Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rego, Carla
Data de Publicação: 2014
Outros Autores: Ganhão, Carla, Sinde, Susana, Silva, Diana, Aguiar, Álvaro, Guerra, António
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25754/pjp.2003.5131
Resumo: Introdução: A obesidade é a doença crónica mais difícil e frustrante de tratar. A manutenção de um estado nutricional que reduza a comorbilidade sem comprometer o crescimento é o principal objectivo da intervenção terapêutica. A exigência da modificação de comportamentos individuais, familiares e sociais que implica, torna muito difícil a adesão a uma consulta de obesidade. É objectivo do presente trabalho avaliar o resultado da intervenção terapêutica durante 36 meses em crianças e adolescentes com obesidade nutricional, seguidos em consulta de especialidade. População e métodos: Foram estudadas 138 crianças e adolescentes seguidas em Consulta de Nutrição por obesidade por um período igual ou superior a 36 meses. Tendo por base o protocolo seguido, procedeu-se à avaliação do índice de massa corporal (IMC) (Frisancho), do grau de obesidade, da percentagem de massa gorda por impedância bioeléctrica e do tipo de obesidade (perímetro da cintura/ perímetro da anca) na observação inicial e aos 6, 12, 18, 24 e 36 meses. O IMC dos progenitores foi obtido por inquérito. Foram definidos intervalos para a idade cronológica de início da doença (53, >357, >7511, >11 anos) e para a duração da doença (52, >2.55, >5 anos). Uma redução do Z-score do IMC entre O e 0,6 ou superior a 0,6 foi considerada respectivamente como sucesso relativo e absoluto da intervenção. Os resultados aos 36 meses são definidos como critério de estabilidade, e quando positivos, considerados como resultados de eficácia a longo prazo. Resultados: Não se observa diferença na distribuição da população por sexos (M= 54,3%; F= 45,7%). A idade média da primeira observação é de 10,6 anos (min= 3,2; máx= 17,8). Observa-se um predomínio da obesidade grau 3, independentemente do sexo (M= 93,3%; F= 71,6%), com valores de Z-score de IMC significativamente superiores para o sexo masculino (p< 0,05). Mais de metade da população iniciou a obesidade antes dos 3 anos de idade (53,5%) e apresentava na primeira avaliação um tempo de duração da doença superior a 5 anos (55,1%). À excepção dos adolescentes, todos os grupos etários registam, ao longo da intervenção, uma descida significativa do Z-score IMC (p< 0,01), registando-se aos 36 meses uma redução de mais de 0,6 no Z-score IMC em 100% das crianças dos grupos com idade inferior ou igual a 7 anos e em 63% das crianças do grupo >75 11 anos. À data da avaliação final a taxa de abandono é de 50%, 44,9% e 61% respectivamente para os grupos de crianças pré-escolares, escolares e adolescentes. Conclusões: Os autores consideram os resultados da intervenção terapêutica globalmente satisfatórios e estáveis, particularmente para as crianças em idade préescolar e escolar. A elevada taxa de abandono e os piores resultados nos adolescentes sublinham a dificuldade da intervenção terapêutica, particularmente a partir do final da infância. Estes resultados reforçam a importância da prevenção da obesidade, e a necessidade da intervenção o mais precoce possível, uma vez feito o diagnóstico.
id RCAP_21d0b2705685d28ecbf2c3e7c5f59df1
oai_identifier_str oai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/5131
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 MesesOriginal articlesIntrodução: A obesidade é a doença crónica mais difícil e frustrante de tratar. A manutenção de um estado nutricional que reduza a comorbilidade sem comprometer o crescimento é o principal objectivo da intervenção terapêutica. A exigência da modificação de comportamentos individuais, familiares e sociais que implica, torna muito difícil a adesão a uma consulta de obesidade. É objectivo do presente trabalho avaliar o resultado da intervenção terapêutica durante 36 meses em crianças e adolescentes com obesidade nutricional, seguidos em consulta de especialidade. População e métodos: Foram estudadas 138 crianças e adolescentes seguidas em Consulta de Nutrição por obesidade por um período igual ou superior a 36 meses. Tendo por base o protocolo seguido, procedeu-se à avaliação do índice de massa corporal (IMC) (Frisancho), do grau de obesidade, da percentagem de massa gorda por impedância bioeléctrica e do tipo de obesidade (perímetro da cintura/ perímetro da anca) na observação inicial e aos 6, 12, 18, 24 e 36 meses. O IMC dos progenitores foi obtido por inquérito. Foram definidos intervalos para a idade cronológica de início da doença (53, >357, >7511, >11 anos) e para a duração da doença (52, >2.55, >5 anos). Uma redução do Z-score do IMC entre O e 0,6 ou superior a 0,6 foi considerada respectivamente como sucesso relativo e absoluto da intervenção. Os resultados aos 36 meses são definidos como critério de estabilidade, e quando positivos, considerados como resultados de eficácia a longo prazo. Resultados: Não se observa diferença na distribuição da população por sexos (M= 54,3%; F= 45,7%). A idade média da primeira observação é de 10,6 anos (min= 3,2; máx= 17,8). Observa-se um predomínio da obesidade grau 3, independentemente do sexo (M= 93,3%; F= 71,6%), com valores de Z-score de IMC significativamente superiores para o sexo masculino (p< 0,05). Mais de metade da população iniciou a obesidade antes dos 3 anos de idade (53,5%) e apresentava na primeira avaliação um tempo de duração da doença superior a 5 anos (55,1%). À excepção dos adolescentes, todos os grupos etários registam, ao longo da intervenção, uma descida significativa do Z-score IMC (p< 0,01), registando-se aos 36 meses