Estudo da microbiota, resistências a antibióticos e ocorrência de biofilmes em feridas de equídeos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Estêvão, Catarina de Amorim
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/11080
Resumo: A prevalência de feridas traumáticas em equinos é considerada alta e representa uma significativa preocupação financeira e de bem-estar em equídeos no geral. A infeção é a causa mais frequente de atraso de cicatrização de feridas abertas em cavalos. O atraso na reparação de feridas causado por infeções é adicionalmente complicado pela formação de biofilmes nas feridas e pelo contínuo aumento observado da prevalência de resistências a antibióticos. O presente trabalho teve como objetivo o estudo da microbiota e resistências a antibióticos em feridas de equídeos, assim como a determinação do potencial de formação de biofilme de algumas das bactérias isoladas. Foram recolhidas 9 amostras microbiológicas de feridas agudas e crónicas de equídeos e obteve-se um total de 29 isolados bacterianos. Os isolados bacterianos obtidos foram identificados e determinou-se o seu perfil de suscetibilidade a antibióticos, através do aparelho automático Vitek® 2 Compact. Dos 29 isolados bacterianos obtidos, 76% corresponderam a espécies Gram-negativas. O género Staphylococcus foi o mais frequentemente isolado. Ao nível da espécie, Serratia marcescens, Escherichia coli e Staphylococcus aureus foram as espécies mais isoladas. Tanto quanto é do conhecimento da autora, Escherichia hermannii, Klebsiella oxytoca, Pseudomonas luteola, Methylobacterium spp., Kluyvera intermedia e Achromobacter denitrificans não foram até à data descritas como isoladas de feridas de equídeos. O teste de suscetibilidade a antibióticos dos isolados bacterianos revelou que, relativamente aos isolados Gram-negativos, as cefalosporinas de 1ª geração foram os antibióticos testados que apresentaram maiores percentagens de resistência (68% relativamente à cefalotina e 64% no que diz respeito à cefalexina). Foram obtidos dois isolados da espécie Pseudomonas aeruginosa resistentes a carbapenemos, nomeadamente ao imipenemo e/ou ertapenemo, antibióticos utilizados em ambiente hospitalar como último recurso em casos de infeções causadas por bactérias multirresistentes. Destacou-se também a presença de três isolados multirresistentes, da espécie Serratia marcescens, que se revelaram resistentes a antibióticos da classe dos aminoglicosídeos, nitrofuranos e b-lactâmicos. Tanto quanto é do conhecimento da autora, resistências à amicacina, cefalexina e cefovecina não foram, até ao momento, relatadas em amostras de Serratia marcescens provenientes de equídeos. Relativamente aos isolados Gram-positivos, apenas foram reconhecidas resistências, em dois isolados das espécies Staphylococcus aureus e Staphylococcus saprophyticus, à clindamicina e/ou à eritromicina. Um dos isolados Gram-positivos foi identificado como Staphylococcus aureus resistente à meticilina, bactérias cuja prevalência tem vindo a aumentar, revelando-se um problema importante de saúde pública. Foram selecionados quatro isolados recolhidos de uma ferida crónica com 21 dias de duração, no sentido de determinar o seu potencial de formação de biofilme. Todos estes isolados foram capazes de formar biofilme e verificou-se um aumento da densidade ótica quando se procedeu a 48 horas de incubação da microplaca em comparação com 24 horas de incubação, refletindo um aumento da biomassa e capacidade de formação de biofilme ao longo do tempo. Os resultados sugerem que o desenvolvimento de biofilmes poderá ter sido a causa de cronicidade da ferida deste animal e atraso do normal processo de cicatrização.
