Carbapenemases em bacilos de Gram negativo: diversidade e impacto clínico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10284/6636 |
Resumo: | O aumento de bactérias resistentes a antibióticos envolvidas em doenças infeciosas é um dos temas mais preocupantes da atualidade. Em particular, tem sido alarmante o aumento de Enterobacteriaceae, Acinetobacter sp. e Pseudomonas sp. resistentes a antibióticos β-lactâmicos do grupo dos carbapenemos. A resistência aos carbapenemos em bacilos de Gram negativo está fundamentalmente associada a genes que codificam para carbapenemases, isto é, β-lactamases com capacidade para hidrólise sobre carbapenemos, inativando a sua ação. Atualmente existe uma grande diversidade de carbapenemases, existindo esquemas de classificação que facilitam o seu agrupamento de acordo com algumas características que partilham. Muitos dos genes que codificam para carbapenemases têm sido fundamentalmente associados a plasmídeos, o que contribui para a sua rápida disseminação entre diferentes grupos bacterianos e nichos (unidades de cuidados de saúde/comunidade). Adicionalmente, estes plasmídeos albergam também frequentemente genes de resistência a outras famílias de antibióticos (quinolonas, aminiglicosídeos, entre outros), conduzindo a fenótipos de MDR, XDR e PDR. Esta situação tem um impacto clínico assinalável, uma vez que fica não só comprometido o uso de antibióticos β-lactâmicos (muito eficazes e pouco tóxicos), mas também de antibióticos de outras famílias, no tratamento das infeções por bacilos de Gram negativo produtores de carbapenemases. A epidemiologia global de algumas espécies de bacilos de Gram negativo produtores de carbapenemases é hoje conhecida, embora existam diferenças geográficas assinaláveis. Nos últimos anos os isolados bacterianos produtores de carbapenemases têm-se disseminado globalmente, surgindo por isso uma preocupação cada vez maior face às elevadas taxas de morbilidade e mortalidade associadas. Trata-se de microrganismos associados a infeções nosocomiais graves, a elevadas taxas de mortalidade e de difícil tratamento, sendo muito escassas as opções terapêuticas eficazes. As evidências apontam que a medida mais eficaz no combate às infeções hospitalares é a higienização das mãos, sendo esta uma prática fundamental para a redução da disseminação da resistência bacteriana. Ao associar a isto medidas de limpeza e desinfeção de superfícies contribui-se de forma efetiva para evitar e minimizar o surgimento de reservatórios ambientais e fontes de infeção. Para evitar surtos hospitalares por estas bactérias podem ser feitos a rastreios de colonização intestinal. As bactérias produtoras de carbapenemases representam uma grande ameaça para a saúde humana em todo o mundo e constituem um dos problemas mais desafiadores para a contenção de doenças infeciosas nos próximos anos. Como alternativas terapêuticas para tratar infeções causadas por bactérias produtoras de carbapenemases restam as polimixinas (por exemplo, colistina) e a tigeciclina. As polimixinas permanecem ativas contra a maioria destes isolados multirresistentes, no entanto, já começam a surgir resistências à colistina decorrentes do aumento do seu uso. |
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Carbapenemases em bacilos de Gram negativo: diversidade e impacto clínicoAntibióticos β-lactâmicosResistência a carbapenemosβ-lactamasesCarbapenemasesMetalo-β-lactamasesEnterobacteriaceaePseudomonas aeruginosaAcinetobacter sp.β-lactam antibioticsCarbapenems resistanceβ-lactamasesCarbapenemasesMetallo-β-lactamasesEnterobacteriaceaePseudomonas aeruginosaAcinetobacter sp.Domínio/Área Científica::Ciências Médicas::Medicina BásicaO aumento de bactérias resistentes a antibióticos envolvidas em doenças infeciosas é um dos temas mais preocupantes da atualidade. Em particular, tem sido alarmante o aumento de Enterobacteriaceae, Acinetobacter sp. e Pseudomonas sp. resistentes a antibióticos β-lactâmicos do grupo dos carbapenemos. A resistência aos carbapenemos em bacilos de Gram negativo está fundamentalmente associada a genes que codificam para carbapenemases, isto é, β-lactamases com capacidade para hidrólise sobre carbapenemos, inativando a sua ação. Atualmente existe uma grande diversidade de carbapenemases, existindo esquemas de classificação que facilitam o seu agrupamento de acordo com algumas características que partilham. Muitos dos genes que codificam para carbapenemases têm sido fundamentalmente associados a plasmídeos, o que contribui para a sua rápida disseminação entre diferentes grupos bacterianos e nichos (unidades de cuidados de saúde/comunidade). Adicionalmente, estes plasmídeos albergam também frequentemente genes de resistência a outras famílias de antibióticos (quinolonas, aminiglicosídeos, entre outros), conduzindo a fenótipos de MDR, XDR e PDR. Esta situação tem um impacto clínico assinalável, uma vez que fica não só comprometido o uso de antibióticos β-lactâmicos (muito eficazes e pouco