Contributo para uma perspectiva histórica das confrarias/irmandades e devoções marítimas em Sesimbra. O Culto às Chagas de Cristo.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Conceição, Cristina Rosa Costa da
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11144/638
Resumo: A localização geográfica da região de Sesimbra impôs-lhe características próprias e suscitou o aparecimento de diversos cultos desde tempos ancestrais. Tal como na maior parte do país, também aqui a devoção a Santa Maria encontra-se estreitamente ligada à reconquista cristã, sendo vários os cultos e os templos de invocação mariana, alguns deles ligados diretamente à vocação marítima da comunidade sesimbrense. Mas se a região foi sempre maioritariamente mariana, a partir do século XVI regista-se o início do culto a Cristo, e será dentro da temática cristológica que surge a devoção ao Senhor Jesus das Chagas, ponto de partida para todo este trabalho de recolha das devoções marítimas de Sesimbra. Mas os cultos encontrados não são apenas marianos ou cristológicos. Outros templos com evocações de santos encontram-se por toda a região, e testemunham passagens sociais e históricas importantes das crenças locais, muitas delas relacionadas com flagelos naturais, alguns surgidos por mar, e que refletem os receios de uma população castrense, que aos poucos foi abandonando a segurança de uma vila muralhada para se dedicar a diversas atividades ligadas ao mar. Muitas devoções deram origem a confrarias ou irmandades, algumas direcionadas para os ofícios, como foi o caso da Irmandade do Espírito Santo/Corpo Santo, e espirituais, as quais possibilitaram além da ajuda espiritual, também o apoio assistencial e caritativo. O território sesimbrense pela sua localização era certamente apetecível para ataques por terra e por mar, o que fomentou a existência de outro tipo de devoções direta ou indiretamente ligadas ao resgate de cativos, nomeadamente a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe. A este propósito é de registar a notável ação da Ordem da Santíssima Trindade da Redenção dos Cativos na região de Sesimbra, bem como o número de locais resgatados no Norte de África. Mas se estas devoções deixaram registos na documentação escrita, há uma que se evidenciou, a devoção às Chagas de Cristo, tema principal do nosso trabalho. Foi um dos cultos mais populares no período tardio da Europa medieval, que se desenvolveu em outros locais nacionais, sendo que em Lisboa e em Setúbal, esteve relacionado, tal como em Sesimbra, com a vocação marítima. O estudo do culto das Chagas de Cristo em Sesimbra é importante do ponto de vista do estudo da própria comunidade piscatória. Ele é o símbolo da identidade coletiva do povo de Sesimbra, onde a memória do passado permanece e se junta à tradição do presente, que teima em guardar o que de mais genuíno tem nas suas crenças.
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