O detalhe fora da vista: as torres da Catedral de Ruão
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.2/11919 |
Resumo: | O detalhe pode assumir várias dimensões, entre o pormenor, uma parte num todo, um fragmento, elemento mínimo, marginal, liminar, passando pelo carácter de elemento autónomo, simbólico, significante, dispositivo modificador, até de um acaso, ou insignificância ou, pelo contrário, de um exagero formal. O nome detalhe reveste-se de uma extraordinária polissemia, aplicando-se a um vasto conjunto de situações, pelo que os detalhes, no contexto da história da arte e da estética, não serão todos iguais, no que cumpre ao discurso, intenção, significação e carácter, não surgirão pelos mesmos motivos, não possuem a mesma força expressiva, nem devem ler-se segundo modelos de interpretação generalistas. A compleição do detalhe dificulta a objectividade e a fluidez da análise, e, sobretudo, a construção de narrativas limpas e acabadas. Estudar o detalhe pode, por tudo, constituir-se como uma tarefa que origina discursos fragmentários. Depois de uma introdução teórica ao detalhe, na espessura das suas dimensões, traz-se à discussão o caso das encomendas das três torres da Catedral de Ruão (Normandia, França): a torre de Saint-Romain, a torre da Manteiga, e a idealização da agulha sobre a torre do cruzeiro. Estas edificações foram criticadas pela encomenda devido ao detalhe excessivo e ao talhe demorado e minucioso da pedra para obras fora da vista. O último trabalho, tido como o apogeu do detalhe, não chegaria a edificar-se. A questão por resolver relaciona-se com os justos motivos que levaram às duras críticas dos comitentes e com a resistência empreendida pelos artistas, defendendo o detalhe mesmo perigando os seus trabalhos. |
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O detalhe fora da vista: as torres da Catedral de RuãoThe detail out of sight: the towers of Rouen's CathedralDetalheEsculturaCatedralRuãoInvisibilidadeDetailSculptureRouenCathedralInvisibilityODS::01:Erradicar a PobrezaODS::05:Igualdade de GéneroODS::10:Reduzir as DesigualdadesODS::16:Paz, Justiça e Instituições EficazesODS::17:Parcerias para a Implementação dos ObjetivosO detalhe pode assumir várias dimensões, entre o pormenor, uma parte num todo, um fragmento, elemento mínimo, marginal, liminar, passando pelo carácter de elemento autónomo, simbólico, significante, dispositivo modificador, até de um acaso, ou insignificância ou, pelo contrário, de um exagero formal. O nome detalhe reveste-se de uma extraordinária polissemia, aplicando-se a um vasto conjunto de situações, pelo que os detalhes, no contexto da história da arte e da estética, não serão todos iguais, no que cumpre ao discurso, intenção, significação e carácter, não surgirão pelos mesmos motivos, não possuem a mesma força expressiva, nem devem ler-se segundo modelos de interpretação generalistas. A compleição do detalhe dificulta a objectividade e a fluidez da análise, e, sobretudo, a construção de narrativas limpas e acabadas. Estudar o detalhe pode, por tudo, constituir-se como uma tarefa que origina discursos fragmentários. Depois de uma introdução teórica ao detalhe, na espessura das suas dimensões, traz-se à discussão o caso das encomendas das três torres da Catedral de Ruão (Normandia, França): a torre de Saint-Romain, a torre da Manteiga, e a idealização da agulha sobre a torre do cruzeiro. Estas edificações foram criticadas pela encomenda devido ao detalhe excessivo e ao talhe demorado e minucioso da pedra para obras fora da vista. O último trabalho, tido como o apogeu do detalhe, não chegaria a edificar-se. A questão por resolver relaciona-se com os justos motivos que levaram às duras críticas dos comitentes e com a resistência empreendida pelos artistas, defendendo o detalhe mesmo perigando os seus trabalhos.The detail can assume several dimensions, between particularities, parts in a whole, fragments, minimal, marginal and liminal elements, to the character of an autonomous, symbolic, and a significant element, a modifying device, even a random or insignificant occurrence or, on the contrary, a formal overstatement. The term detail has an extraordinary polysemy, applying to a great kind of situations, therefore details, in the context of the history of art and aesthetics, will not all be the same, in terms of discourse, intention, meaning and character; they will not arise for the same reasons; won’t have the same expressive force, nor should be read according to generalist models of interpretation. The complexion of the detail hinders the objectivity and fluidity of the analysis, and, above all, the construction of clean and finished narratives. Studying the detail can, by all means, constitute by itself a labour that originates fragmentary speeches.After a theoretical introduction regarding the detail, in the density of its dimensions, we will analyse the case of the order of the three towers of Rouen’s cathedral (Normandy, France): the Saint-Romain, the Manteiga, and the idealization of the spire over the cruise tower. The towers were criticized by the incumbents due to their excessive detail and the meticulous and time-consuming cutting of the stone for works out of sight. The last work, considered the pinnacle of detail, would never be built.The unresolved issue is related to the just reasons for the harsh criticisms from the cathedral chapter which lead to the resistance undertaken by the artists, who defended the detail even at the risk of their work.Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Centro de ArtesRepositório AbertoGonçalves, Carla Alexandra2022-05-03T13:03:48Z2022-05-012022-05-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.2/11919porhttp://dx.doi.org/10.5965/2175234614332022014info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-16T15:40:46Zoai:repositorioaberto.uab.pt:10400.2/11919Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:51:16.478802Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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