Brooding behaviour and influence of moon cycle on chick provisioning in a pelagic seabird, the Bulwer’s petrel (Bulweria bulwerii)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pinto, Maria Gomes Ribeiro Teixeira, 1989-
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/10359
Resumo: Tese de mestrado. Biologia (Ecologia Marinha). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2013
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spelling Brooding behaviour and influence of moon cycle on chick provisioning in a pelagic seabird, the Bulwer’s petrel (Bulweria bulwerii)Aves aquáticasReproduçãoComportamento animalSelvagem Grande - Madeira - PortugalTeses de mestrado - 2013Tese de mestrado. Biologia (Ecologia Marinha). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2013Muito pouco se sabe sobre a ecologia reprodutora da ave marinha Alma-Negra (Bulweria bulwerii), principalmente sobre o seu comportamento e sobre os fatores e mecanismos responsáveis pelo seu sucesso reprodutor. Neste estudo foram investigados dois aspectos da ecologia reprodutora das Almas-Negras da colónia da Ilha Selvagem Grande, pertencente ao arquipélago da Madeira: a influência do ciclo lunar na alimentação das crias e o comportamento de permanência dos progenitores no ninho durante os primeiros dias após a eclosão das crias – comportamento de guarda do ninho. A colónia da Ilha Selvagem Grande é um dos principais núcleos reprodutores desta espécie no Atlântico. A compreensão dos fatores que podem influenciar o seu sucesso reprodutor e o seu comportamento irá permitir, para além de obtenção de nova informação sobre a ecologia destes predadores de topo, determinar como estas aves marinhas se adaptam a diferentes condições, através da comparação com outras colónias e espécies. O trabalho de campo na Selvagem Grande foi realizado durante a época de reprodução da Alma-Negra, em 2009 e 2012. Estes ninhos foram monitorizados diariamente, sempre à mesma hora e pela mesma ordem desde o início do período de amostragem até os ovos ou crias morrerem ou desaparecerem. Após eclodirem, começando no primeiro dia em que foram encontradas no ninho sem progenitores, as crias foram pesadas diariamente e a asa foi medida com uma régua. Adicionalmente, e apenas no ano de 2012, os dias de guarda ao ninho pelos progenitores foram contados e registados. Para investigar a influência do ciclo lunar na variação diária do peso das crias, utilizada como uma medida aproximada da alimentação das crias, utilizaram-se modelos lineares mistos e ANOVAs com medidas repetidas. Os resultados mostraram que o ciclo lunar (medido como a proporção de lua visível à meia noite) influenciou negativamente a variação diária de peso das crias, mas apenas no período em que estas tinham em média entre 30 e 60 dias de idade, tanto em 2009 (χ2= 6.57, P<0.05) como em 2012 (χ2= 13.91, P<0.001). Adicionalmente, quando comparadas as variações diárias de peso das crias apenas entre o período de lua cheia e o período de lua nova, encontrou-se uma diferença significativa entre ambas tanto em 2009 como em 2012. Esta diferença foi encontrada tanto em crias que nasceram antes do pico de eclosão (em 2009, F=6.44, p<0.05 e em 2012 F=25.45, p<0.001), como em crias que nasceram depois do pico de eclosão (em 2009, F=38.68, p<0.001 e em 2012 F=10.91, p<0.01). Estes resultados mostram uma clara influência da fase lunar na alimentação das crias - em noites em que há mais luar as crias comem menos. Esta influência já foi verificada em várias colónias de aves marinhas. No caso das Almas-Negras, poder-se-á dever principalmente a dois fatores: 1) ao facto dos progenitores poderem vir menos vezes à colónia em noites com mais luminosidade, para evitar serem detetados por predadores (neste caso, pelas Gaivotas-de-patas-amarelas Larus michahellis atlantis, que também se reproduzem na Selvagem Grande); e/ou 2) ao facto da taxa de captura de alimentos pelos progenitores ser influenciada pela lua, uma vez que predam espécies de zooplâncton mesopelágico que fazem migrações verticais diárias, as quais não são tão pronunciadas em noites de luar. Na segunda parte do trabalho foi estudado o comportamento de guarda de ninho dos progenitores de Alma-negra. Sabe-se que as aves marinhas permanecem no ninho para auxiliar as crias até estas atingirem a homeotermia; no entanto, alguns estudos sugerem que o comportamento de guarda do ninho poderá ter mais alguma função, uma vez que em algumas espécies os progenitores permanecem no ninho até depois das crias atingirem este estado. Algumas hipóteses já foram sugeridas para explicar este comportamento. As hipóteses que pudemos analisar neste estudo foram a hipótese da sincronia e a hipótese de assistência no crescimento. A hipótese da sincronia afirma que as crias beneficiam se eclodirem ao mesmo tempo, pois isto diminui a probabilidade de cada indivíduo ser predado. Isto sugere que em casos onde existe predação se verificará um declínio do tempo de guarda de ninho ao longo do período de eclosão - os progenitores permanecem mais tempo no ninho se as crias eclodirem mais cedo, sendo que assim quando as deixarem no ninho sozinhas já mais crias terão eclodido, diminuindo a probabilidade de cada cria ser predada, devido a um efeito de diluição. A hipótese de assistência no crescimento prevê que crias guardadas por mais tempo atinjam maior massa nos primeiros dias de vida do que aquelas guardadas menos tempo. Esta hipótese apoia-se nos pressupostos, de que ao serem guardadas mais tempo as crias gastam