Estudo do efeito da carga cognitiva e da utilização de pistas diagnósticas na deteção da mentira na população reclusa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lourenço, Ana Raquel Quitério
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/25867
Resumo: A mentira pode ser descrita como uma falsificação deliberada da informação por parte do comunicador. É um ato consciente e intencional direcionado a outro sujeito. Vários métodos têm vindo a ser desenvolvidos com o objetivo de detetar a mentira, sendo um dos mais comuns a observação das pistas verbais e não verbais durante o ato de mentir. No entanto, estas pistas podem não ser diagnósticas da mentira, mas sim pistas baseadas em crenças populares, como por exemplo, o nervosismo. As pistas mais fidedignas, validadas pela literatura, parecem ser a falta de detalhe ou a plausibilidade do discurso. Um dos métodos utilizado ultimamente, sendo este o foco deste estudo, é baseado na abordagem cognitiva da deteção da mentira. Esta abordagem parte do princípio que mentir é cognitivamente mais exigente do que dizer a verdade. Ao ser aumentada a carga cognitiva através de uma outra tarefa cognitiva, mentir torna-se bastante difícil para o indivíduo devido à sobrecarga cognitiva provocada pela tarefa. Desta forma, o indivíduo pode mostrar sinais evidentes de excesso de carga cognitiva, expondo a mentira. O presente estudo teve como objetivo verificar se a realização de uma tarefa adicional (tarefa de Stroop modificado) durante a resposta a uma entrevista favorece o aumento de pistas de sobrecarga cognitiva que contribuam para uma maior precisão da deteção da mentira por parte de um observador. Outro objetivo foi igualmente compreender se a deteção da mentira era baseada em pistas não diagnósticas, ou seja, pistas baseadas em crenças populares (estereótipos). Neste estudo participaram 184 reclusos de diferentes estabelecimentos prisionais portugueses. A sua tarefa consistiu na visualização de diferentes vídeos (um por participante) e no preenchimento de um questionário sobre o vídeo, onde avaliavam quatro domínios (esforço mental, nervosismo, controlo do comportamento e dificuldade da tarefa) e classificavam o entrevistado do vídeo como inocente ou mentiroso. Os nossos resultados demonstraram que as situações em que é aumentada a carga cognitiva durante a entrevista não exercem influência na precisão da deteção da mentira, tendo sido esta globalmente baixa. Em parte, os reclusos parecem ter baseado a sua deteção da mentira em crenças populares, mas, na maioria das vezes, igualmente utilizaram pistas diagnósticas, como por exemplo o conteúdo do discurso. De modo geral, verificou-se que os vídeos onde é utilizada a técnica do aumento da carga cognitiva não contribuiu para melhorar a precisão da deteção da mentira ou da verdade. Contudo, através deste estudo demonstrouse que o nervosismo continua a ser utilizado como uma pista na deteção da mentira, todavia os reclusos igualmente utilizaram pistas diagnósticas validadas pela literatura, não tido estas influência na precisão
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Esta abordagem parte do princípio que mentir é cognitivamente mais exigente do que dizer a verdade. Ao ser aumentada a carga cognitiva através de uma outra tarefa cognitiva, mentir torna-se bastante difícil para o indivíduo devido à sobrecarga cognitiva provocada pela tarefa. Desta forma, o indivíduo pode mostrar sinais evidentes de excesso de carga cognitiva, expondo a mentira. O presente estudo teve como objetivo verificar se a realização de uma tarefa adicional (tarefa de Stroop modificado) durante a resposta a uma entrevista favorece o aumento de pistas de sobrecarga cognitiva que contribuam para uma maior precisão da deteção da mentira por parte de um observador. Outro objetivo foi igualmente compreender se a deteção da mentira era baseada em pistas não diagnósticas, ou seja, pistas baseadas em crenças populares (estereótipos). Neste estudo participaram 184 reclusos de diferentes estabelecimentos prisionais portugueses. A sua tarefa consistiu na visualização de diferentes vídeos (um por participante) e no preenchimento de um questionário sobre o vídeo, onde avaliavam quatro domínios (esforço mental, nervosismo, controlo do comportamento e dificuldade da tarefa) e classificavam o entrevistado do vídeo como inocente ou mentiroso. Os nossos resultados demonstraram que as situações em que é aumentada a carga cognitiva durante a entrevista não exercem influência na precisão da deteção da mentira, tendo sido esta globalmente baixa. Em parte, os reclusos parecem ter baseado a sua deteção da mentira em crenças populares, mas, na maioria das vezes, igualmente utilizaram pistas diagnósticas, como por exemplo o conteúdo do discurso. De modo geral, verificou-se que os vídeos onde é utilizada a técnica do aumento da carga cognitiva não contribuiu para melhorar a precisão da deteção da mentira ou da verdade. Contudo, através deste estudo demonstrouse que o nervosismo continua a ser utilizado como uma pista na deteção da mentira, todavia os reclusos igualmente utilizaram pistas diagnósticas validadas pela literatura, não tido estas influência na precisãoLying can be described as a deliberated falsification by the communicator. It’s a conscious and intentional act directed to another subject. Several methods have been developed with the purpose of detecting a lie being one of the most commonly methods used the observation of verbal and non-verbal cues during the act of lying. However, these clues may not be diagnostic, but cues based on popular beliefs, such as nervousness. The most reliable cues validated by the literature appear to be the lack of detail and speech plausibility. One of methods used lately, being this the focus of our study, is based on the cognitive approach in lie detection. The principle of this approach is that lying is cognitively more demanding than telling the truth. By raising the cognitive load through a cognitive task, lying becomes very difficult for the individual due to the cognitive overload raised by the task. In this way, the individual may show evident signs of cognitive overload, exposing the lie. The present study has as a main goal to verify if the execution of an additional task (modified Stroop task) during the answering of an interview will favor the increase of cognitive overload cues that can contribute for a better accuracy in lie detection by the observer. Another goal is also to comprehend if the lie detection was based on non-diagnostic cues, in other words, cues based on popular beliefs (stereotypes). In this study participated 184 prisoners from different Portuguese prisons. Their task was the visualization of different videos (one for participant) and filling out a questionnaire about the video, where they evaluated four domains (mental effort, nervousness, behavior control and task difficulty) and classified the interviewee from the video as innocent or liar. Our result showed that the situation where the cognitive load is increased do not exercise influence on the accuracy of lie detection, being generally low. In part, the prisoners appeared based their lie detection in popular beliefs but, most of the times, they also used diagnostic cues like speech content. Generally, it was verified that the videos where the cognitive load increase is utilized did not contributed to increase the accuracy of truth and lie detection. Nevertheless, through this study it was demonstrated that nervousness is still used as cue in lie detection, although prisoners also used diagnostic cues validated by the literature. These diagnostic cues did not influence the accuracy2021-01-04T00:00:00Z2018-12-20T00:00:00Z2018-12-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/25867TID:202236536porLourenço, Ana Raquel Quitérioinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:50:08Zoai:ria.ua.pt:10773/25867Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:59:01.142637Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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