Governo e salvação do corpo : a lenta inflexão do discurso da salvação
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10437/8537 |
Resumo: | Neste artigo, pretende-se analisar a forma como o aparecimento do Estado moderno veio colocar o problema do capital-vida, conduzindo à magna questão da salvação do corpo como uma das suas preocupações e uma das suas metas. Interessa-nos sobretudo saber como se deu início à operação de salvação do corpo, partindo do pressuposto que a formação do Estado e do governo visam, em última análise, conservar todos os membros da sociedade. A compreensão deste problema passa pela ideia da governamentalidade, conceito que expressa o trajecto intelectual de Foucault e que contém, por sua vez, o conceito de biopoder que toma forma com a ideia de biopolítica da população e com a anatomia política do corpo. Ao contrário da cura das almas o cuidar do corpo insere-se num certo uso terapêutico que exige novas competências. Procura-se fugir da doença porque agora valoriza-se não o sofrimento mas o bem-estar (salvação do corpo). A saúde passa a ser a chave de acesso aos prazeres e não o desejo de penitência que sacralizava o sofrimento. A nova relação saúde-doença, veio colocar a necessidade de salvar o corpo, uma vez que a antiga retórica religiosa da redenção é agora substituída por um discurso laico se bem que o auto-controlo e a reflexividade, enquanto espaços de gestão da liberdade individual, façam também parte integrante do governo de salvação. A sociedade salva-se na medida em que souber salvar o corpo. |
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