tóxicos), mas também de antibióticos de outras famílias, no tratamento das infeções por bacilos de Gram negativo produtores de carbapenemases. A epidemiologia global de algumas espécies de bacilos de Gram negativo produtores de carbapenemases é hoje conhecida, embora existam diferenças geográficas assinaláveis. Nos últimos anos os isolados bacterianos produtores de carbapenemases têm-se disseminado globalmente, surgindo por isso uma preocupação cada vez maior face às elevadas taxas de morbilidade e mortalidade associadas. Trata-se de microrganismos associados a infeções nosocomiais graves, a elevadas taxas de mortalidade e de difícil tratamento, sendo muito escassas as opções terapêuticas eficazes. As evidências apontam que a medida mais eficaz no combate às infeções hospitalares é a higienização das mãos, sendo esta uma prática fundamental para a redução da disseminação da resistência bacteriana. Ao associar a isto medidas de limpeza e desinfeção de superfícies contribui-se de forma efetiva para evitar e minimizar o surgimento de reservatórios ambientais e fontes de infeção. Para evitar surtos hospitalares por estas bactérias podem ser feitos a rastreios de colonização intestinal. As bactérias produtoras de carbapenemases representam uma grande ameaça para a saúde humana em todo o mundo e constituem um dos problemas mais desafiadores para a contenção de doenças infeciosas nos próximos anos. Como alternativas terapêuticas para tratar infeções causadas por bactérias produtoras de carbapenemases restam as polimixinas (por exemplo, colistina) e a tigeciclina. As polimixinas permanecem ativas contra a maioria destes isolados multirresistentes, no entanto, já começam a surgir resistências à colistina decorrentes do aumento do seu uso.The increase of antibiotic resistant bacteria involved in infectious diseases is one of the most worrying issues today. In particular, it has been alarming the increase of Enterobacteriaceae, Acinetobacter sp. and Pseudomonas sp. resistant to β-lactam antibiotics of the carbapenem group. Resistance to carbapenems in Gram-negative bacilli is mainly associated with genes encoding carbapenemases, that is, β-lactamases capable of hydrolysis over carbapenems, inactivating their action. Currently there is a great diversity of carbapenemases, and some classification schemes were created to facilitate their grouping according to some characteristics that they share. Many of the genes encoding carbapenemases have been associated with plasmids, contributing to their rapid spread between different bacterial groups and niches (health care / community units). In addition, these plasmids also frequently harbor resistance genes to other families of antibiotics (quinolones, aminoglycosides, amongst others), leading to MDR, XDR and PDR phenotypes. This situation has a remarkable clinical impact, since not only the use of β-lactam antibiotics (very effective and not very toxic), but also antibiotics of other families, is compromised in the treatment of the infections by carbapenemase-producing Gram-negative bacilli. The global epidemiology of some species of Gram-negative bacilli producing carbapenemases is now known, although there are marked geographical differences. In recent years, bacterial isolates producing carbapenemases have spread globally, resulting in increasing concern about the high rates of morbidity and mortality. These are microorganisms associated with serious nosocomial infections, with high mortality rates and difficult to treat, with very few effective treatment options. The evidence indicates that the most effective measure in the fight against hospital infections is hand hygiene, a key practice in reducing the spread of bacterial resistance. By associating with this, measures of cleaning and disinfection of surfaces contribute in an effective way to avoid and minimize the appearance of environmental reservoirs and sources of infection. To prevent hospital outbreaks by these bactéria, intestinal colonization screenings can be done. Carbapenemases pose a major threat to human health throughout the world and are one of the most challenging problems for the containment of infectious diseases in the coming years. Therapeutic alternatives for treating infections caused by carbapenemase-producing bacteria include polymyxin (for example, colistin) and tigecycline. Polymyxins remain active against most of these multiresistant isolates; however, resistance to colistin has begun to emerge due to increased use.Machado, ElisabeteRepositório Institucional da Universidade Fernando PessoaGomes, Joana Raquel Almeida2018-05-07T16:14:57Z2017-11-062017-11-06T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10284/6636TID:202668339porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-04-18T02:01:31Zoai:bdigital.ufp.pt:10284/6636Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:43:32.175835Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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