menos energia noutras funções básicas (nomeadamente termorregulação), permitindo uma maior taxa de crescimento, e também de que ao estarem constantemente na presença de um progenitor recebem refeições mais pequenas mas mais frequentes, ideal para quando têm poucos dias de idade com um estômago pequeno e taxa de digestão elevada. Para estudar estas hipóteses e ajudar na compreensão da origem do comportamento de guarda do ninho, no presente estudo investigou-se a relação entre a duração de guarda do ninho com: a massa das crias cinco dias após a eclosão (variável denominada Massa 5); a data de eclosão das crias; e a sobrevivência das crias. Adicionalmente investigou-se a relação entre a Massa 5 e a data de eclosão das crias e a fase da lua. A duração de guarda do ninho variou entre 0 e 4 dias (média ± SD: 1.56 ± 0.89, n=57). A duração de guarda ao ninho não influenciou a Massa 5, o que sugere que este comportamento não tem o papel de auxiliar as crias no seu crescimento durante os primeiros dias de vida, rejeitando-se a hipótese de assistência no crescimento. Este resultado era expectável pois é pouco provável que num clima quente, como aquele encontrado na Selvagem Grande, a energia poupada pela cria devido à presença de um progenitor no ninho contrabalance o facto de apenas um progenitor estar em busca de alimento. Foi encontrado um declínio sazonal na duração de guarda de ninho (S=27207.14, r=-0.31, p <0.05), ou seja, quanto mais tarde as crias eclodiram, menos tempo os progenitores se mantiveram no ninho após a eclosão. Estes resultados suportam a hipótese da sincronia, indicando que este comportamento poderá ser utilizado como uma estratégia anti predatória pelos progenitores de Almas-Negras Foi também encontrada uma correlação entre o dia de nascimento das crias e a Massa 5 (t=3.07, df=48, r=0.41, p<0.01). Este resultado poderá ser também devido à fase lunar (devido aos mesmo motivos discutidos na primeira parte do trabalho), uma vez que a Massa 5 de crias nascidas em período de lua nova foi superior à das crias nascidas em período de lua cheia (t=-3.41, df=21.09, p<0.01). No entanto, uma vez que o período de eclosões foi apenas de 16 dias, este acontecimento poderá ser devido a outros factores que coincidiram por acaso com diferentes fases lunares. Para aprofundar a compreensão deste comportamento será necessário investiga-lo em anos diferentes, em colónias diferentes e em condições distintas, para perceber concretamente que fatores poderão influenciar o tempo de guarda de ninho e qual a sua finalidade. Este estudo permitiu concluir que o ciclo lunar influencia a alimentação das crias de Almas-negras da colónia das Ilhas Selvagens e que o comportamento de guarda de ninho poderá ter outra função que não apenas a de auxiliar a cria na manutenção da temperatura até atingir a homeotermia.The breeding ecology of the seabird Bulwer’s Petrel (Bulweria bulwerii) has been poorly studied, as well as factors and mechanisms underlying their breeding success. In this study two aspects of the reproductive ecology of the Bulwer’s Petrel colony of the Selvagem Grande Island, Madeiran Archipelago, were studied. This is one of the most important colonies of this species in the Atlantic. I aimed to understand whether the lunar cycle has an influence on chicks provisioning and to understand the importance of brood guarding behaviour for further understanding of the mechanisms underlying and controlling it. Daily chicks weight variation was used as a proxy of chick provisioning. Moon phase (percentage of the visible disk at midnight) negatively influenced the daily weight variation of chicks in both years, but only at the later stages of their development (30 to 60 days olds, in average). Also, when comparing the variation of the chicks weight between only new moon and full moon periods, a significant difference was found, for both years. These results show a clear influence of the lunar cycle in Bulwer’s Petrel chicks provisioning at least in one phase of their growth. This influence is probably due to less nest attendance by parents on moonlight nights to avoid predation, and/or to a reduction on prey availability around full moon, given that they prey upon zooplankton that performs daily vertical migrations, which are negatively influenced by moonlight. Brood-guarding duration had no effect on chicks mass at their fifth day after hatching (Mass5) or on chick survival; however a seasonal decline was found between hatching date of the chicks and brood guarding duration. Additionally, a correlation was also found between hatching date and Mass5. Mass5 of chicks born during new moon period was significantly different from Mass5 of chicks born outside this period. A seasonal decline in chicks brood-guarding duration supports that this might be an anti-predatory strategy to decrease chicks probability of being predated. Also, the lunar cycle seems to influence chick provisioning in the first days of their life during brood-guarding.Dias, Maria Ana Figueiredo Peixe, 1976-Rebelo, Rui Miguel Borges Sampaio e, 1969-Repositório da Universidade de LisboaPinto, Maria Gomes Ribeiro Teixeira, 1989-2014-01-29T18:19:56Z20132013-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/10359TID:201332884enginfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T15:55:48Zoai:repositorio.ul.pt:10451/10359Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:34:24.883947Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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