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Os isolados bacterianos obtidos foram identificados e determinou-se o seu perfil de suscetibilidade a antibióticos, através do aparelho automático Vitek® 2 Compact. Dos 29 isolados bacterianos obtidos, 76% corresponderam a espécies Gram-negativas. O género Staphylococcus foi o mais frequentemente isolado. Ao nível da espécie, Serratia marcescens, Escherichia coli e Staphylococcus aureus foram as espécies mais isoladas. Tanto quanto é do conhecimento da autora, Escherichia hermannii, Klebsiella oxytoca, Pseudomonas luteola, Methylobacterium spp., Kluyvera intermedia e Achromobacter denitrificans não foram até à data descritas como isoladas de feridas de equídeos. O teste de suscetibilidade a antibióticos dos isolados bacterianos revelou que, relativamente aos isolados Gram-negativos, as cefalosporinas de 1ª geração foram os antibióticos testados que apresentaram maiores percentagens de resistência (68% relativamente à cefalotina e 64% no que diz respeito à cefalexina). Foram obtidos dois isolados da espécie Pseudomonas aeruginosa resistentes a carbapenemos, nomeadamente ao imipenemo e/ou ertapenemo, antibióticos utilizados em ambiente hospitalar como último recurso em casos de infeções causadas por bactérias multirresistentes. Destacou-se também a presença de três isolados multirresistentes, da espécie Serratia marcescens, que se revelaram resistentes a antibióticos da classe dos aminoglicosídeos, nitrofuranos e b-lactâmicos. Tanto quanto é do conhecimento da autora, resistências à amicacina, cefalexina e cefovecina não foram, até ao momento, relatadas em amostras de Serratia marcescens provenientes de equídeos. Relativamente aos isolados Gram-positivos, apenas foram reconhecidas resistências, em dois isolados das espécies Staphylococcus aureus e Staphylococcus saprophyticus, à clindamicina e/ou à eritromicina. Um dos isolados Gram-positivos foi identificado como Staphylococcus aureus resistente à meticilina, bactérias cuja prevalência tem vindo a aumentar, revelando-se um problema importante de saúde pública. Foram selecionados quatro isolados recolhidos de uma ferida crónica com 21 dias de duração, no sentido de determinar o seu potencial de formação de biofilme. Todos estes isolados foram capazes de formar biofilme e verificou-se um aumento da densidade ótica quando se procedeu a 48 horas de incubação da microplaca em comparação com 24 horas de incubação, refletindo um aumento da biomassa e capacidade de formação de biofilme ao longo do tempo. Os resultados sugerem que o desenvolvimento de biofilmes poderá ter sido a causa de cronicidade da ferida deste animal e atraso do normal processo de cicatrização.The prevalence of traumatic wounds in horses is considered to be high and it represents a significant financial and welfare concern in all equidae in general. Infection is the most frequent cause of delayed healing of open wounds in horses. The delay in wound repair caused by infections is further complicated by the formation of biofilms in wounds and the observed continuous increase in the prevalence of antibiotic resistances. The present work aimed to study the microbiota and antibiotic resistances in equidae wounds, as well as to determine the biofilm forming potential of some of the bacteria isolated. Nine microbiological samples were collected from acute and chronic wounds of equidae and a total of 29 bacterial isolates were obtained. The bacterial isolates obtained were identified and their antibiotic susceptibility profile was determined using the automated equipment Vitek® 2 Compact. Of the total 29 bacterial isolates obtained, 76% consisted of Gram-negative species. Staphylococcus was the most commonly isolated genus. At the species level, Serratia marcescens, Escherichia coli and Staphylococcus aureus were the most isolated species. To the author's knowledge, Escherichia hermannii, Klebsiella oxytoca, Pseudomonas luteola, Methylobacterium spp., Kluyvera intermedia and Achromobacter denitrificans have so far not been described as isolated from equidae wounds. Antibiotic susceptibility testing of the bacterial isolates revealed that, concerning the Gramnegative isolates, first generation cephalosporins were the tested antibiotics that showed the highest percentages of resistance (68% for cephalothin and 64% regarding cephalexin). Two Pseudomonas aeruginosa isolates were found to be resistant to carbapenems, in particular imipenem and/or ertapenem, antibiotics used in hospitals as a last resort in cases of infections caused by multidrug-resistant bacteria. Three multidrug-resistant isolates, from the Serratia marcescens specie, were also detected, showing resistance to antibiotics of the aminoglycoside, nitrofuran and b-lactam classes. To the author's knowledge, resistances to amikacin, cephalexin and cefovecin have so far not been reported in samples of Serratia marcescens collected from equidae. Regarding the Gram-positive isolates, only resistances to clindamycin and/or erythromycin were recognized, in two Staphylococcus aureus and Staphylococcus saprophyticus isolates. One of the Gram-positive isolates was identified as methicillin-resistant Staphylococcus aureus, a bacteria whose prevalence has been increasing, posing an important public health concern. Four isolates collected from a 21-day old chronic wound were selected in order to determine their biofilm forming potential. All isolates were able to form biofilms and there was an increase in optical density when the microplate was incubated for 48 hours compared to 24 hours, reflecting an increase in biomass and biofilm formation ability over time. The results suggest that biofilm formation may have been the cause of chronicity of this animal’s wound and delay of the normal wound healing process.2022-03-15T15:27:09Z2021-12-10T00:00:00Z2021-12-10info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/11080TID:202927725porEstêvão, Catarina de Amoriminfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:48:05Zoai:repositorio.utad.pt:10348/11080Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:04:33.289647Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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