uma redução de mais de 0,6 no Z-score IMC em 100% das crianças dos grupos com idade inferior ou igual a 7 anos e em 63% das crianças do grupo >75 11 anos. À data da avaliação final a taxa de abandono é de 50%, 44,9% e 61% respectivamente para os grupos de crianças pré-escolares, escolares e adolescentes. Conclusões: Os autores consideram os resultados da intervenção terapêutica globalmente satisfatórios e estáveis, particularmente para as crianças em idade préescolar e escolar. A elevada taxa de abandono e os piores resultados nos adolescentes sublinham a dificuldade da intervenção terapêutica, particularmente a partir do final da infância. Estes resultados reforçam a importância da prevenção da obesidade, e a necessidade da intervenção o mais precoce possível, uma vez feito o diagnóstico.Sociedade Portuguesa de Pediatria2014-09-16info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25754/pjp.2003.5131por2184-44532184-3333Rego, CarlaGanhão, CarlaSinde, SusanaSilva, DianaAguiar, ÁlvaroGuerra, Antónioinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-08-03T02:55:30Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/5131Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:24:41.049613Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
title Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
spellingShingle Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
Rego, Carla
Original articles
title_short Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
title_full Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
title_fullStr Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
title_full_unstemmed Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
title_sort Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses
author Rego, Carla
author_facet Rego, Carla
Ganhão, Carla
Sinde, Susana
Silva, Diana
Aguiar, Álvaro
Guerra, António
author_role author
author2 Ganhão, Carla
Sinde, Susana
Silva, Diana
Aguiar, Álvaro
Guerra, António
author2_role author
author
author
author
author
dc.contributor.author.fl_str_mv Rego, Carla
Ganhão, Carla
Sinde, Susana
Silva, Diana
Aguiar, Álvaro
Guerra, António
dc.subject.por.fl_str_mv Original articles
topic Original articles
description Introdução: A obesidade é a doença crónica mais difícil e frustrante de tratar. A manutenção de um estado nutricional que reduza a comorbilidade sem comprometer o crescimento é o principal objectivo da intervenção terapêutica. A exigência da modificação de comportamentos individuais, familiares e sociais que implica, torna muito difícil a adesão a uma consulta de obesidade. É objectivo do presente trabalho avaliar o resultado da intervenção terapêutica durante 36 meses em crianças e adolescentes com obesidade nutricional, seguidos em consulta de especialidade. População e métodos: Foram estudadas 138 crianças e adolescentes seguidas em Consulta de Nutrição por obesidade por um período igual ou superior a 36 meses. Tendo por base o protocolo seguido, procedeu-se à avaliação do índice de massa corporal (IMC) (Frisancho), do grau de obesidade, da percentagem de massa gorda por impedância bioeléctrica e do tipo de obesidade (perímetro da cintura/ perímetro da anca) na observação inicial e aos 6, 12, 18, 24 e 36 meses. O IMC dos progenitores foi obtido por inquérito. Foram definidos intervalos para a idade cronológica de início da doença (53, >357, >7511, >11 anos) e para a duração da doença (52, >2.55, >5 anos). Uma redução do Z-score do IMC entre O e 0,6 ou superior a 0,6 foi considerada respectivamente como sucesso relativo e absoluto da intervenção. Os resultados aos 36 meses são definidos como critério de estabilidade, e quando positivos, considerados como resultados de eficácia a longo prazo. Resultados: Não se observa diferença na distribuição da população por sexos (M= 54,3%; F= 45,7%). A idade média da primeira observação é de 10,6 anos (min= 3,2; máx= 17,8). Observa-se um predomínio da obesidade grau 3, independentemente do sexo (M= 93,3%; F= 71,6%), com valores de Z-score de IMC significativamente superiores para o sexo masculino (p< 0,05). Mais de metade da população iniciou a obesidade antes dos 3 anos de idade (53,5%) e apresentava na primeira avaliação um tempo de duração da doença superior a 5 anos (55,1%). À excepção dos adolescentes, todos os grupos etários registam, ao longo da intervenção, uma descida significativa do Z-score IMC (p< 0,01), registando-se aos 36 meses uma redução de mais de 0,6 no Z-score IMC em 100% das crianças dos grupos com idade inferior ou igual a 7 anos e em 63% das crianças do grupo >75 11 anos. À data da avaliação final a taxa de abandono é de 50%, 44,9% e 61% respectivamente para os grupos de crianças pré-escolares, escolares e adolescentes. Conclusões: Os autores consideram os resultados da intervenção terapêutica globalmente satisfatórios e estáveis, particularmente para as crianças em idade préescolar e escolar. A elevada taxa de abandono e os piores resultados nos adolescentes sublinham a dificuldade da intervenção terapêutica, particularmente a partir do final da infância. Estes resultados reforçam a importância da prevenção da obesidade, e a necessidade da intervenção o mais precoce possível, uma vez feito o diagnóstico.
publishDate 2014
dc.date.none.fl_str_mv 2014-09-16
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.25754/pjp.2003.5131
url https://doi.org/10.25754/pjp.2003.5131
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 2184-4453
2184-3333
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Sociedade Portuguesa de Pediatria
publisher.none.fl_str_mv Sociedade Portuguesa de Pediatria
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799133517994524672