Entre representação e realidade histórica : considerações sobre a configuração social da sociedade homérica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Neto, Félix Jácome
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10316/18461
Resumo: Dissertação de mestrado em Estudos Clássicos (Mundo Antigo) apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
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spelling Entre representação e realidade histórica : considerações sobre a configuração social da sociedade homéricaHomero, ca 850 a.C. -- obraCivilização gregaCivilização gregaDissertação de mestrado em Estudos Clássicos (Mundo Antigo) apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de CoimbraA tese hegemônica acerca das características principais da sociedade homérica sustenta que esta era uma sociedade tribal e socialmente igualitária. De uma parte, esta dissertação faz uma revisão crítica desta tese, de outra parte, apresenta evidências filológicas, literárias e históricas da presença de classes sociais nos Poemas Homéricas e na realidade histórica grega do século oitavo a.C. Do ponto de vista filológico, faz-se uma análise dos vocábulos que possuem conotação sociopolítica como agathos, esthlos, kakos, cheiron, e principalmente aphneios, o termo mais preciso usado por Homero para destacar a classe dominante e que é pouco comentado pelos defensores da sociedade homérica enquanto tribal. Do ponto de vista literário, recorre-se ao modelo teórico-metodológico do “Inconsciente Político” de Fredric Jameson junto com conceitos da Narratalogia para discutir a querela do Canto II da Ilíada entre Tersites, Agamémnon e Odisseu, dando ênfase ao modo pelo qual o narrador principal esvazia o caráter político da intervenção de Tersites como uma forma de resolver de maneira imaginária os conflitos sociais de outro modo insolúveis. Usando a base psicanalítica que o programa analítico de Jameson prõpoe, sustenta-se que o “Real” que está sendo suprimido pela resolução mágica dos conflitos na narrativa é justamente o antagonismo social advindo do agravamento da desigualdade social e da reemergência das classes sociais no decorrer do século oitavo de Homero. Assim, o surgimento de Tersites na narrativa é visto como um sintoma deste “Real”, quando os homens livres não-nobres rompem as estratégias ideológicas de contenção do elemento dissidente fabricadas pela visão de mundo aristocrata que controla o universo ficcional da epopeia. No que concerne ao aspecto histórico, é dado destaque ao impacto causado na sociedade grega por conta das mudanças estruturais advindas com o “Renascimento grego” do século oitavo, a fim de mostrar que uma das consequências deste processo histórico foi o agravamento da estratificação social entre “ricos” e “pobres”, que pode ser percebido nos Poemas Homéricos concebidos como fontes históricas deste período já classista da História da Grécia.La thèse hégémonique sur les caractéristiques principales de la société homérique soutient qu’il s’agissait d’une société tribale et socialement égalitaire. D'une part, cette dissertation fait une analyse critique de cette thèse, d'autre part, elle présente des preuves philologiques, historiques et littéraires de la présence des classes sociales dans les Poèmes Homériques et dans la réalité historique grecque du huitième siècle a.C. Du point de vue philologique, nous faisons une analyse des mots qui ont des connotations socio-politiques, comme agathos, esthlos, kakos, cheiron, et surtout aphneios, le terme plus précis utilisé par Homère pour mettre en évidence la classe sociale dominante et qui est peu discuté par les défenseurs de la société homérique tribale. Du point de vue littéraire, nous recourons au modèle théorique et méthodologique de «l'Inconscient Politique» de Fredric Jameson, ainsi que des concepts de la Narratologie pour discuter la querelle du deuxième Chant de l’Iliade entre Thersite, Ulysse et Agamemnon, en mettant l'accent sur la manière dont le narrateur principal vide la nature politique de l'intervention de Thersite comme un moyen de résoudre de forme imaginaire les conflits sociaux autrement insolubles. En utilisant la base psychanalytique que l'analyse du programme de Jameson propose, nous soutenons que le «Réel» qui est supprimé par la résolution magique des conflits dans le récit est précisément l'antagonisme social provenant de l'aggravation des inégalités sociales et de la réémergence des classes sociales au long du huitième siècle. Ainsi, l'émergence de Thersite dans le récit est vue comme un symptôme du «Réel», quand les hommes libres non nobles rompent les stratégies idéologiques de confinement de l'élément dissident fabriquées par la vision du monde aristocrate qui contrôle l'univers fictionnel de l'épopée. En ce qui concerne l'aspect historique, l'accent est mis sur l'impact des changements structurels dans la société grecque découlant de la «Renaissance grecque» du huitième siècle, pour montrer que l'une des conséquences de ce processus historique a été l'aggravation de la stratification sociale entre les «riches» et les «pauvres», visible dans les Poèmes Homériques conçus comme sources historiques de cette période déjà classiste de l'Histoire de la Grèce.2011info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10316/18461http://hdl.handle.net/10316/18461porNETO, Félix Jácome - Entre representação e realidade histórica : considerações sobre a configuração social da sociedade homérica. 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