O eco-sindicalismo como contributo para a superação da crise do movimento sindical

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marques Alves, P.
Data de Publicação: 2023
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10071/31153
Resumo: A crise sindical constitui atualmente uma característica dominante à escala internacional e os sindicatos só muito tardiamente enfrentaram a situação, implementando várias ações, sem que tenham conseguido obter resultados relevantes. Numa época em que as questões ecológicas se tornaram centrais, abordaremos nesta comunicação a adoção pelo sindicalismo de uma perspetiva eco-sindicalista. Esta, não é uma proposta recente, consistindo numa articulação da luta sindical com a ecológica, podendo constituir (mais) um contributo para a superação da crise. A articulação entre sindicalismo e ecologia tem sido detetada na América do Norte, na Austrália ou na Europa. Parte-se da premissa de uma “ecology of freedom”, para citar o título de um dos livros de Murray Bookchin (1982), perseguindo-se uma perspetiva de “green unionism” significando a defesa de um “class struggle environmental unionism”. O nosso objetivo é compreender como é que as várias correntes do movimento sindical em Portugal se posicionam perante esta perspetiva e quais são as suas propostas neste domínio. Seguimos uma metodologia qualitativa, tendo procedido a uma análise dos principais documentos – estatutos, relatórios de atividades e programas de ação – emanados dos congressos da CGTP-IN e da UGT. Retivemos igualmente a informação contida nos seus websites, bem como os estatutos e os conteúdos do website da USI. A abordagem é simultaneamente diacrónica e sincrónica. Diacrónica, no caso dos documentos congressuais e dos estatutos da CGTP-IN e da UGT, remontando a análise aos seus primeiros congressos; sincrónica no que se refere aos estatutos e documento programático da USI e aos websites das três confederações. É certo que muitas confederações vêm acolhendo nos seus documentos referências às questões ecológicas. A CGTP-IN e a UGT são disso exemplo, o mesmo não se passando com a USI. Mas, quando as abordam, não o fazem numa perspetiva eco-sindicalista, a qual tem como premissa fundamental a articulação das lutas laborais com as ecológicas A revitalização sindical passa também por os sindicatos acolherem estas matérias na sua ação – e não só na sua retórica –, quer tomando nas suas mãos a luta ecológica quer estabelecendo alianças e coligações com movimentos sociais neste campo. No fundo, passa pela emergência de um sindicalismo orientado para uma intervenção cidadã global. Optando por uma estratégia radicalmente transformadora, onde se insere a assunção da perspetiva eco-sindicalista, a forma sindical revitalizar-se-á e será portadora de futuro, pois o empenhamento na causa ecológica pode constituir uma via para os sindicatos alargarem a sua influência social, nomeadamente entre os jovens, e refutarem a acusação de corporativismo.
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