão de existir, criticou sistematicamente o modelo de construção do socialismo na União Soviética e na Europa de Leste, acabando por se afastar da China para ficar alinhado com a Albânia Socialista. O meu objetivo é analisar o modo como o partido foi reagindo a uma situação cada vez mais adversa tanto no plano doméstico, como no internacional, com o ascenso do neoliberalismo, e com os partidos comunistas e as suas dissidências marxistas-leninistas / maoístas a ficarem debaixo de fogo. Depois de abordar as duas cisões no MCI, resumo o que me parece ser mais relevante, na perspetiva da tese, sobre a evolução dos grupos M-L em Portugal até à formação do PCP(R), onde vários grupos confluíram. Em seguida, acompanharei a existência do partido, destacando as suas linhas programáticas, os seus êxitos e fraquezas e as cisões que o atravessaram. Terminarei analisando o impacto, sobre o PCP(R), da queda do Muro de Berlim, do desmoronamento do “socialismo real” e do colapso da Albânia Socialista. Um lugar autónomo será concedido a uma das originalidades deste partido: a existência de uma frente eleitoral – a União Democrática Popular – cuja espinha dorsal era formada pelos militantes M-L. Criada em 1974, a UDP antecedeu o partido e acabou por lhe serviu de “casa” quando ele passou a associação política, em 1992.The self-designated revolutionary left played a significant role in Portuguese political, social and cultural life between the mid-1960s and the beginning of the 1980s. A significant body of studies already exists on these movements for the period from 1964 to the 25th of April. However, the subsequent route is entirely to be studied. After the P.R.E.C., this Left entered a process of reconfiguration, in which many parties were extinguished and only three were active when the Berlin Wall fell. This dissertation will focus on the Portuguese Communist Party (Reconstructed), formed in late 1975, a deferred product of the Sino-Soviet split in Portugal and a direct product of the Sino-Albanian split. In effect, this party, which permanently sought to demarcate with what it considered to be the “revisionism” of the Portuguese Communist Party, being its reason for existing, systematically criticized the model of building socialism in the Soviet Union and in Eastern Europe, ending up moving away from China to align with Socialist Albania. My objective is to analyze how the party was reacting to an increasingly adverse situation both domestically and internationally, with the rise of neoliberalism, and with the communist parties and their Marxist-Leninist / Maoist dissidents coming under fire. After addressing the two splits in the MCI, I summarize what seems to me to be most relevant, from the perspective of the dissertation, about the evolution of the M-L groups in Portugal until the formation of the PCP(R), where several groups converged. Then, I will follow the existence of the party, highlighting its programmatic lines, its successes and weaknesses and the divisions that crossed it. I will end by analyzing the impact on the PCP(R) of the fall of the Berlin Wall, the collapse of “real socialism” and the collapse of Socialist Albania. An autonomous place will be given to one of the originalities of this party: the existence of an electoral front – the Popular Democratic Union – whose backbone was formed by the M-L militants. Created in 1974, the UDP preceded the party and ended up serving as its “home” when it became a political association in 1992.2023-03-29T13:12:44Z2023-02-10T00:00:00Z2023-02-102022-11info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10071/28396TID:203262239porCosta, Pedro Manuel Barreto dainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-09T17:25:08Zoai:repositorio.iscte-iul.pt:10071/28396Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:11:24.058091Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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